Histórico

Paizinho, pai, paizão, mãeeeee!

Adriano Justino
01/07/2007 21:19
Como os clichês fazem parte das nossas vidas! O não “basta ser pai, tem de participar” é um que tem me marcado muito nos últimos dois anos e cinco meses. Foi quando nasceu a Eduarda, a Duda, minha primeira e, espero, única filha, contra tudo e contra todos. Mas a favor dela. E de mim.
Minha esposa, meus pais, minha sogra e meus amigos quase me batem quando digo que quero ficar apenas com a minha filhinha. Mas isso tem explicação racional e emocional. Muitos julgam tal decisão como egoísta. E é.
Vale, no entanto, meu direito de defesa. Sou, digamos, um pai não-moderno, mas da modernidade. Costumo dizer que a única coisa que não fiz como pai (e mãe) da Duda foi amamentar. Óbvio, Deus não quis assim. Mas isso não fiz até os seis meses de vida dela.
Minha esposa vai me matar ou vai morrer de ciúmes! Depois disso, dei as mamadeiras em todos os horários possíveis, inclusive nas madrugadas frias. Foram trocas de fraldas, banhos, trabalhinhos do colégio, passeios, calma nos momentos de cólicas, brincadeiras, papinhas…ufa!
Minha esposa é uma supermãe. E como minha mãe (coruja), costuma dizer, sou “uma supermãe” também. E, sem modéstia, acredito que sou mesmo. Tudo é dividido. Perdi noites de sono, não me incomodei. Perdi e perco as idas ao cinema, diversão que adoro – me incomodei. Mas valeu e vale à pena. O filme que vemos com nossa filha, que, inclusive nos traz a nossa infância de volta, é muito melhor.
Perdi a boemia – isso me incomoda muito. Mas tenho muito mais a aprender com a minha filha do que em uma mesa de bar. Por isso, por simples e pura dedicação, segue minha defesa de ser pai só da Duda. Não é que não queira dividi-la com ninguém. Muito pelo contrário. Adoro que muitos amigos e parentes participem da criação dela. O que não quero é me dividir para dar atenção a outra criança. Sou, e quero ser, da Duda. Êta egoísmo!
Mas o prazer de ouvi-la chamar “paiê!” à noite e eu poder estar com disposição total para ir, pegá-la no colo, falar umas palavras doces, sentir seu cherinho e saber que ela me terá sempre, é demais. E haja psicologia para explicar isso! Mas sei que, agora e no futuro, Freud estará advogando a meu favor.
Como sou muito observador, fico analisando como a segurança que os pais passam para os filhos influencia no que eles vão ser lá na frente. O difícil é encontrar o equilíbrio. Tento a todo momento. Mas de uma coisa eu sei: a pequena Duda sabe que pode confiar em mim. E, quando nas mínimas coisas, como quando ela diz que não tem medo de cachorro e vem um latindo para cima dela, é para o meu colo que ela corre, isso dá um prazer danado.
Dizem que pai é quem cria. É verdade. Mas eu digo: pai é quem dá segurança emocional para o filho, em qualquer circunstância. E que a Duda saiba que eu estarei e serei sempre dela. Te amo, Duda! Pais, digam “eu te amo” para seus filhos todas as horas, por favor! Caso contrário, eles vão gritar “mãeeeee!”
Caio Castro Lima é repórter de Política e pai coruja da Duda.