Comportamento

Carolina Kirchner Furquim, especial

Augusto Cury fala em Curitiba sobre síndrome do pensamento acelerado

Carolina Kirchner Furquim, especial
09/08/2016 22:01
Thumbnail

O psiquiatra e escritor Augusto Cury, durante entrevista para o Viver Bem (Foto: Alison Martins/Gazeta do Povo)

Em Curitiba para lançar seu novo livro, “Ansiedade 2 – Autocontrole”, durante palestra promovida pela Menthes e pela escola O Pequeno Polegar, o psiquiatra e escritor Augusto Cury, fenômeno do mercado editorial, concedeu entrevista exclusiva ao Viver Bem nesta terça-feira, 9/8. Cury abordou diferentes aspectos para a manutenção de uma vida emocional saudável e plena, com foco na Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA), uma variação importante dos transtornos de ansiedade e cada vez mais comum na sociedade moderna. Confira alguns trechos desta entrevista:
Sintomas
Entre os sintomas característicos da SPA estão dores de cabeça e musculares, sofrimento por antecipação (tratado pelo psiquiatra como um “velório antes do tempo”), acordar cansado e dificuldade em conviver com pessoas lentas. “Toda pessoa rápida quer acelerar os demais”, explica. Ele também relaciona o déficit de concentração entre sinais reveladores de SPA. “Quanto mais a mente está agitada, menos as pessoas conseguem captar as informações que estão sendo transmitidas. É aquela sensação de ler uma página e não entender nada. Isso acontece porque a informação de fora concorreu com o pensamento acelerado, ou seja, com a informação de dentro”, explica.
O déficit de memória ou esquecimento também caracteriza uma mente agitada, tensa e ansiosa. “As pessoas estão esgotando o cérebro e ele reage instintivamente, bloqueando os campos da memória para evitar que se pense demais e se gaste muita energia emocional”, continua.
Nas crianças
Segundo Cury, a SPA é uma condição que acomete pessoas nas mais variadas faixas etárias, com destaque para as crianças e adolescentes. “Se fizermos um teste de qualidade de vida dos alunos nas escolas, é surpreendente a incidência de transtornos do sono. De 30% a 50% das crianças e adolescentes acordam de madrugada tão agitados, que não conseguem ter um sono profundo. Além disso, quando o sono é superficial, vão direto para seus celulares e redes sociais. Essa aceleração vai cobrar sintomas psicossomáticos ao longo de toda a vida, como baixo limiar para frustração, capacidade reduzida de contemplar o belo e dificuldades de se colocar no lugar do outro e de pensar antes de reagir”.
Cury também afirma que uma em cada duas pessoas, ao longo da vida, terá chances de desenvolver transtornos psiquiátricos. “Isso representa mais de 3 bilhões de pessoas com transtornos depressivos, alimentares, psicossomáticos e de ansiedade, compulsão e dependência de drogas, por exemplo. Ou seja, a sociedade está adoecendo rápido e coletivamente“, avalia o psiquiatra.
Medicamentos
Indivíduos que têm dores de cabeça e musculares crônicas, acordam fatigadas, não conseguem libertar seu imaginário para dar respostas inteligentes nas situações estressantes e que à mínima contrariedade tenham um ataque de angústia ou de tensão, estão tão preocupadas que recorrem a médicos na intenção de superar seus conflitos. “Muitos profissionais, nem sempre especialistas em transtornos psiquiátricos, estão prescrevendo medicamentos em dosagens altas e por tempo prolongado, gerando dependência. Os medicamentos são importantes, claro, quando há insônia, alto grau de ansiedade e dificuldade em trabalhar perdas e frustrações intensas. Contudo, quando houver a necessidade de prescrição, deve ser em dosagem e moléculas corretas e tempo determinado, para evitar dependência psicológica e física”, alerta.
Inteligência emocional
Ainda que as pessoas estejam cada vez mais conscientes em buscar ajuda profissional, Cury diz que o gerenciamento emocional é essencial durante o processo. “Embora seja possível utilizar medicamentos psicotrópicos, o eu, que representa a capacidade de escolha, a autodeterminação e a consciência crítica, tem de ser autor da própria história. A pessoa tem que aprender a filtrar estímulos estressantes, a gerir suas emoções, a ser protagonista de sua vida, caso contrário, todas as outras medidas serão somente paliativas”.
Nos próximos dias o Viver Bem vai publicar o vídeo completo da entrevista com Augusto Cury.