Moda e beleza

*Isadora Rupp, de Londres

Saiba quem é a designer francesa que se tornou a “estilista da realeza”

*Isadora Rupp, de Londres
16/05/2018 20:23
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A princesa Kate é também uma cliente cativa de Catherine Walker. Foto: Phil Noble/Reuters. | REUTERS

O espaço simples e pequeno— quase apertado — com costureiras trabalhando concentradas em bordados manuais e arremates de vestidos não denunciam nem de longe o luxo por trás das peças produzidas no ateliê da estilista Catherine Walker, em uma rua simpática do Chelsea, em Londres.  A marca, preferida da Princesa Diana, continua presente na família real britânica: é usada com frequência por Kate Middleton nos eventos oficiais e tem tudo para ser a escolhida também por Megan Markle, em breve a nova integrante da coroa.
A fachada da loja-ateliê. Foto: Divulgação.
A fachada da loja-ateliê. Foto: Divulgação.
“Nós escolhemos permanecer pequenos”, diz o diretor da marca Said Cyrus, marido de Catherine (ela morreu de câncer em 2010 e ele deu continuidade ao ateliê, fundado pelo casal em 1977). E isso mesmo com a pressão causada no final dos anos 1980 e anos 1990, quando as peças caíram nas graças da Princesa Diana, talvez a maior garota-propaganda da marca.

Processos

É justamente o modo totalmente artesanal que colocou a marca como a líder em alta-costura no Reino Unido. Em primeiro lugar, Cyrus conta que faz duas coleções ao ano, algo praticamente impensável em tempos de fast fashion e clientes que demandam o tempo todo por novidades.
Para se ter um modelito “perfeito” são tiradas cerca de 35 medidas da cliente. O molde é feito em papel e, só depois de todos os números acertados, o tecido é cortado.
Trabalho é realizado artesanalmente por uma equipe enxuta. Foto: Isadora Rupp/Gazeta do Povo.
Trabalho é realizado artesanalmente por uma equipe enxuta. Foto: Isadora Rupp/Gazeta do Povo.
O corte, aliás, é a marca registrada: em um Catherine Walker se vê sempre ombros estruturados, que dão um ar de elegância e são atemporais. “Temos roupas de 20 anos atrás que continuam fantásticas”, fala Cyrus.
Mas há também a possibilidade de encomendar um Catherine Walker pela internet sem medidas tão minuciosas (é preciso de adaptar aos novos tempos, afinal).  De acordo com a marca, há uma “demanda massiva” vinda de todo o mundo.  Plebeus podem ter o seu próprio modelo — se tiverem como pagar, claro: as roupas começam em 2 mil libras (cerca de R$ 5 mil) e podem chegar a 20 mil (quase R$ 100 mil). 

A amizade com Diana

Catherine Walker vestiu a princesa Diana por 16 anos e, mesmo com tanto tempo de relação próxima, se encontraram pessoalmente apenas duas vezes.  Os desenhos e pedidos eram encaminhados para a princesa, que dava um briefing muito breve do que queria (o que, admite Cyrus, às vezes dificultava o trabalho). A única cor vetada era a laranja. Entre as favoritas, preto, vermelho, branco e tons pastéis.
O zelo com o qual a estilista lidava com os pedidos de Diana explicam muito o porquê de ela  continuar sendo, até hoje, uma das favoritas para vestir a família real em eventos: a marca preza por uma vasta pesquisa antes de desenhar qualquer modelo.
Detalhes do ateliê: Catherine vestiu Diana por 16 anos. Foto: Isadora Rupp/Gazeta do Povo.
Detalhes do ateliê: Catherine vestiu Diana por 16 anos. Foto: Isadora Rupp/Gazeta do Povo.
Em tempos sem internet, Catherine e Cyrus viajavam para os países em que o Príncipe Charles e Diana fariam uma visita oficial para entender mais sobre a cultura e não cometer nenhuma gafe. Além disso, como forma de homenagem, incorporavam alguma cor,  elemento ou estampa que fizesse uma referência direta (porém com sutileza, sem ser caricato) nos vestidos.

Visita ao Brasil

A única vez em que Diana fez um pedido bastante direto foi quando ela e o então marido vieram ao Brasil, em 1991: eles não deveriam usar, em hipótese alguma, as cores branco e azul — o trauma da Copa de 1990 ainda não tinha passado (quando fomos eliminados pelos hermanos) e a princesa queria evitar qualquer animosidade.  O resultado: um belo modelo branco de um ombro só, com flores cor-de-rosa, todo bordado, que pode ser visto no Kensington Palace na mostra Diana: sua história fashion.
O vestido exposto no Kensington Palace. Foto: Isadora Rupp.
O vestido exposto no Kensington Palace. Foto: Isadora Rupp.
A amizade entre Catherine e a marca foi tão intensa que, depois da separação do Príncipe Charles, a estilista continuava fazendo vestidos para Diana — como já não podia bancar as peças, eles eram pegos emprestados.  “No fim da vida ela era embaixadora das suas ações de caridade e se vestia de acordo, sem ostentações”, salienta Cyrus. O que aumentou o frisson pela marca: todo mundo queria o bendito vestido depois dos eventos.

Casamento real

Por questões previstas em contratos, o diretor da marca dá pouquíssimas informações sobre os seus clientes da realeza. As únicas são de que Kate é uma “boa cliente”, que convidados do casamento de Harry e Megan Markle encomendaram vestidos no ateliê e que a família real sempre paga pelas encomendas.

Serviço:

Para quem ficou curioso e não quer apenas passar pela rua e observar a fachada da loja-ateliê, saiba que a marca agenda visitas para grupos de turistas. Todas as informações de contato estão no site da Catherine Walker.
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