Primeira parada: veja como foi a passagem da Expedição da Moda por Cianorte

A Expedição da Moda Viver Bem fez a sua primeira parada em Cianorte. A cidade – que é considerada um dos mais importantes polos de moda do país – vive, é claro, de moda. Aproximadamente 90% da polulação trabalham ou têm alguma relação com o setor: atuam em linhas de produção da indústria da confecção, na costura propriamente dita, na criação ou prestam serviços em estamparias, empresas de bordado, empresas que fazem etiquetas e afins.

Cianorte que está a pouco mais de 70 km de Maringá, mistura características de uma cidade que viveu do campo e hoje assiste a um crescimento vertiginoso por causa, principalmente, da indústria da moda. Essa vocação da cidade começou há mais de 30 anos, quando a geada negra arrasou as lavouras de café nos anos 1970.

O libanês Chebli Nabhan, na época comerciante e filho de mascate, resolveu comprar máquinas de costura, chamar algumas mulheres para fazer uma linha de produção e fazer roupa.

Seu Nabhan foi um dos primeiros a receber a equipe da expedição. Entre suas andanças pelos setores de produção da Private Label (a PL reúne a confecção de diversas marcas do grupo, com foco especial no jeans) e da Lavinorte – uma das mais importantes lavanderias da América Latina -, ele contou como pensou o negócio todo: queria formar um polo, mas sozinho não conseguiria. Então tratou de disseminar a ideia entre conhecidos e incentivar a criação de outras fábricas de roupa. De lá para cá o negócio deu certo.

Pensou também na estrutura de shoppings de pronta-entrega, com o sistema de agentes de moda, que trazem até hoje compradores de todo o Brasil para a produção de Cianorte.

A Lavinorte é especializada em lavar jeans. Por lá, toneladas de peças no material circulam em processos variados, que vão de marcas feitas em laser, aplicação de resinas para que o jeans ganhe toque aveludado, desgastes, colorações e efeitos 3D e deixam o jeans com a cara que a gente conhece. A empresa lava a produção de jeans das marcas do grupo PL e de outras como Levi’s, Calvin Klein, Osklen, Cantão, entre outras.

A média de peças lavadas por mês é de 400 mil (todas com cerca de oito operações). Outro destaque é a preocupação com a sustentabilidade: a Lavinorte trata a água usada na empresa e 60% é reaproveitado na lavanderia novamente.

A terceira parada do dia foi o Morena Rosa Group, que compreende as marcas Morena Rosa, Maria Valentina, Zinco e Joy e conta com mais de 30 unidades de trabalho, e 17 unidades de produção no Paraná, em São Paulo e no Rio Grande do Sul, responsável pelo fabrico da linha de calçados. Atualmente, o grupo, que emprega diretamente 2,4 mil pessoas e tem uma produção de 300 mil peças/mês, é reconhecido em todo o país.

Marco Franzato, presidente do Morena Rosa Group, não para de aumentar seus negócios. Quer crescer mais no mercado nacional, mas as exportações ainda são vistas por ele com ressalvas. “O Custo Brasil não nos torna competitivos fora do país”, diz, enquanto exibe a indumentária caprichada, toda da Zinco, que tem linhas masculina e feminina.

Em Cianorte, o grupo não trabalha com pronta-entrega, mas com representantes comerciais. Uma coleção leva cerca de 45 dias para ser produzida.

Os estilistas Bruno Delfino e Danúbia Girotto, que assinam a criação das linhas da Morena Rosa e Morena Rosa Beachwear respectivamente, mostraram no showroom um pouco do conceito da marca. Para eles, o mais importante é ter como foco a “mulher Morena Rosa”, sensual, feminina e elegante que encontra na marca roupas para a festa, para o trabalho e para as férias na praia. No caso da linha principal são produzidas 6 coleções por ano e a de praia tem duas coleções. Além de criarem os modelos, eles acompanham desde o desenvolvimento de estampas exclusivas, a escolha de acessórios e a produção propriamente dita.

O esquema de shoppings de pronta-entrega atrai compradores de todo o Brasil. Segundo Vulfrano Caban, gerente comercial do Asamoda Shopping, o diferencial fica por conta da rapidez da produção em Cianorte, o que faz ter novidades nas lojas a todsa semana. São seis shoppings atacadistas na cidade, todos com hotéis próprios ou conveniados, que recebem cerca de 120 excursões por semana. Entre os destaques da produção está o jeanswear, a modinha, as roupas plus size e roupas para o público evangélico.

O jeito tradicional de aplicar tinta sobre uma placa é só uma das formas de a Runas Designers trabalhar. Hoje, prensas modernas e até um carrosel que estampa quase mil peças por dia fazem a empresa ser procurada por marcas de toda o país. A empresa recebe as orientações da criação, traduz a estampa pensada pelo estilista em moldes e “receitas” a serem cumpridas a risca. Este é só um dos serviços terceirizados que existem em Cianorte.

Antes de sair de Cianorte, uma parada em um negócio que resiste ao tempo. A Gravataí é uma das cinco fábricas de gravatas que resistem no estado. Com a mudança da indumentária nos últimos anos, a produção caiu e teve de se adaptar. Por isso, o proprietário Oséas de Souza Gimenes, diretor do Sinvest, tratou de inventar a gravata de zíper, a gravata fácil (com o nó feito e uma faixa que prende a peça ao pescoço) e se adequou à estamparia digital. “Já não se encontram mais os tecidos de gravata. Então resolvemos fazer os nossos”, diz. Hoje, ele mantém 10 funcionários na fábrica e produz uma média de cinco mil peças/mês.