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O quanto você se considera responsável pelos afazeres de casa? Com essa pergunta, o instituto de pesquisa Locomotiva constatou que apenas 22% dos homens da região Sul dividem igualitariamente os cuidados domésticos com as mulheres. Os dados foram divulgados no fim de maio pela entidade, criada recentemente pelo publicitário Renato Meirelles, que esteve à frente do Data Popular nos últimos 15 anos.

Nos três estados do Sul, as únicas tarefas majoritariamente masculinas em casa, segundo os homens ouvidos no levantamento, são duas: tirar o lixo (53%) e dirigir (65%). Os demais afazeres são de responsabilidade das mulheres – lavar a roupa (83%), limpar a casa (82%), cozinhar (77%), passar a roupa (71%), comprar coisas fora de casa (60%) e controlar o orçamento doméstico (54%).

A coordenadora do Núcleo de Estudos de Gênero da UFPR, Marlene Tamanini, afirma que as relações harmônicas dentro de casa ainda só acontecem se as mulheres continuarem assumindo a responsabilidade. “Isso leva para frente toda a cultura conservadora em relação ao doméstico, que acaba sendo sempre pensado através do agenciamento feminino. Na prática cotidiana se pressupõe que o corpo político feminino é o único e principal responsável por este espaço”, diz.

Essa questão reflete ainda outra percepção: 67% dos homens do Sul acham que as mulheres são melhores donas de casa do que eles. Na fase qualitativa da pesquisa, os homens tiveram que dizer o porquê concordam com essa afirmação. Entre as respostas mais comuns estão que as mulheres são mais organizadas.

“Nossa cultura é tão focada no feminino que a maior parte dos homens não sente que o espaço privado seja deles. Eles não são formados para sentir, nem na escola. Tudo é organizado para que eles não sejam responsáveis pela casa. Por isso, acham que isso é normal. Não atingimos relações igualitárias na intimidade”, avalia a pesquisadora.

Mercado de trabalho

A pesquisa analisou ainda aspectos do machismo no trabalho. Neste caso, homens e mulheres tem opiniões parecidas quando questionados sobre a capacidade de ambos os sexos ao desempenhar funções. Assumir a presidência de uma empresa, por exemplo: 84% dos homens e 80% das mulheres consideram que ambos são igualmente capazes.

Porém 72% das mulheres acreditam que os homens se sentem inferiores quando elas são mais bem sucedidas profissionalmente do que eles. “Continuamos separando o público do privado. Quem está no público [trabalho] não se ocupa do privado [casa]. A mulher que está no público sente como se estivesse escolhido a coisa errada, deixando de lado o privado. Esses mecanismos incentivam os processos de desigualdade”, afirma Marlene.

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