Moda e beleza

Cascavel

Bruna Bill
07/11/2013 13:58
A primeira parada da equipe foi a quinta cidade mais populosa do Paraná. Cascavel tem mais de 300 mil habitantes e reúne vocações diversas para a moda. Além de empresas de confecção e lojas de atacado, o polo universitário forma talentos para as cerca de 600 indústrias espalhadas pela região oeste que se dedicam aos ofícios da moda.
Logo no centro da cidade, um prédio discreto abriga A Kamizaria, uma empresa familiar fundada em 1991, mas que começou em 1969, confeccionando camisas masculinas. Com o passar dos anos e a crescente concorrência no setor de confecções, os produtos precisaram ser atualizados para responder aos anseios do mercado e do público, ávido por tendências e novidades.
Para Rudimar Mariga, sócio proprietário da empresa e membro do Sindicato das Indústrias do Vestuário do Oeste do Paraná (Sindivest), a entrada dos produtos chineses foi ao mesmo tempo uma ameaça ao setor e um incentivo para a expansão e investimento na qualidade dos produtos. Além da facção de peças para grifes como Ellus, Siberian, Makenji, M.Officer e alguns itens para Ricardo Almeida, A Kamizaria investe hoje na consolidação de sua marca própria, a Vip Reserva.
Cascavel também é uma cidade estratégica em relação aos demais países do Mercosul e à região norte do Brasil, o que fortalece o comércio atacadista. O Ata­cado Buenão também é um exemplo de empresa familiar que precisou se remodelar para atender à crescente demanda por moda rápida. Todas as semanas, centenas de compradores de estados como Amazonas, Rondônia e Acre chegam à cidade para renovar o estoque. A criação de marcas próprias e a implantação de uma pe­­quena fábrica e ateliê de criação possibilitou o desenvolvimento de novas peças todos os dias. “Hoje, quem não fabrica não tem vez nesse mercado. Com meu próprio produto, consigo oferecer um preço muito atraente e do jeito que o cliente quer”, explica Edson Bueno, proprietário da empresa.
Na outra ponta da moda, a Uni­­versidade Paranaense (Unipar) forma há mais de dez anos profissionais no curso superior de Tecnologia em Design de Moda que saem da sala de aula prontos para trabalhar em todos os setores da indústria: do planejamento e criação até a coordenação de equipes de produção. “Pelo perfil da região, bastante industrial, a graduação como tecnólogo prepara para o mercado de trabalho, para o chão de fábrica mesmo”, afirma Ana Paula Teixeira, coordenadora do curso.
Por lá, manequins industriais, máquinas de costura e réguas de modelagem dividem espaço com experimentos inovadores em texturas e tingimentos. Da mesma forma, sobras de tecidos e outros materiais são reaproveitados para serem usados em projetos comunitários, como o Dignidade com Estilo, que tem foco na sustentabilidade.
Foi da Unipar que saiu o vencedor do concurso Paraná Fazendo Moda 2012, Robson Oriole. Com figurinos inspirados nas formas e cores da Casa Deo Bepi, em Veneza, o jovem designer de 22 anos viajou até a Itália para desfilar suas criações e participar de palestras e oficinas, além, é claro, de observar de perto o tão famoso estilo italiano de se vestir. “Conheci muito da moda dos italianos e também processos e produtos que ainda não chegaram ao Brasil. Quero colocar tudo isso em prática nas minhas criações”, afirma. Robson também é um dos finalistas do Prêmio João Turin, que este ano tem a música paranaense como inspiração. O resultado sai até dezembro.