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Um dos modelos de carro que viraram bolsa e roupas é o Sandero; os tecidos, novos, foram descartados por estarem fora do padrão. Foto: Divulgação / Novo Louvre
Um dos modelos de carro que viraram bolsa e roupas é o Sandero; os tecidos, novos, foram descartados por estarem fora do padrão. Foto: Divulgação / Novo Louvre | Foto:

Do banco do carro à passarela. Esse é o desfecho de uma história que teria tudo para dar errado, não fosse a criatividade de Mariah Salomão Viana, do Novo Louvre. A marca curitibana, que completa uma década de história nesse ano, fez uma parceria com o Instituto Renault e com a Associação Borda Viva para transformar tecidos descartados em cinco modelos de bolsas exclusivas. A experiência deu tão certo que rendeu um bônus: cinco peças de roupas que variam entre saias, jaquetas e casacos. O resultado completo poderá ser visto de perto durante o desfile da marca nesta quinta-feira (28), no primeiro dia do ID Fashion.

“Você simplesmente não acredita que são roupas de resíduos. São superelegantes”, conta Mariah, diretora-criativa do Novo Louvre. O upcycling (que consiste em reaproveitar materiais descartados para criar novas peças) estava em seus planos há alguns anos, mas foi só agora que tudo funcionou em harmonia.

estamparia, forte identidade da marca, aparece no tecido jacquard dos automóveis em referências à história da loja de tecidos Louvre, criada em 1935 por seu bisavô sírio Miguel Calluf. “Uma das peças tem uma foto antiga em patch. É uma forma de representarmos a nostalgia de um jeito moderno”, diz ela.

Marca curitibana cria coleção de bolsas e roupas com tecidos de carros Renault
Detalhes das peças feitas a partir de tecidos de automóveis descartados. Fotos: Divulgação / Novo Louvre
Detalhes das peças feitas a partir de tecidos de automóveis descartados. Fotos: Divulgação / Novo Louvre

Uma década de história

Como já faz parte da tradição da marca, cada nova coleção homenageia um local da capital paranaense. Para esta edição comemorativa, a inspiração curitibana escolhida foi o Museu Oscar Niemeyer (MON), símbolo da arte e do design.

Intitulada de “Um Museu de Grandes Novidades”, a coleção se baseia na parceria com cinco marcas locais (além do trabalho conjunto com a Renault, citado acima): AnjussFrischmann’sPeitaRocio Canvas e Stitch – estas duas comandadas por estilistas que já passaram pelo Novo Louvre. A marca também se uniu ao curso de Design de Moda da Universidade Positivo para criar peças de jeanswear e lingerie e se inspirou no Gato Preto, icônico bar curitibano, para produzir estampas em estilo underground.

“A gente tentou pegar o know how, a expertise de cada marca”, diz Mariah. Seja com os moletons street style da Anjuss, seja com a nova frase que ilustra as camisetas da marca manifesto Peita (a já clássica “lute como uma garota” ganhou um toque bem paranaense: “lute como uma guria”), a ideia é mostrar que a colaboração pode ser o novo caminho da moda. A mensagem vem através do slogan da coleção, “No Logo”, uma crítica à “mania curitibana” de estampar as peças com logos no peito. “A qualidade está no design, na modelagem. Não é o logo que garante isso”, opina.

“A vanguarda é a tradição”

Depois de tanto tempo de história, é inevitável olhar com carinho para o passado. “É quase como uma auto-análise sobre tudo”, diz Mariah. E não é pouco. Embora o aniversário da marca seja de uma década, o Louvre tem, na verdade, 72 anos.

Mariah: a moda é "coisa de família". Foto: arquivo pessoal
Mariah: a moda é "coisa de família". Foto: arquivo pessoal

A explicação: Mariah Salomão Vieira, 37, não conheceu o bisavô materno, Miguel Calluf, mas sente uma conexão inexplicável entre os dois. As semelhanças são significativas – enquanto o bisavô passou boa parte da vida vendendo tecidos e depois se apaixonou pela construção de prédios (quem passa pela Praça Tiradentes ou pela rua Saldanha Marinho, no centro, pode ver alguns de seus feitos), a bisneta começou na arquitetura e depois mergulhou na moda. “Isso me toca bastante”, conta, emocionada.

Miguel Calluf com a esposa, Methilde, e os irmãos Munira (avó de Mariah) e Emir na Rua XV, década de 30. Foto: Arquivo Pessoal.
Miguel Calluf com a esposa, Methilde, e os irmãos Munira (avó de Mariah) e Emir na Rua XV, década de 30. Foto: Arquivo Pessoal.

Por conta disso, decidiu resgatar a história da loja de tecidos da rua XV, fechada desde os anos 80, em 2007. Nascia o Novo Louvre. Até hoje, a bisneta de Calluf faz questão de honrar suas origens. “Sempre tento trazer referências da história da minha família, mas sempre olhando para o futuro, para o novo. Essa é a essência da marca: a vanguarda é a tradição.”

Serviço: Atelier NovoLouvre | Rua Trajano Reis, 36, São Francisco | Curitiba – PR | Telefone: (41) 3232-0055 | www.novolouvre.com.br | Instagram: @novolouvre

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