Saúde e Bem-Estar

Gestação ectópica exige tratamento rápido e cirúrgico

Amanda Milléo
12/05/2016 16:00
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Mulheres com endometriose moderada a severa, fumantes, ou que passaram por cirurgias nas tubas uterinas e ovários, desenvolveram DST’s ou infecções que alteraram a anatomia e a função das tubas correm mais risco de terem gestações ectópicas – quando o embrião cresce dentro das tubas uterinas, previamente conhecidas como trompas de Falópio. O tratamento vai depender do momento em que a condição for diagnosticada, que quanto antes, melhor será para a preservação das trompas e das futuras gestações.
Entre a 5ª e 7ª semana de gestação, ou primeiro atraso da menstruação, é recomendável que a mulher faça o exame de ultrassonografia transvaginal e a dosagem do hormônio B-HCG. Se o médico não visualizar o saco gestacional no útero durante o exame ou o hormônio não aumentar de uma maneira adequada, esses podem ser sinais da gestação ectópica. O diagnóstico precoce pode evitar a ruptura das tubas uterinas e as sequelas, que vão da perda da tuba ao risco de vida da mulher.
Infelizmente, não é possível manter o embrião ou “empurrá-lo” ao útero para o crescimento normal. Depois que as divisões celulares se iniciam, para a formação do bebê, o embrião insere uma espécie de “raiz” na parede muscular de onde estiver – seja útero ou trompas, de forma que é impossível retirá-lo. “É importante que as mulheres que sabidamente apresentam os fatores de risco fiquem atentas aos atrasos menstruais e realizem teste de gravidez. Se confirmada a gestação, procurarem imediatamente o ginecologista para avaliar se a gestação está no local adequado”, afirma Frederico Corrêa, membro da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia e diretor do Centro de Excelência em Endometriose, em Brasília.
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Tratamentos
Caso a suspeita se confirme antes das seis semanas de gestação, com saco gestacional menor que três centímetros, ausência de batimentos no embrião e nível de B-HCG abaixo de cinco mil unidades, o médico pode aplicar a injeção de metotrexato (MTX), quimioterápico que destrói as células endometriais e impede a evolução do embrião.
Se a medicação não puder mais ser usada, há duas opções cirúrgicas: preservando a tuba uterina ou a retirada dela, caso tenha rompido a tuba. O ideial é que a cirurgia seja realizada por videolaparoscopia, técnica menos invasiva e menos traumática.
“Apenas 2% das gestações, em geral, são ectópicas. A prevalência mundial, portanto, é baixa”, explica Álvaro Pigatto Ceschin, professor doutor do internato da PUCPR, no Hospital e Maternidade Santa Brígida e diretor do Feliccità Instituto de Fertilidade.
Riscos à mãe
Quando ocorre a ruptura das tubas uterinas, devido ao crescimento do embrião, a mulher pode sentir alguns sintomas importantes – e deve ser levada com a maior rapidez ao médico. Confira os principais sinais, que podem surgir no início da gestação:
– Quadro de dor aguda, de forte intensidade e contínua
– Taquicardia
– Queda de pressão arterial
– Tonturas
– Desmaios
– Sangramento, devido à hemorragia aguda
In Vitro mais segura
O encontro do espermatozoide com o embrião que, na concepção natural, ocorre nas trompas, quando feito uma fertilização in vitro será feito fora do organismo da mulher, diminuindo os riscos de uma gestação ectópica. Ainda assim, há o risco de que, quando implantado no útero, esse embrião “suba” até as trompas, embora seja um risco baixo, de 1%.
Tive uma gestação ectópica, e as próximas?
Se você passou por uma gestação ectópica e deseja engravidar novamente, o exame de histerossalpingografia pode ajuda-la. Esse exame é uma espécie de radiografia do útero e das trompas uterinas e avaliará a anatomia e função das trompas, medindo os riscos para a próxima gestação.