Comportamento

Estadão Conteúdo e Redação

Tais Araújo posta foto de quando era criança e afirma ter sofrido bullying

Estadão Conteúdo e Redação
11/10/2016 11:20
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(Foto: reprodução Instagram)

A atriz Taís Araújo alterou sua imagem de perfil nas redes sociais nesta segunda-feira (10), como muitos em comemoração do Dia das Crianças. O objetivo, porém, foi outro. A atriz usou a sua foto para tratar de um assunto delicado, o bullying.
Ao postar uma antiga foto 3 x 4, ela contou na legenda como superou os ataques que sofreu na infância.

“Tá vendo essa menina com cara de brava na foto? Ela sofreu muito bullying na escola, mas aprendeu a se defender. Com apoio da família, trabalhando a autoestima e o amor próprio das crianças, não há espaço pra bullying. #SemanaDaCriança”.

A atriz postou a mensagem no Twitter, Facebook e Instagram.
Taís vem sendo uma das vozes no combate ao racismo no Brasil. Em novembro, ela foi alvo de comentários racistas nas redes sociais, sobre o seu cabelo crespo e a cor da sua pele. No Twitter, a hashtag #SomosTodosTaísAraújo atingiu o topo dos assuntos mais comentados na época.

Mas, o bullying não acabou?

Não. Apesar dos alertas nos últimos anos, o bullying continua sendo visto por muitos pais e professores como um ritual de passagem, algo natural e corriqueiro no ambiente escolar. Entre as crianças sempre existirão desentendimentos, seja em uma brincadeira ou atividade em sala de aula, e a diferença para o bullying está na frequência desses atos e, principalmente, nas consequências.
O bullying não se constrói de um dia para o outro. São ações diárias, contra uma pessoa específica, sem um motivo aparente, e normalmente em espaços longe dos professores, não apenas dentro da sala de aula. Quando a escola reconhece que o pátio, banheiro e a cantina pode ser palco de bullying, é o primeiro passo para uma intervenção mais direta.
“Todas as pessoas que trabalham no ambiente escolar, da pessoa que recebe as crianças na porta do colégio à zeladora ou funcionária da cantina, precisam estar conscientes de que o bullying existe e de que forma eles podem intervir”, afirma a psicóloga Raquel Kämpf.
Identificar as atitudes -<br> de quem pratica e de quem sofre - é fundamental para ajudar as crianças e adolescentes. (Foto: Bigstock)
Identificar as atitudes -<br> de quem pratica e de quem sofre - é fundamental para ajudar as crianças e adolescentes. (Foto: Bigstock)
O que fazer então? Ao ver uma situação de bullying, a presença de qualquer adulto causa uma intimidação na criança agressora, ao mesmo tempo em que dá proteção à vítima. Depois dessa repreensão, o afastamento das crianças é o segundo passo. “O distanciamento é importante até para preservar todas as crianças envolvidas. Mas, não dá para deixar passar, fingir que nada aconteceu ou que é uma situação corriqueira. É importante que depois todos sejam chamados para discutir a situação”, explica a psicóloga Joseth Martins.
Cuidado para não culpar a vítima
Infelizmente, de acordo com as psicólogas, pais que culpam seus filhos vítimas pelo bullying ainda é uma situação recorrente. “Por que você não reagiu? Por que não respondeu?” são questionamentos comuns, mas errados.
Devido a isso, é muito comum a criança vítima trazer um sentimento de inferioridade, seja intelectualmente ou em relação aos seus aspectos físicos, escolha de gênero ou de sexualidade. Para ajudar, ela precisa de um fortalecimento maior da autoestima e acompanhamento psicológico, assim como a criança agressora.