Moda e beleza

Camille Bropp Cardoso

As barbas mantêm o reinado em 2015

Camille Bropp Cardoso
27/01/2015 14:00
A novidade é a seguinte: profissionais do ramo de barbearia sabem que, quando o assunto é barba, existe uma concorrência acirrada entre duas escolas estéticas: a americana (com mais detalhes e recortes) e a europeia, mais tradicional, à base de navalha e tesoura.
O fato é que essas duas vertentes andam trocando influências, criando assim cortes que combinam as duas especialidades e dão mais alternativas aos adeptos do look “macho bem-cuidado” (o tal lumbersexual). “O bom dessas combinações é que tornam o cotidiano mais diversificado”, diz Sindi Devitte, barbeira brasileira que vive na Inglaterra e esteve no Brasil para diversos workshops em janeiro.
Ela diz que as barbas em alta na Europa são dois extremos. Um inclui a clássica barba rala com acabamento leve, mesclando a pele ao pelo (o chamado dirty look). Exemplos de adeptos não faltam: os atores Ewan McGregor e George Clooney, por exemplo.
A diferença é que esse estilo tem aparecido com cortes de cabelo mais ousados, algo retrôs. Um deles é o side parting, dividido lateral com topete. Pense no crooner Frank Sinatra nos anos 1950; é esse mesmo. O outro corte top para combinar com barba é o slicked back — com bastante volume na frente e puxado para trás de forma uniforme, algo como o europeu Conde Drácula.
O outro modelo de barba e cabelo em alta, chamado de viking, soma barba cerrada e comprida com cabelos também compridos, às vezes presos em tranças ou coques (tanto barba quanto cabelo). Brad Pitt e Johnny Depp são dois expoentes mais ou menos constantes desse look brucutu, ainda que em versão mainstream. Mas há quem use um estilo bem parecido com o do personagem Drogo, da série Game of Thrones.
“Os cortes estão sempre se atualizando por um detalhe ou outro, e as barbearias investindo em novas técnicas. Por isso roubam a clientela dos salões, que não são tão precisos no acabamento”, alfineta Sindi.
Em Curitiba
Na capital paranaense, o barbeiro Alisson Mayer, do Rei da Barba, destaca que as fotos que mais inspiram os barbudos da cidade são as de Tony Stark — personagem do ator Robert Downey Jr. na franquia Homem de Ferro. Cheio de detalhes, o look pede manutenção semanal e não fica bem em todo mundo. “Em um rosto sem queixo ficaria horrível”, acredita Mayer.
No mais, é possível adaptar o estilo barbudo a quase todos os rostos. A exceção é quem não consegue deixar crescer barba ou tem muitas falhas. Nesse caso só resta invejar os descendentes de árabes da cidade, lembra Mayer. “A barba neles fica bem bacana, cresce fechada”.
Entrevista
Confira a entrevista de Sindi Devitte à Gazeta do Povo:
A barba grande marca um retorno da masculinidade para a estética dos homens; aquele antagonismo em relação aos metrossexuais de anos atrás. Mas é para todo mundo?
São raros os homens que não poderão contar com uma opção viável entre os vários estilos. Somente os com casos extremos de falhas ou escassez de fios. Assim como um maquiador usaria as cores e pincéis, o barbeiro usará navalhas, tesouras e máquinas para delinear o formato e trabalhar com a densidade da barba.
Tem alguma celebridade que tenha a barba perfeita, na sua opinião? Por quê?
São várias, mas cito alguns que acho interessantes: George Clooney, Brad Pitt e Evan McGregor. Uma barba bem feita transforma o visual. Adiciona classe e poder que alguns homens adorariam ter e agora podem, usando a moda a seu favor.
Se o tom do cabelo é diferente do da barba, melhor esconder um deles?
Não vejo a necessidade de esconder diferentes tons. Mesmo barba ruiva, muito comum entre meus clientes na Europa, ficam extremamente poderosas com cabelo castanho ou vice-versa. Uma reclamação comum são os fios grisalhos que podem ser atenuados com rinsagem tonalizante, mas sem mudar completamente a cor ou alterar o pigmento. Podemos disfarçar sem chocar com uma tintura 100%.
E se a barba é cacheada (muito comum em brasileiros), é possível alisar? Ou você orienta a assumir?
Se o cacho for denso, meio exagerado, vale o mesmo critério: técnicas podem aumentar ou diminuir o volume, alterando os ângulos para um visual mais elaborado.
O jogador Neymar anda com uma barba descolorida. O que acha desse estilo? Basta ser questão de gosto?
Celebridades podem optar por um look exótico. Pode cair bem ou não. Acredito que nesses últimos casos seja mais questão de marketing. Algo como “falem mal, mas falem de mim”. Pode não ser, digamos, charmoso ou adequado, mas tem impacto na mídia.
Um exemplo é o Cristiano Ronaldo, que apareceu com uma linha [recorte no cabelo] que comentaram ser de mau gosto, e depois ele divulgou que seria apoio a uma caridade [foi para apoiar um fã que sofreu uma cirurgia no cérebro]. Por isso não comento cortes de celebridades: não sabendo a história da tesoura por trás das madeixas é difícil julgar.
Já se vê na internet um sutil movimento antibarba para 2015. Há quem diga que “se até o Príncipe Harry tem uma”, melhor raspar a sua. Acha que vai pegar?
Movimento antibarba sempre existiu. A certeza é de que apaixonados por barba não se preocupam com a opinião alheia e os tratamentos e produtos lançados estão fazendo a diferença. Eles nos fazem crer que a barba veio como forte tendência. Daí o maior evento de barbeiros do Brasil, o Barbers Clã [marcado para 15/3, em São Paulo].

Barba para todos os gostos