Paraná Business Collection mostra a moda que é feita aqui

Há cinco anos o Paraná vem mostrando ao Brasil que, além de seu conhecido potencial produtivo no setor de confecções, por aqui também há muitos talentos criativos despontando no cenário nacional. Para citar apenas dois exemplos, nomes como Jefferson Kulig e Juliana Moriya, duas gerações de estilistas, são reconhecidos em todo o país. O primeiro, veterano, desfila na São Paulo Fashion Week. A jovem designer, por sua vez, vencedora do reality show It MTV Elle Fashion Fabric, é destaque da Casa de Criadores em São Paulo.

Depois de ter enfrentado – e vencido – as duas batalhas descritas anteriormente, em 2012 a moda paranaense enfrenta um novo desafio. Provar que, apesar da óbvia vocação para o frio, aqui se faz moda verão. E bem! É por isso que este ano o Paraná Business Collection (PBC), principal evento de moda do estado e um dos quatro mais importantes do Brasil (atrás apenas da São Paulo Fashion Week, do Fashion Rio e do Minas Trend Preview), terá pela primeira vez duas edições anuais.

A primeira começa nesta terça e vai até o próximo sábado, dia 30 de junho, reunindo no Centro de Eventos da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) os principais estilistas paranaenses e suas criações para a estação mais quente do ano. E, é claro, que os dois fashion designers que abrem esta reportagem estão presentes ao evento. A segunda edição do ano ocorre de 6 a 10 de novembro e apresentará as propostas de moda para o inverno 2013.

As duas edições anuais são motivo de comemoração para os coordenadores do PBC, Nereide Michel e Paulo Martins, que, com a novidade, conseguiram ajustar o evento paranaense ao calendário de moda nacional. “A mudança acontece para que o Paraná possa firmar presença neste calendário nas duas temporadas”, explica Martins. Segundo ele, o objetivo é que o estado, um dos principais polos da indústria da confecção nacional, se torne uma vitrine de coleções assinadas.

Com o tema Inventando moda, nessa sexta edição os estilistas apresentarão suas coleções de verão 2012/2013 “com a cabeça nas nuvens, mas os pés no chão”, como brinca Nereide Michel. “O propósito explícito é estimular a criatividade e a inspiração sem perder o foco do produto desenvolvido”, afirma. Para aliar esse potencial criativo dos designers à força produtiva do Paraná, além do line up principal com desfiles de 11 estilistas paranaenses, o evento ainda conta com exposições, ciclos de atualização, palestras e oficinas de moda, e também com o Ideia Moda, mostra paralela de dez novos criadores, além do Prêmio João Turin, que desde 2003 destaca novos talentos entre estudantes de moda do estado. No último dia do evento, inclusive, ocorrem os desfiles dos participantes do Ideia Moda e dos finalistas do prêmio.

O tradicional showroom de negócios ficará apenas para a edição de novembro, que trará as coleções e compradores de todo o Brasil. Para se ter uma ideia, o volume de negócios fechados e prospectados em 2011 chegou a R$ 11,5 milhões, valor superior ao de 2010, mostrando a vocação crescente do evento para os executivos do setor.

Desde sua primeira edição, em 2007, o PBC é realizado pela Fiep, por meio do Conselho Setorial da Indústria do Vestuário e Têxtil do Paraná; e pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Paraná (Sebrae/PR ). A relação da Fiep com a moda, aliás, vem de longa data, de uma época em que tanto a indústria de confecção quanto a instituição paranaense davam os primeiros passos: o sindicato dos alfaiates marcou a história da instituição fazendo parte de sua fundação, em 1944.

O presidente da Fiep, Edson Compagnolo, lembra que ele próprio acompanhou de perto as outras edições do PBC e as demandas do setor quando participou do Conselho Setorial da Indústria do Vestuário e Têxtil do Paraná. “Todos os sindicatos do conselho se reuniam uma vez por mês, e foi nessas conversas que concluímos que seria mais interessante centralizar em um só os eventos de moda que eram realizados em diversas cidades do Estado, com menos força e visibilidade”, completa.

O início de tudo foi em 2003, quando a jornalista Nereide Michel, depois de criar e atuar como editoria do Viver Bem, da Gazeta do Povo, criou o Curitiba Fashion Art (CFA) em conjunto com Paulo Martins, que assinava os editoriais de moda do suplemento. Precursor do que hoje é o PBC, o CFA nasceu para fortalecer a indústria do vestuário e valorizar os profissionais paranaenses.

Nove anos depois, o amadurecimento se mostra claro por meio da adesão de estilistas, empresários, público e patrocinadores. “Isso mostra que estamos no caminho certo e que o Paraná se consolida no circuito da moda, como estado que produz moda e trabalha com esse negócio”, avalia o diretor de Gestão e Produção do Sebrae/PR, Vitor Roberto Tioqueta.

E fez-se a luz
Para traduzir a moda inventada por eles, arquitetamos a nossa própria criação. Confira o que os estilistas prepararam para as passarelas

No escuro, só se ouve o clique. As luzes começam a ganhar formas e pintam um cenário surrealista. A respiração interrompida sustenta o movimento congelado. Outro clique e pronto. E lá se foi um momento que não volta mais. Esse é o clima do editorial que se propôs a imergir na mente criativa e subjetiva dos 11 estilistas que desfilam no PBC.

Com referências que vão do fundo do mar ao concreto grafitado, as marcas All Purpose, Camoa Brasil, Cyntia Fontanella, Docthos, Fábio Bartz, Francesca Córdova, Jefferson Kulig, Lady Louca, Lafort, Recco e Sinistra apresentam suas coleções para o verão 2012/2013 com foco no uso das peças.