Moda e beleza

Inspirado na HQ Sandman, Fábio Bartz faz coleção madura e usável

Danielle Brito
24/02/2010 00:07
Quando Fábio Bartz entra com seus modelos na passarela após o desfile, quase se confunde com eles. O ar tímido, que quase não o deixa cumprir o percurso,esconde uma mente inquieta, sempre a procura de algo novo.
O jovem, que assim como Jefferson Kulig é prata da casa, assume a inspiração estudada no HQ Sandman, de Neil Gaiman. Queria algo com uma linguagem oitentista
que remetesse ao inverno. Ele se debruçou sobre o universo soturno do guardião
dos sonhos com uma coleção amadurecida, com boas peças para o inverno.
Na passarela com beliches de campanha, o desfile performático trouxe ótima
alfaiataria em lã e sarja. Se a paleta de cores é contida – basicamente preto,
petróleo e cinza –, os tecidos e a modelagem fazem a sua parte. Casacos, trench coats e moletons vêm com bolsos, abotoamentos e botões que remetem ao
militarismo. Mesmo com alguns elementos surpreendentes, sua roupa é totalmente
usável.
O universo dark aos poucos vai cedendo para sonhos mais tênues, eróticos. A menina veste um lindo blazer de ombro estruturado com gola de cristais e tachas em formato de coração; o rapaz vem com calça-fetiche com nacos de pernas à mostra. A silhueta, tanto masculina quando feminina, é mais larga em cima e mais justa na parte de baixo, com calças de cetim e leggings rendadas. Os
tecidos sofrem interferências como as nervuras arredondadas e a renda junto ao
cetim. O casaqueto tem referência de capa de chuva, outro acaba com plumagens.
Enfim, a roupa não precisa seguir uma estrutura rígida, única. É, sem dúvida, a
coleção mais séria de Fábio, que assina a Fábio Bartz com peças-conceito e a
Bartzland, com camisetaria e peças mais casuais.
Com a coleção, o enfant terrible curitibano sai do campo das promessas e se
firma como um criador maduro, que sabe aonde quer levar sua moda.