Comportamento

Willian Bressan

Unidos pela “Força”: famílias inteiras se preparam para a estreia de “Star Wars”

Willian Bressan
04/12/2015 22:00
O cineasta George Lucas certamente não imaginava que ao criar “Star Wars” (“Guerra nas Estrelas”) a saga fosse se tornar um ícone da cultura pop e um fenômeno atemporal. Com o primeiro filme lançado em 1977, “Episódio IV: Uma Nova Esperança”, a paixão pela história de Luke Skywalker, Princesa Leia e Darth Vader, tal qual os times de futebol, passa de pai para filho, de mãe para filha, afinal são sete produções lançadas de 1977 até 2008 e mais quatro capítulos confirmados para até 2019. O próximo blockbustter, “Star Wars Episódio VII: O Despertar da Força”, estreia no dia 17 de dezembro (agora com produção da Disney) e famílias inteiras já garantiram ingressos antecipados de cinemas para assistir, literalmente, com seus sabres de luz e fantasias dos personagens. Afinal, o fascínio pela saga atravessa o tempo e passa de geração em geração.
Mãe e filha em clima de estreia: Claudia Silveira, 50, e Rebeka Yurk, 25 anos, incorporaram personagens da série para a sessão de fotos desta matéria.
Mãe e filha em clima de estreia: Claudia Silveira, 50, e Rebeka Yurk, 25 anos, incorporaram personagens da série para a sessão de fotos desta matéria.
Foi assim na vida da pedagoga Claudia Pupo Silveira, 50 anos, e sua filha, a historiadora Rebeka Silveira Yurk, 25 anos. Era a época da meia de lurex e dos “Embalos de Sábado À Noite”, clássico filme de John Travolta, mas a adolescente Claudia, com apenas 12 anos, estava fascinada não com o universo colorido das discotecas, mas com o mundo de fantasia habitado por jedis (personagens que formam uma ordem de guardiões que dominam o lado “iluminado” da força), princesas, heróis e vilões de Star Wars. “Todos os grandes contadores de histórias tem as mesmas características: a mocinha, o vilão, essa capacidade de fazer a gente torcer por eles. O mundo anda carente de boas histórias assim”, lembra a pedagoga.
Depois de assistir ao “Episódio IV: Uma Nova Esperança” com o irmão mais velho no cinema, Claudia descobriu a paixão em um passeio pela Rua XV de Novembro, no centro da capital. Um álbum de figurinhas despertou a curiosidade da jovem. E se tornou o item que iniciou a grande coleção de Claudia que, com o primeiro salário, aos 15 anos, comprou um raro toca fitas em forma de R2-D2, o famoso robô de filme (e que funciona até hoje!).
Alguns anos (e filmes) depois, a filha Rebeka crescia num ambiente cercado de referências curiosas. Até o telefone de casa, por exemplo, não era aquele convencional de discar – era preto, tinha forma de Darth Vader (embora ela ainda não soubesse quem era tal pessoa) e tocava uma estranha marcha imperial sempre que uma ligação era recebida.
“Quando ela completou 10 anos, o fenômeno retornou (com a estreia do filme “Episódio I: A Ameaça Fantasma”) e , a partir daí, ela entendeu a minha paixão e isso serviu para nos unir muito mais do que antes. Criou uma cumplicidade única”, conta uma Claudia com brilhos nos olhos e caracterizada, pela primeira vez, de Darth Vader especialmente para a reportagem. “Tem mãe e filha que vão ao shopping ou saem juntas para comprar sapatos. O nosso momento é assistir ao filme, que diga-se de passagem, é bem mais legal”, compara Rebeka. O novo filme, é claro, mãe e filha planejam assistir juntas.
Presente de Natal
O publicitário Guilherme Rubini, 36 anos, também cresceu assistindo e gostando da série. Com o nascimento de Arthur, hoje com 4 anos, foi natural que a paixão (e a força) passasse de geração para geração. “O Arthur sempre foi estimulado pelas coisas que temos em casa, começou a se interessar pela nossa coleção e a pedir brinquedos do Star Wars”, conta a mãe Bianca Muller Rubini, a roteirista e blogueira Bic Muller, que já garantiu seu ingresso para o novo filme. Ela e o marido, inclusive, vão assistir com óculos 3D personalizados a estreia tão aguardada.
O publicitário Guilherme Rubini e Arthur de 4 anos: de filmes a livros, pai e filho começam a dividir a paixão pela saga.
O publicitário Guilherme Rubini e Arthur de 4 anos: de filmes a livros, pai e filho começam a dividir a paixão pela saga.
Por ser muito pequeno, Arthur ainda não assistiu todos os filmes, mas ele acabou entrando no universo por causa do livro de quadrinhos “Darth Vader e Filho” (Editora Aleph) escrito pelo norte-americano Jeffrey Brown. Na obra, o quadrinista desconstrói a imagem de grande vilão de Darth Vader e o transforma em um pai dedicado e até bobo em alguns momentos da rotina vivida por pais e filhos. O livro fez tanto sucesso que um segundo foi lançado, desta vez com o título “A Princesinha de Vader”, da mesma editora, em que mostra Vader enfrentando os dramas, alegrias e mudanças de humor de sua filha Leia e acompanha a transformação de uma doce menina em uma adolescente rebelde.
O primogênito de Guilherme e Bic, no entanto, ficará em casa na estreia. Mas, estimulado pelo ambiente e pelas leituras em conjunto com os pais, Arthur tem na ponta da língua o que gostaria de ganhar de Natal: “um sabre de luz verde para que a mamãe possa brincar comigo e com o papai”.
Até no altar
Na hora do casamento, a publicitária Marcia Souza, 34 anos, e o engenheiro Walisson Tolari Almeida, 42 anos, uniram mais do que as escovas de dentes: eles levaram para a nova casa as várias relíquias de Star Wars que ambos foram colecionando. Na festa, Marcia entrou com a música clássica do filme e na hora de formar a família, a cachorrinha lhasa ganhou a primeira homenagem: o nome de Padmé, uma das principais personagem da trilogia. Quando os filhos chegaram, o casal confessa que pensou em dar o nome do menino de Anakin e da menina de Leia. “Mas fiquei com medo que ele sofresse bullying na escola e também que fosse para o lado negro da força”, brinca, numa referência ao nome verdadeiro do vilão Darth Vader. Miguel, de 1 ano, e Melissa, de 4 anos, ganharam referências de Star Wars nos quartos e nos brinquedos e hoje integram a nova geração de “jedis” da família Tolari.
O casal Marcia Souza e Walisson Almeia, com os filhos Melissa e Miguel: quarto e brinquedos dos pequenos têm clima “jedi”. Foto: Daniel Castellano / Gazeta do Povo
O casal Marcia Souza e Walisson Almeia, com os filhos Melissa e Miguel: quarto e brinquedos dos pequenos têm clima “jedi”. Foto: Daniel Castellano / Gazeta do Povo
Marcia e Walisson já compraram seus ingressos para a estreia de “Episódio VII: O Despertar da Força”. Os filhos, no entanto, ficarão na casa dos avós para garantir a diversão dos pais. Os pequenos ainda não assistiram a toda saga, mas se mostram contagiados pelo reino de fantasia. Para a mãe, um dos motivos é a capacidade que a série tem de ter novos episódios e conseguir atingir gerações diferentes sem, no entanto, perder a ligação com o original. “O que eu acho bacana na saga é essa capacidade de terminar e recomeçar, a cada troca de gerações você tem um novo filme, mas sem perder a ligação com o original e esses elementos fantásticos de princesa, herói, vilão, acabam unindo diferentes gerações”, acredita Marcia.
ORIENTAÇÃO
Para especialistas, hora de reunir toda a família
Paulo Camargo, crítico e professor de cinema da Universidade Tuiuti do Paraná e UniBrasil Centro Universitário, acredita que o fenômeno Star Wars se deve a uma narrativa que mistura romances de cavalaria da Idade Média e contos de fada. “Como apela para emoções e não depende de entendimento científico, o filme de fantasia seduz e cria o que se chama de obra para se ver em família”, contextualiza o especialista. Para a psicóloga Luciane Bertoncello, do Hospital Vita, o fato de ser um filme para a família acaba sendo uma chance para os pais estarem ainda mais próximos dos filhos, dividindo com eles a paixão pela saga.“O que é legal é que se estabelece um vinculo, o surgimento de uma cumplicidade, um momento único”, salienta. Mas atenção: não force a barra. Se a criança não gostar, entenda. “Normalmente, os pequenos são influenciados pelo gosto dos pais. No entanto, o ideal é que eles deixem que a criança conheça por si só”, completa Luciane.
LINHA DO TEMPO
Confira todos os blockbustters da série, lançadas a partir da década de 1970:
1977 – Episódio IV: Uma Nova Esperança (foto abaixo)
1980 – Episódio V: O Império Contra-ataca
1983 – Episódio VI: O Retorno de Jedi
1999 – Episódio I: A Ameaça Fantasma (foto abaixo)
2002 – Episódio II: Ataque dos Clones
2005 – Episódio III: A Vingança dos Sith
2008 – The Clone Wars (animação)
2015 – Episódio VII: O Despertar da Força
Serviço
Jedi Con 2015 – Para comemorar a estreia no dia 17, o 7.º Encontro Jedi do Paraná (Jedi Con 2015) está marcado para acontecer no Museu Municipal de Arte de Curitiba (MuMa), no dia 12 (sábado), das 10h às 20h. Organizado pelo Conselho Jedi do Paraná em parceria com o site Nerd Nation e patrocínio do Imax Palladium, o evento irá contar com exposição de memorabilia (itens de coleção), estantes de lojistas, simulação de combates com espadas, em ambiente controlado e seguro, campeonatos de jogos e concurso de cosplay . A entrada é franca. Mais informações.
UCI Palladium e Estação – Haverá pré estreia à 0h01, mas os ingressos já estão esgotados. A pré-venda para a semana da estreia ainda tem alguns ingressos disponíveis.
IMAX Palladium – No dia 12 de dezembro, quem for ao Palladium vai encontrar personagens do filme passeando no local e tirando fotos com os clientes, a ação acontece das 20h às 22h. E no dia da estreia, 17 de dezembro, o IMAX, em parceria com o fã-clube Conselho Jedi Paraná, terá a presença de cosplayers no local das 19h às 22h. Mais de cinco mil ingressos foram vendidos pelo IMAX Palladium para a primeira semana de exibição do filme. Por isso, está sendo aberta agora a venda antecipada de ingressos para segunda semana.
Agradecimentos (imagens com os filhos de Claudia Pupo Silveira e de Guilherme Rubini )
Foto: Fernando Zequinão, fone (41) 9196- 9896, Produção: Cleber Stanczyk, fone (41) 9962-9393, Assistente de produção: Beatriz Mira. Fantasias Darth Vader e mobiliário:Perverts Cenografia, fone, (41) 3027-5757. Estúdio: Centro Europeu (Shopping Crystal).