Moda e beleza

Bruna Covacci

Morre o pioneiro da costura curitibana, Eleuther Vianna

Bruna Covacci
18/11/2016 16:52
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Eleuther de Alencar Guimarães Vianna faleceu aos 90 anos. Foto: Antônio More / Gazeta do Povo. | GAZETA

Glorinhas e Jandyrinhas. Não há mulher na sociedade curitibana que não tenha sonhado com um vestido feito por Eleuther de Alencar Guimarães Vianna, costureiro que faleceu na manhã de sexta-feira (18), aos 90 anos. Ousa-se dizer que suas criações se assimilavam a alta-costura: impecável até do avesso.
Eleuther desenhando em seu atelier. Foto: Antônio More/Gazeta do Povo.
Eleuther desenhando em seu atelier. Foto: Antônio More/Gazeta do Povo.
Formal, atendia suas clientes há anos na sua casa, onde também ficava seu ateliê na Rua Mariano Torres. O cenário representava muito da figura do costureiro, com móveis clássicos, lustres em cristais, obras de arte e uma invejável coleção de revistas de moda. Apartamento digno de alguém que tinha o título do bisneto do Visconde de Nacar. Estudou piano, pintura e civilidade, como costumava dizer.
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Sabia como deixar as mulheres à vontade, as entendia como ninguém. Suas criações eram atemporais e circularam entre os principais salões de festa da cidade. “Não existe nada de novo em se tratando de moda. Tudo o que se faz hoje já se viu em monumentos célebres”, disse certa vez em entrevista à Gazeta do Povo. Talvez por isso seus vestidos parecessem sempre atuais, mesmo aqueles criados há mais de 30 anos.
Muito a ser admirado: criador e vestido. Foto: Antônio More/Gazeta do Povo.
Muito a ser admirado: criador e vestido. Foto: Antônio More/Gazeta do Povo.
“Só trabalhava com material de primeira: rendas francesas e seda pura. Nada Made in China e tudo 100% natural”, lembra Celso Pedroso Nunes, empresário das extintas lojas de tecido Ravenna e Firenze, das quais Eleuther era habitué. Para ele, a elegância do costureiro fazia dele um homem diferente.
Seu trabalho, para Edson Korner, coordenador do curso Técnico em Estilismo de Confecção Industrial do Senai,  se entrelaça com a história da moda local.  “Ele era verdadeiramente apaixonado pelo seu ofício, tanto que trabalhou exemplarmente por 70 anos. Tinha tudo o que um estilista precisa ter: uma cultura invejável, talento para criação e o acabamento perfeito”, diz.
A estilista Silvia Fregonese o conheceu ainda quando criança, já que sua avó, Carmen Fregonese, começou a trabalhar na mesma época que Eleuther, formando uma dupla de pioneiros em moda festa na cidade.  “Ele era elegante, educado, culto e querido. As clientes tinham um grande carinho e admiração por ele”, conta. Silvia acredita que o estilista deixará muita saudade e que os seus desfiles ficarão sempre na memória da história da moda curitibana.
Na sua casa, cheio de obras de arte. Foto: Antônio More/Gazeta do Povo.
Na sua casa, cheio de obras de arte. Foto: Antônio More/Gazeta do Povo.
Trajetória
Sua carreira como costureiro começou no Rio de Janeiro, onde depois se tornou um modelista requisitado. Nos anos 1950 foi contratado para organizar os desfiles do estilista Jacques Heim, um grandes nomes da moda francesa na época, mas para estar perto da família voltou para o Paraná em 1963, onde logo começou a vestir as mulheres da sociedade curitibana e ficou conhecido por apresentar modelos à altura do sonho de cada cliente. O corpo está sendo velado na Capela Municipal São Francisco de Paula, capela 03. O sepultamento acontece sábado (19), às 11h, no Cemitério Municipal São Francisco de Paula.