Moda e beleza

Na estrada da moda

Texto: Larissa Jedyn e Fotos: Jonathan Campos
01/11/2012 02:08
A Expedição da Moda Viver Bem, em parceria com o Centro Europeu, foi à fronteira do Brasil com a Argentina, no Sudoeste do Paraná, para conhecer a moda feita em Chopinzinho, Dois Vizinhos, Ampére, Capanema e Francisco Beltrão.
A costura fina dos antigos alfaiates determinou a vocação da região para a moda masculina e, hoje, ganhou proporções industriais e adaptou-se aos modismos dos novos tempos. Mas há ainda outras caprichosas variações, como jeans, malharia, moda festa e lingerie
Chopinzinho
Lingerie, a propósito, é o negócio da Florallys. E de luxo! A criação e a fabricação das peças Florallys, Tanity (marca jovem) e de grandes redes de fast fashion ocorrem na fábrica em Chopinzinho, que conta com 3 mil m² e 160 funcionários. O perfil da empresa – que produz uma média de 30 mil peças/mês, sendo duas coleções por ano – é vanguardista e os modelos são ricos em detalhes e aviamentos. Famosa no Brasil inteiro (quase todo o elenco feminino da novela Avenida Brasil vestiu lingerie Florallys), a marca aplica as tendências internacionais, mesmo nos pequenos pedaços de tecido. A próxima coleção de inverno, por exemplo, segundo a estilista Mahyna Siqueira, será inspirada no barroco e terá materiais e efeitos rebuscados.
Dois Vizinhos
No primeiro mês de vida, a marca Cyntia Fontanella desfilou no Paraná Business Collection (PBC). Isso foi há três temporadas. E, desde então, os trajes a rigor assumem uma identidade fashion. “As coleções estão cada vez mais maduras e assumimos um estilo mais contemporâneo, sincronizado com as tendências internacionais”, diz Cyntia, que toca o negócio com o marido Péricles e o estilista Fabio Felizardo. No PBC, um inverno inspirado no decorativismo. “Serão verdadeiros vestidos-joias.” A marca produz uma média de 70 peças por coleção.
Enquanto isso, o jeans da Latreille vai vestindo o Brasil inteiro. Com foco nas classes B e C, o estilo do grupo, que conta com cinco marcas e comemora 30 anos de existência, segue as tendências do momento, desde que caiam no gosto do público: modelos contemporâneos, mas de linhas mais básicas, são reproduzidos em grades de tamanhos diferentes e com detalhes mais inusitados. Os produtos Latreille estão presentes em 3,5 mil lojas no Brasil – sendo que 45% da produção vai para as regiões Norte, Nordeste e Centroeste; 30% para o Sudeste e 25% para o Sul do país. O grupo produz por ano 800 mil peças.
Ampére
Passados 35 anos desde que o primeiro Krindges começou como alfaiate, a indústria que leva o nome da família criou quatro marcas – Docthos, Guilherme Ludwer, Aicone e K&F –, tecnologia de ponta e alfaiataria contemporânea que veste o homem dos pés à cabeça. Isso à base de trabalho e de uma grande sacada. “Depois de uma enchente que praticamente destruiu a região em 1982, o Renato (um dos irmãos Krindges, sócio do grupo) pegou algumas peças feitas por nós e levou para vender para atacadistas de São Paulo. O detalhe é que tínhamos x no estoque, e ele prometeu 3x de produtos. Aí, ou saíamos nadando e produzíamos, ou morríamos afogados”, comenta Luiz Krindges, também diretor da empresa. A família agora está crescendo e já começa a produzir suas linhas feminina (que a Docthos apresenta neste PBC) e infanto-juvenil.
Capanema
Urbanwear. Essa é a proposta do estilista Júlio K e do diretor de criação Charles Ghizoni para a All Purpose, que mistura alfaiataria com malharia bem elaborada. A marca vai desfilar no PBC suas coleções masculina e feminina, que vêm inspiradas pela temática pós-moderna “Terceiro Milênio e o despertar de uma consciência”.
A tradução disso vem em forma de estampas que pedem um tempo de reflexão, em materiais que misturam conceitos futuristas e retrôs e muitas peças utilitárias, com funções multiuso. A All Purpose faz parte há 3 anos do grupo Rocamp, que desenvolve e produz coleções de marcas esportivas e corporativas. Só de camisetas, a produção do grupo chega a 120 mil peças/mês.
Francisco Beltrão
Com 14 partes de tecido se faz uma camisa. E, para confeccioná-la, 40 operações, que vão de criação no computador, corte a laser e confecção seriada. Essa é a realidade da camisaria Luiz Eugenio. O negócio começou com Eugenio Konopatzki, proprietário da marca, que era representante comercial em Santa Catarina, veio para o Paraná para trabalhar em empresas de confecção e acabou entrando para o ramo. Das camisas, claro. Só que sempre terceirizou a produção. Quando começou a crescer, teve de assumir a fabricação. “A ideia era fazer umas 5, 6 mil camisas para ganhar um dinheiro. Mas as cinco viraram 10, as 10 viraram 15 e hoje são em torno de 50 mil camisas por mês”, comenta. Agora, a Luiz Eugenio vai lançar a Maria Eugenia (feminina), para se juntar às marcas Luiz Eugenio (peças mais sofisticadas), Walbann (clássica) e a Porto&Co (jovem), além da confecção para outras empresas. São ao todo três unidades de produção (Francisco Beltrão, Santa Izabel do Oeste e Eneas Marques), 450 funcionários e 25 representantes, que colocam as camisas em lojas de todo o Brasil.