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As sócias Cris e Camilla com um dos vestidos de noiva confeccionados pelo ateliê. Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
As sócias Cris e Camilla com um dos vestidos de noiva confeccionados pelo ateliê. Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo| Foto: Gazeta do Povo

Com a intenção de desenvolver a alta costura aliada ao consumo consciente, as sócias Cristiane Costa e Camilla Lorenzon abriram a Cris Costa Couture em janeiro deste ano. Localizado na Vila Mariantônio, o ateliê fica num espaço calmo e propício para a conversa e a troca de ideias. A dupla defende uma moda sustentável, baseada no upcycling, ou seja, na revitalização de peças, estas normalmente com histórico familiar. Elas são adaptadas para se tornarem versáteis e atuais.

A proposta do lugar é ser mais  do que um ateliê. O desejo da estilista Cristiane e da sócia Camilla é de recuperar heranças de família e desenvolver peças únicas, pensando no estilo de cada uma. “As mulheres têm medo de repetir roupa, mas hoje temos grandes referências como a princesa Kate Middleton que repete suas peças com muita elegância”, argumenta Cris. À cliente que quiser revitalizar uma peça com valor emocional, são dadas alternativas de uso, sempre pensando na possibilidade de diversas composições. “Roupa boa tem que ser aproveitada”, diz a estilista.

Cris procura dar diversas opções para as clientes usarem suas peças. Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
Cris procura dar diversas opções para as clientes usarem suas peças. Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo| Gazeta do Povo

A marca trabalha especialmente com vestidos de festa e roupas para eventos. Além disso, possui a linha prêt-a-porter, com peças desenvolvidas pensando em clientes que precisam de algo de última hora e que ficam disponíveis no ateliê. “Este trabalho é também um resgate das gerações anteriores, do trabalho manual. Num ateliê, 60% ou mais da peça é feito à mão. Esse é um diferencial”, argumenta Cris.

Na opinião da fonoaudióloga e cliente Simone Bley, primar por uma roupa de qualidade é algo que as meninas mais novas estão aprendendo agora. “Acho que as pessoas dão pouco valor à história. Tenho um grande amor pela minha família e nossas conquistas”, conta. Ela e a família são adeptas do upcycling e procuraram os serviços oferecidos pelo ateliê para revitalizar peças usadas por várias gerações.

Cris e Simone com um dos vestidos da família. Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
Cris e Simone com um dos vestidos da família. Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo| Gazeta do Povo

Era a avó de Simone que viajava e trazia tecidos do exterior para confeccionar os vestidos usados na época. A prática de mandar fazer as roupas de festa ainda permaneceu durante os anos 1970 e 1980, pois eram raras as lojas com trajes prontos. “O charme de fazer uma roupa sob medida e, principalmente, poder trazer juntamente a história de cada roupa é algo incrível”, afirma Simone.

As escolhidas

As peças que foram levadas pela fonoaudióloga ao ateliê são da mãe de Simone Dona Regina, da irmã Solange, das sobrinhas e da própria. “Algumas dessas [peças] já usamos duas, três vezes. Ficamos reciclando entre a família. São roupas modernas até hoje e com alta qualidade“, conta Simone.

A saia de Simone vestida no baile de debutante em 1975, um vestido de seda preto usado em um baile em 1976 e um vestido vermelho plissado são algumas das peças na fila da revitalização. “Outro vestido foi confeccionado com uma renda preta que veio da França, na década de 1960 e foi feito um tubinho para minha irmã”, detalha com apreço.

Motivação pessoal

Nascida em Porto Alegre-RS tomou gosto pela costura ainda quando pequena. Ela, a mãe, e a costureira da família passavam madrugadas costurando, bordando e conversando. “Era muito divertido. Quando eu me formei elas ficaram muito orgulhosas”, diz a estilista.

A roupa do batizado e o vestido de noiva. Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
A roupa do batizado e o vestido de noiva. Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo| Gazeta do Povo

Antes de Cris nascer, sua mãe tirou uma camada do seu vestido de noiva para fazer a roupinha de batizado. “Minha mãe casou nos anos 1970, no inverno. No aniversário de dez anos do casamento dos meus pais foi feita uma festa. O vestido foi adaptado para ser usado nesse evento”, conta a estilista.

Formada há quinze anos, Cris tem um apego com suas peças pois várias foram confeccionadas por ela. “Eu fazia todas as roupas que eu vestia: biquínis, tailleurs, vestidos de festa… Meu armário é cheio de história”, explica a gaúcha que tem orgulho das peças exclusivas.

Qualidade

Camilla, que elabora o planejamento da empresa, acredita que um dos diferenciais do ateliê é o serviço. “A Cris tem uma sensibilidade muito grande para captar a personalidade do cliente. Às vezes a pessoa não sabe o que quer e ela encontra”, detalha.

Ela também salienta a honestidade e a qualidade com que elas trabalham. “Aqui, nós somos sinceras e oferecemos opções que caibam no orçamento da cliente. O que a gente vê hoje em dia são muitos lugares que vendem um tecido como se fosse outro, já que a tecnologia têxtil está muito avançada e os tecidos se confudem”, finaliza.

Cris acredita que a alta costura não pode seguir tendência, assim como não deve estar totalmente desconectada dela. “Eu sempre digo para as noivas, debutantes e formandas que me procuram que não façam muito modismo com aquela roupa”, diz a estilista. Para ela o mais importante é que a cliente seja fiel ao estilo, para não olhar as fotos do passado e se arrepender do look escolhido.

Serviço: Villa Mariantonio. Rua Gutemberg, 585 – Batel. Fundos. Telefone: (41) 3408-3432.

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