Comportamento

Anna Carolina Amaral, especial para a Gazeta do Povo

Youtubers e blogueiras falam sobre relação com os fãs

Anna Carolina Amaral, especial para a Gazeta do Povo
27/07/2016 18:02
A internet é um espaço de livre informação e cada vez mais as pessoas têm usado dessa ferramenta para expor experiências pessoais, como uma forma de “terapia” virtual. Nacionalmente famosa pelo vídeo Não tira o batom vermelho, onde fala de relacionamentos abusivos, a youtuber Julia Tolezano, mais conhecida como Jout Jout acaba de lançar Tá todo mundo Mal: o livro das crises, onde discorre sobre crises da sua vida. Dentro destes relatos fala sobre a sua proximidade com o público que assiste seu canal, a quem chama de Família Jout Jout. A youtuber conta que vê seu trabalho como o de “uma amiga legal que quer deixar as pessoas felizes”, por meio de trocas de experiências.
Segundo a psicóloga clínica e hospitalar do Hospital Vita Ana Luiza Tanus Poletto, atualmente youtubers e blogueiros funcionam como celebridades. “A maior audiência desses canais está em jovens abaixo dos 20 anos, idade em que verificamos um processo significativo de identificação com grupos e, principalmente com seus iguais, aspectos que auxiliam no desenvolvimento da personalidade adulta. Portanto, eles funcionam como artistas, que dão sua opinião sobre áreas que interessam aos jovens e isso é compartilhado entre eles, o que estreita estas relações”, explica a especialista.
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Posts ou vídeos de reflexão, que relatam experiências pessoais abrem um precedente para que os leitores procurem esses produtores de conteúdo para dividir também suas crises. “Depois que comecei a escrever sobre minhas crises, como a de chegar aos 30 anos por exemplo, comecei a receber muitos depoimentos de leitoras, principalmente pelo Snapchat e pelo chat do Instagram, pedindo conselhos, principalmente sobre a vida amorosa”, releva a blogueira curitibana Thais Marques, do Coisas de Diva. Segundo ela o espaço de comentários também é muito usado para tirar dúvidas sobre a vida e as próprias leitoras acabam dando conselhos umas para as outras.
Com uma proposta diferente, para um público mais jovem, a youtuber mineira Camila Loures, de 21 anos, também lançou este ano O Manual de Sobrevivência do Adolescente. No livro, ela aborda os dilemas presentes na vida de todos os adolescentes, como o primeiro beijo, amizade, relacionamento com os pais, escola e festas. Com um jeito espontâneo, engraçado e direto a mineira gerou grande identificação com o público jovem e também é tratada como uma amiga e conselheira pelos seus fãs. “No canal temos o quadro Conselho da Cams, e foi daí que surgiu a ideia para os temas abordados no livro. Tenho um grande número de fãs que sofrem bullying ou não se sentem aceitos como são, e o livro tem como objetivo disseminar uma mensagem positiva de que você é o único responsável por realizar os seus sonhos”, conta a youtuber.
A internet de forma geral, muitas vezes possibilita que alguém expresse a sua opinião, ou sua forma de pensar sem se expor e isso estimula os relacionamentos virtuais. “Para pessoas mais retraídas isso pode ser uma boa forma de não enfrentamento da ansiedade ou da timidez, por exemplo, o que resultaria num retraimento ainda maior. Porém, isso varia a cada caso, para alguns no mesmo exemplo pode empoderá-los possibilitando um desenrolar da timidez”, explica a psicóloga. Mas o equilíbrio é fundamental para que essas relações se mantenham saudáveis, para ambos os lados. “Muita gente vem atrás de mim porque vê que eu adoro dar conselhos, dividindo minhas experiências de vida. Mas tudo tem um limite, estou sempre aberta para ajudar, mas faço as coisas no meu tempo. Tento dosar para passar uma mensagem positiva, mas quando vejo que as pessoas têm problemas mais sérios indico que procurem ajuda profissional”, conta Thais.