Aqueles exemplares do sexo masculino à moda antiga, que reinavam antes do advento da era dos metrossexuais, estão reagindo. Já se organizam em grupos e criam um movimento anti-frescuras – assunto debatido, obviamente, em mesas de boteco. Mark Simpson, o mesmo jornalista inglês que inventou o adjetivo “metrossexual” para designar os homens preocupados com estética e tendências da moda cunhou recentemente o termo “retrossexual” para identificar seres que resistem cultivando valores tidos como primitivos na atual sociedade: aparência tosca, liberdade para falar palavrões, barba por fazer e assim por diante. Em resumo, os rapazes querem de volta o alvará que lhes permite exercer comportamentos típicos de um macho rude.
“Sem essa de ‘homem sensível’. A gente quer ser pedreiro à vontade”, sentencia Benito Maeso, líder do movimento “Caracu com Ovo”. A bebida, ícone de caminhoneiros e ogros em geral, dá nome a uma comunidade criada por Benito há um ano no Orkut, que já conta com 350 membros.
As regras são as seguintes: “Chega de fru-fru, dessa história de metrossexual. Aqui é a casa dos pedreiros, caminhoneiros, borracheiros, ou seja, coisa de macho de verdade! Cantadas toscas, porção de calabresa, medalhão no peito, camisa desabotoada e ray-ban de camelô… se debaixo dessa imagem de sofisticado, você sempre quis fazer isso, aqui é o seu lugar.” Mas atenção, rapazes. Antes de sair por aí cuspindo, com o cabelo ensebado e sapato fora de moda, é bom saber que em pleno século 21 as coisas são um pouco mais complicadas.
Benito Maeso, por exemplo, está longe de ser uma pessoa tosca. Aos 32 anos, é casado, tem um filho e ganha a vida como publicitário. Tem mais: estuda filosofia, lê muito e nem quer saber de ser “retrossexual”. “A gente quer é ser livre, sem rótulo disso ou daquilo. O metrossexual foi inventado para a indústria cosmética vender mais produtos para os homens”, decreta. Rápido no gatilho, como um bom ogro esclarecido.
