• Carregando...
O socorrista descobriu que o paciente gostava de boleros, mas não lembrava das letras. Por isso, decidiu soltar a voz e ajudá-lo a recordar. Foto: Kelly Diniz
O socorrista descobriu que o paciente gostava de boleros, mas não lembrava das letras. Por isso, decidiu soltar a voz e ajudá-lo a recordar. Foto: Kelly Diniz| Foto:

O atendimento emergencial a um paciente de 87 anos com doença de Alzheimer e sintomas de infarto terminou de maneira emocionante em Brasília. Além de realizar todos os procedimentos técnicos e confirmar que o idoso estava fora de perigo, o socorrista designado para o serviço conversou com o paciente, descobriu que ele gostava de músicas da década de 1950 e começou a cantar para ele.

>> Professora de 92 anos tem melhora de saúde ao alfabetizar cuidadora: “foi um remédio”

“Foi emocionante. O paciente estava pálido e com uma dor muito forte no peito, mas começou a rir e acompanhar o socorrista durante a canção. Aquilo lhe fez muito bem e ele ficou ótimo após o atendimento”, relatou a terapeuta ocupacional Kelly Ranyelle Diniz, de 28 anos.

A profissional atende diariamente o idoso Waldyr Cergueira com atividades diárias para reduzir o avanço da Doença de Alzheimer e ficou muito preocupada com o homem no dia 28 de março. “Ligamos para a filha dele e chamamos socorro porque tudo indicava que era um ataque cardíaco”, afirma a funcionária do Centro Terapêutico Longeviver. No entanto, ela não imaginava que o atendimento seria tão especial. “Já chamamos socorristas outras vezes, e nunca vi algo assim. Enviaram a pessoa certa”.

De acordo com o técnico em enfermagem Flavio Vitorino Martins da Costa, de 54 anos, o quadro do paciente não era grave, o que facilitou a interação. “Assim que chegamos, vimos que ele estava sorrindo e até fez piada conosco”, relatou o colaborador do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).

Por isso, começou a conversar com o idoso e descobriu que ele gostava de futebol e de boleros antigos — canções românticas que influenciaram, mais tarde, o samba-canção e a salsa. “Na hora eu pedi que cantasse um para ouvirmos. Só que ele não lembrava por causa da doença”, relata Costa, que decidiu soltar a voz para que o paciente o acompanhasse.

“Comecei a cantar um bolero do cantor Lupicínio Rodrigues que eu ouvia na minha infância, e o Seu Valdir foi lembrando a letra e cantando comigo”.

Enquanto as notas da música “Ela disse-me assim” ecoavam pelo quarto, o motorista André Ricardo decidiu filmar a cena. O vídeo foi publicado no Facebook de Flavio e recebeu mais de 900 mil visualizações e 40 mil compartilhamentos.

“Jamais imaginei que daria tanta repercussão”, comentou o brasiliense, que atua na área de enfermagem há 35 anos e ama a profissão. “Me sinto realizado com o que faço e tento sempre tratar as pessoas como eu gostaria de ser tratado, humanizando o atendimento para que o paciente confie no que estou fazendo”.

Além disso, Costa afirma que sua segunda paixão é a música, o que facilitou o atendimento ao paciente. “Meu pai era compositor e eu cresci ouvindo essas canções”, comenta o socorrista, que também é diretor de bateria na Escola de Samba Unidos do Cruzeiro.

LEIA MAIS

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]