Moda e beleza

Bruna Covacci

Quimonos de Giovanna Antonelli são feitos em Curitiba

Bruna Covacci
29/08/2016 13:12
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Quimono usado por Alice, personagem de Giovanna Antonelli, é de Curitiba. Foto: Globo / César Alves.

Já virou tradição e um desafio para as figurinistas: aquilo que a atriz Giovanna Antonelli usa nas novelas vira moda. Foi assim com o figurino de Jade, em “O Clone” (2001); a capa do celular da delegada Heloísa, de “Salve Jorge” (2012); os bodys e o esmalte de Clara, na novela “Em Família” (2014) e o estilo extravagante e sensual de Athena em “A Regra do Jogo” (2015). Dessa vez, a atriz vive a protagonista Alice, em “Sol Nascente”, novela das 18h que estreia nessa segunda-feira (29). A filha adotiva da família Tanaka traz a cultura japonesa para o seu figurino e parte das roupas usadas por ela, principalmente os quimonos, é feita artesanalmente em Curitiba por Iracema Tahira da Rocha, 68 anos.
Família Tanaka usa vestimentas tradicionais japonesas. Foto: Globo / César Alves.
Família Tanaka usa vestimentas tradicionais japonesas. Foto: Globo / César Alves.
A professora aposentada e descendente de japoneses confecciona os quimonos há 21 anos, desde quando abriu a Japonique, loja voltada a produtos orientais, no Mercado Municipal.  “Aprendi a confeccionar a peça de acordo com a tradição. Com a ajuda de minha mãe e uma amiga, traduzi um livro de 1930 que ensinava como fazer o quimono e comecei a produzir”, conta.
Para ficar pronta, cada peça exige, pelo menos, um dia todo de trabalho. São três metros de tecido que, depois, exigirão pelo menos 20 minutos de quem for vestir a peça pronta. Isso porque são diferentes etapas: vestir a parte de baixo (como se fosse um forro), a parte de cima e, por último, finalizar as amarrações que variam de acordo com o estilo do quimono e os tamanhos das faixas, que podem ser largas ou finas. Na loja no Mercado Municipal, as peças são vendidas por preços que variam de R$ 250 a R$ 700.
A mistura do quimono com peças do dia a dia como calça jeans e camiseta são dicas para tornar as peças usuais. Globo / César Alves.
A mistura do quimono com peças do dia a dia como calça jeans e camiseta são dicas para tornar as peças usuais. Globo / César Alves.
A filha de Iracema e diretora da marca, Janaina Tahira, 37 anos, levou a grife para São Paulo, onde há oito anos tem loja na Vila Madalena. “Eu sou mestiça. Minha mãe é descendente de japoneses e o meu pai é paraibano. Então eu tenho paixão pela mistura. Quando me formei na faculdade de Design fiz um trabalho que misturava estampas japonesas em peças ocidentais. Eu não queria ficar fazendo apenas o quimono tradicional”, conta. Assim, surgiram releituras das peças que podem ser usadas no dia a dia que ela considera o jeito “hafu” de ser brasileiro. Em japonês, hafu significa mistura.
Alice grava cerimônia do chá em "Sol Nascente". Foto: Globo / César Alves.
Alice grava cerimônia do chá em "Sol Nascente". Foto: Globo / César Alves.
“Eu acho que o mais legal do quimono é usá-lo em diferentes sobreposições”, fala. Para Janaina, é possível compor a peça com calça jeans e camiseta e até brincar com a mistura de estampas. Inspirado no vestido wrap, criado por Diane Von Furstenberg, ela criou quimonos que podem ser usados como vestidinhos por todos os tipos de mulheres, pois se ajustam no corpo com um transpasse. Seu uso também depende do tecido, os de malha são perfeitos para o dia a dia enquanto os de tecidos mais finos podem ser companheiros de uma mulher até para festas.
Flatforms também são forma de incorporar itens japoneses no estilo. Foto: Reprodução/Globo.
Flatforms também são forma de incorporar itens japoneses no estilo. Foto: Reprodução/Globo.
O modelo mais tradicional, chamado comercialmente pela marca de Geisha, tem a manga longa. “No Japão, mulheres solteiras usam mangas longas”, explica. A peça pode ser usada para uma festa ou para receber convidados em casa. O Sutorito, que vem do inglês street, é uma releitura da roupa que os homens usam em restaurantes. Ele pode virar até uma jaqueta. Já o Maiko (aprendiz de Geisha) tem a manga curta e pode ser usado como um coquetel dress. Também pode ser uma saída de praia, uma roupa para ficar em casa ou um vestidinho. Janaina lembra que várias marcas estão criando releituras de quimonos, que geralmente são casacos oversized abertos e não seguem a tradição da criação.
Na novela
As produtoras da Rede Globo estavam procurando peças orientais para compor os figurinos da novela e acabaram na Japonique, em São Paulo. Lá, escolheram alguns modelos prontos e também encomendaram peças para Alice e Kazuo Tanaka (Luis Mello), o pai da personagem de Giovanna. Entre as peças produzidas está um quimono para usar em casa, o de Kazuo, e o hakama de Alice, peça que a atriz já desfilou no Instagram. “Hakama é a parte de baixo da vestimenta, a saia-calça usada pelos samurais”, explica Janaina. Para a novela foi feita uma adaptação para que a peça fosse usada por uma mulher e a parte de cima é transpassada como um quimono.