Moda e beleza
Bruna Covacci
Influências de Carmen Miranda na moda continuam atuais mesmo 61 anos depois da sua morte
O filósofo francês Gilles Lipovestsky escreveu em “O Império do Efêmero”, livro considerado uma bíblia fashionista, que a moda não pertence a todas as épocas nem a todas as civilizações. O que explica muito a influência que a cantora portuguesa Carmen Miranda (1909-1955), que hoje completa 61 anos de morte, deixou para o mundo todo, fazendo com que grifes internacionais como Prada, Dolce Gabbana e Versace se inspirassem nela para criar algumas de suas coleções.
Carmen despontou na década de 1940. Na época, a moda passava transformações motivadas pelo pós-guerra. Paris sofria pela falta de mão de obra. Nos Estados Unidos, as atrizes de cinema ditavam o que vestir com um quê europeu. A moda latina bebia das duas fontes. Mas a cantora queria algo próprio. Sozinha, construiu um estilo único, pautado pela cultura brasileira.
Cores vibrantes, alegria e sensualidade. Com essas características, Carmen Miranda, que completa hoje o aniversário de 60 anos de sua morte, se tornou uma das primeiras referências de moda nacional. Balagandãs, colares, saias, chapéus com frutas, turtbantes, vestidos, sapatos plataformas, bijuterias e joias eram usados com extravagância em suas performances artísticas. Sempre revelando “O que é que a Baiana Tem”.
Sua relação coma costura começou cedo. Aos 16 anos trabalhou numa loja onde aprendeu a fazer chapéus. Ela mesma confeccionava os seus figurinos. Suas sobrancelhas marcadas e o batom vermelho retratam a imagem da mulher dos anos 1940. Seus trajes de baiana, criados em 1938 para o filme “Banana da Terra”, fizeram tanto sucesso que foram parar na Quinta Avenida, em Nova York, substituindo criações de estilistas renomados.
Se hoje se fala em um DNA brasileiro, tão almejado internacionalmente e explorado com maestria por estilistas daqui como Ronaldo Fraga, é uma herança da cantora. Com ela, a cultura brasileira ganhou status e passou de traje típico para orgulho nacional.