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“As roupas sempre foram importantes para minha identidade”, diz Cris Guerra
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A publicitária e escritora Cris Guerra, 46 anos, desde sempre encontrou nas roupas um meio de se conhecer e de se renovar. Da menina magrinha que não se encaixava nos padrões de beleza à mulher que perdeu o marido enquanto esperava o primeiro filho nascer, a mineira expressava – e expressa, até hoje – suas emoções através da moda.

Em 2007, criou os blogs “Para Francisco” e “Hoje Vou Assim”. No primeiro, curava a tristeza e, no segundo, buscava a alegria. Sem saber, criava o primeiro blog de looks diários do Brasil. Neste sábado (29), ela ministra um workshop com o tema “Moda como instrumento de autoconhecimento”, na Casa Tangente, em Curitiba.

Foi cronista da revista Veja BH, colaborou para as publicações Ragga, Encontro, Pais & Filhos. Hoje, escreve sobre maternidade na revista Canguru e é colunista da BandNews FM. Além disso, dá palestras pelo Brasil sobre temas como superação, autoestima, moda e maternidade. Nas redes sociais, Cris tem um canal no YouTube.

Moda Intuitiva”, um de seus quatro livros, já esteve da lista dos mais vendidos da revista Veja e das Livrarias Saraiva. Na obra, o leitor é incentivado a buscar o estilo próprio através de reflexões sobre o modo como nos relacionamos com as roupas.

Em entrevista exclusiva ao Viver Bem, ela fala sobre sua relação com a moda, como buscar o próprio estilo e usar as tendências a nosso favor. Confira:

Foto: divulgação
Foto: divulgação| Luiza Villarroel

Como a moda pode ser instrumento de autoconhecimento?

Descobri isso por causa de um aprendizado pessoal. As roupas sempre foram importantes para minha identidade, desde pequena. Eu era uma criança complexada que não se encaixava nos padrões, por isso quando passei a comprar as minhas próprias roupas passei também a me descobrir até entender qual era o meu estilo. Já tive um consumo compulsivo e hoje em dia tenho o menor armário de toda a minha vida. As roupas oferecem novos pontos de vista sobre nós, porque é através delas que podemos nos expressar.

Você comentou sobre ter passado por um comportamento compulsivo. Como contornar essa questão?

A minha dica é olhar para cada roupa em todos os seus potenciais. Comecei a usar peças de roupas de forma que eu nunca tinha usado antes: uma saia que servia como vestido, um cinto que podia se tornar um colar… Quando eu passei a ver essas peças com um outro olhar, passei a ter mais vontade de usá-las de maneiras diferentes. Eu ainda tenho a tendência do consumo compulsivo em mim, mas a minha relação com as roupas e com o dinheiro mudou muito de oito anos para cá, mas hoje em dia compro uma peça pensando em sua durabilidade, se vai combinar com outras que já tenho. Levo em conta principalmente se a roupa tem a ver comigo.

Falando em autenticidade: como encontrá-la em uma era de influências e tendências que surgem a todo o tempo? O que é preciso perceber em si mesmo para definir seu próprio estilo?

Com o exercício do olhar e do experimentar. Não acho que exista uma fórmula certeira, mas comigo dá certo: é não acompanhar tanto as tendências. Tento manter meus olhos e minha cabeça mais virgens, sem tanto estímulo. É bom quando a tendência das passarelas entra de uma maneira natural no nosso guarda roupa, sem seguir o que as revistas mandam. Outra dica é não buscar inspirações apenas na moda, é se conectar mais com as sensações do que com as informações. Não é um processo rápido; demanda autoconhecimento.

De que maneira é possível usar as tendências da moda a nosso favor?

“A moda é oferta e estilo é escolha”. Sempre cito essa frase, da Glória Kalil, para responder essa pergunta. Não existe um certo e errado na moda, e sim aquilo com o que você se identifica. Vou dar um exemplo: a pantacourt é uma peça que faz parte da tendência mas que vai ficar por muito tempo no meu guarda roupa porque eu simplesmente adoro – ela tem a elegância da pantalona mas é mais curta (detesto calças muito longas). Por outro lado, a calça flare não deu certo pra mim. Usei duas vezes e vi que não tem a ver comigo. A gente passa pela tentativa e erro, faz parte. Por isso, o exercício do autoconhecimento é diário.

Os inúmeros blogs de moda que existem hoje em dia podem ajudar nessa tarefa?

Infelizmente, são poucos os que ajudam. A maior parte é mais do mesmo. O sentido do blog é trazer uma hisória pessoal e os blogs de moda hoje parecem veículos de notícias, se baseiam no “como usar isso ou aquilo”. Quando comecei o meu blog, escrevia para mim e sempre respeitei o estilo próprio. Sou muito a favor da verdade e acredito que os blogs poderiam ser mais autorais, mais voltados à moda nacional.

Foto: divulgação
Foto: divulgação

Serviço

Workshop “Moda como instrumento de autoconhecimento”

Casa Tangente – Rua Prefeito Ângelo Lopes, 1653. Das 9h às 18h. Entrada: R$ 560.

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