Moda e beleza

Bruna Covacci

Juliana Jabour analisa o cenário da moda brasileira

Bruna Covacci
13/04/2015 17:21
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Nascer em Belo Horizonte é um privilégio para quem quer trabalhar com moda, já que a cidade recebe um dos maiores eventos de moda do país, o Minas Trend, semana de moda e negócios formada principalmente por criadores locais. Assim, a estilista Juliana Jabour contou com a ajuda de duas tias que se envolviam com movimentos do setor e da irmã mais velha, Patrícia, também estilista. Mesmo com vocação e bastante influência familiar, num primeiro momento Juliana quis ser diplomata. Aos 15 anos se mudou para os Estados Unidos. Seis anos depois embarcou rumo a Londres. Na capital britânica teve seu primeiro contato profissional com a moda trabalhando como buyer (compradora) de uma grande loja de departamentos. Após a longa temporada em terras estrangeiras, Juliana voltou ao Brasil com um novo sonho na bagagem: trabalhar com moda. E foi à luta. Em 2003, lançou sua própria marca, criando uma minicoleção que foi vendida na Pelu, loja moderninha de São Paulo. No ano seguinte já encarou seu primeiro desfile e, por duas temporadas, mostrou suas roupas na Casa de Criadores, evento paulistano que lança novos estilistas. Desde 2011 ela integra o line-up do SPFW — nesta edição, seu desfile acontece nesta terça, às 19h45. A estilista esteve em Curitiba durante a Party at the Mall, do ParkShoppingBarigüi, e conversou com o Viver Bem sobre o cenário da moda nacional.
A nova geração de estilistas, da qual você faz parte, é bastante autoral. A questão da força da identidade ressalta um novo momento da moda brasileira?
Com certeza. Antes de ter a minha marca eu integrei a equipe de estilo de diversas grifes, este é o caminho natural de muitos estilistas. A diferença é que quando você trabalha para outra grife você precisa respeitar o DNA que já existe. Ter a sua própria marca é a chance de mostrar aquilo que você tem vontade de expressar. Atualmente a moda brasileira tem muito estilista autoral bom que está sendo reconhecido pelo seu próprio nome, sem precisar ficar escondido por trás de uma ou outra marca.
E os estilistas assinaram coleções cápsulas para outras marcas como para a Riachuelo ou a própria Lez a Lez?
Isso é um fenômeno que vem acontecendo há um tempo nos moldes do que acontece lá fora. Mas com certeza, o consumidor de moda deseja hoje aquilo que tem o estilo e a modelagem do estilista X. Ele consome moda com informação. É para isso que servem as parcerias.
E como funciona a sua adaptação para aliar o seu DNA aos padrões da marca parceira?
Quando alguém te chama para uma colaboração, uma coleção cápsula, eles querem que você traga o seu DNA. O que você precisa adaptar é com relação à matéria-prima mais cara ou mais barata que está dentro do presspoint da marca. Mas é muito legal. Às vezes você percebe o quão bacana é trabalhar com materiais mais baratos, dá para ver que na moda tudo é possível.
O que você classifica como “o seu DNA”?
Eu tenho uma pegada contemporânea e urbana. É para uma mulher que tem informação de moda mas não abre mão do conforto. Eu tenho muitos elementos de sportswear nas minhas peças. Gosto de misturar uma alfaiataria incrível com um zíper ou um elemento que quebre o clássico. Fico também entre os anos 1970 e 1980.
Agora você assumiu a direção criativa da Lez a Lez…
Nós tivemos um namoro quando eu fiz uma coleção cápsula para eles. Aí desde o começo do ano eu assumi a direção criativa da Lez a Lez. Isso significa que eu empresto a minha expertise e o meu know how para as peças da marca. Vejo as coisas a partir dos parâmetros deles. O bacana é que a minha marca e a Lez tem pegadas super 1970, principalmente nas estampas.