Saúde e Bem-Estar

Contracepção natural (ou não) após o parto

Carolina Kirchner Furquim, especial para a Gazeta do Povo
04/05/2016 21:00
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A chegada de um bebê provoca uma série de transformações no corpo de uma mulher, que leva algum tempo para voltar a ser o que era. O ciclo menstrual passa a ser algo incerto, dificultando assim o controle da própria fertilidade. Portanto, discutir com o médico os métodos contraceptivos que podem ser adotados após o parto é importante para a mulher que não deseja ter outro filho tão cedo.
 Método natural
O período de lactação é considerado um método contraceptivo natural e de alta eficácia (cerca de 97%). “Enquanto a mulher amamenta, ela vive um período chamado pela medicina de amenorreia lactacional, ou seja, com ausência de menstruação”, explica Rosires Pereira de Andrade, professor titular de Reprodução Humana, chefe do departamento de Tocoginecologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e membro da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Paraná (Sogipa). Embora considerado seguro, é recomendado que ele seja associado a outro método, para aumentar ainda mais a garantia. Também funciona somente em mulheres que amamentam de forma exclusiva e tem caráter temporário: quando a criança completa seis meses de vida e outros alimentos passam a complementar a alimentação, perde-se o efeito natural da amamentação sobre a fertilidade. Isso acontece porque os picos de prolactina, um hormônio que inibe a ovulação, só são assegurados quando a mulher amamenta com frequência e em intervalos curtos.
Para as mulheres que não amamentam de forma exclusiva, espera-se que o retorno da fertilidade aconteça em até quatro semanas após o parto, possibilitando assim uma nova gravidez. “Entretanto, esta retomada depende de inúmeras variáveis maternas, o que torna a questão bastante imprevisível e exige a adoção de outros métodos contraceptivos, hormonais ou de barreira”, orienta Andrade. Tudo isso pode ser discutido com o médico durante o pré-natal ou na primeira consulta de retorno após o nascimento do bebê, que também coincide com o fim do período de resguardo geralmente adotado pelo casal.
Métodos hormonais
A mulher que amamenta e que opta pela contracepção oral deve conversar com o médico sobre o uso de pílulas especiais, livres de estrogênio. Isso porque esse hormônio pode provocar a diminuição da produção e também interferir na qualidade do leite materno. Ainda que alguns estudos conduzidos indiquem que esta interferência seja mínima, não há comprovação de que o hormônio não afete o bebê com o passar do tempo. “Neste caso, pílulas combinadas (tradicionais) estão fora de questão, adotando-se, geralmente, comprimidos de desogestrel, um fármaco presente em contraceptivos hormonais de terceira geração, também conhecidos por serem minipílulas de uso contínuo”, diz Ricardo Schwarz, ginecologista, obstetra e ultrassonografista da Maternidade Curitiba.
Qualquer outro método hormonal cuja formulação contenha estrogênio deve ficar para depois do período de amamentação. Isso inclui adesivos e contraceptivos injetáveis mensais. “Os que levam apenas progesterona em sua composição, como os injetáveis trimestrais ou pílulas de progesterona, estão liberados para uso durante a lactação”, diz Schwarz.
DIU
Os dispositivos intrauterinos (DIU), hormonais ou de cobre, estão liberados. O DIU de cobre, como é livre de hormônio, funciona como um método de barreira, impedindo os espermatozoides de chegar até as trompas e não exerce nenhuma interferência no leite materno. O DIU hormonal, por ser feito de levonorgestrel, uma versão sintética da progesterona, também é indicado. Ambos podem ser inseridos no útero um mês após o parto, geralmente na consulta de retorno. Implantes anticoncepcionais, posicionados na face interna do braço, também estão liberados e podem, inclusive, ser colocados no período de hospitalização para a chegada do bebê.

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Métodos de barreira
O preservativo, tido como um dos métodos mais confiáveis, está liberado assim que o casal retomar suas atividades sexuais. Além de prevenir uma nova gestação, ele também protege contra o HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis, ao contrário de todos os outros métodos anticoncepcionais disponíveis. Outra opção é o diafragma, que também age como método de barreira, ainda que a recomendação de seu uso aconteça em associação a um espermicida e somente depois que a anatomia pélvica da mulher volte ao normal, o que pode levar alguns meses.