A escolha da roupa usada pela primeira-dama Marcela Temer nos desfiles de 7 de setembro está causando controvérsias pela forma como foi noticiada, considerada por alguns como informação superficial e irrelevante diante da cobertura do momento político pela imprensa. Após ter sido protagonista da polêmica “Bela, recatada e do lar”, o traje de Marcela foi apontado em análises na imprensa como a personificação das mensagens do próprio presidente Michel Temer, transmitindo serenidade, ordem, progresso, limpeza e simplicidade. E é basicamente por isso que não há problema em tratar do assunto. O ato de vestir representa escolhas que carregam significados.
Deixando de lado a crítica ao direcionamento político ou ao tipo de cobertura jornalística feita por determinados veículos de imprensa, a análise feita sobre o vestido branco, sem mangas e de colo descoberto que Marcela usou no desfile da Independência, em Brasília, trata da verdadeira função da moda: mostrar quem você é e transmitir aos outros, por meio da sua escolha, mensagens, posicionamentos, opinião. E esse também é o papel do jornalismo de moda. Por isso, comentar sobre o comprimento de um vestido, sua cor ou o seu corte tem, sim, relevância.
Também é relevante apontar a mudança de comportamento da figura pública de Marcela Temer, que se tornou conhecida na cerimônia de posse da ex-presidente Dilma Rousseff por sua juventude e sensualidade, que não são exibidos agora na peça minimalista escolhida. Há significados por trás de suas escolhas e isso pode ser analisado pela sua vestimenta. E isso não vale exclusivamente para ela. O mesmo acontece com todos nós quando escolhemos nossas roupas diariamente.
O mesmo tipo de análise foi feita quando o ex-presidente Lula passou a usar ternos criados pelo estilista Ricardo Almeida. Não é o mesmo sentido de perguntar a uma atriz de Hollywood quem assina o seu vestido na cerimônia do Oscar. É tratar de serviço. Informação e mensagem.
Bruna Covacci é repórter do Viver Bem, da Gazeta do Povo.
