Moda e beleza

Daniela Neves - danielan@gazetadopovo.com.br

Temporada de queda

Daniela Neves - danielan@gazetadopovo.com.br
28/06/2009 03:12
A cada dois anos, os fios da cabeça são trocados totalmente, em um ciclo de queda, repouso e nascimento de novos fios. Às vezes, a queda é mais acentuada, o que não deve preocupar se a reposição de fios for proporcional. “Cada pessoa tem um tempo diferente. Se não fosse assim, ficaríamos dois anos calvos e dois anos com cabelo. Pessoas de todas as idades, de qualquer sexo e moradores de todas as partes do mundo costumam perder cabelo nessa época do ano”, diz o médico tricologista paulistano Luciano Barsanti. Em geral, os cabelos crescem cerca de 0,33 milímetros por dia ou um centímetro ao mês.
Pesquisas da área mostram que o cabelo cresce um pouco mais no verão do que no inverno e cai mais no outono. Além disso, alguns hábitos comuns do clima frio facilitam a queda. Tomar banhos muito quentes é um deles. O aquecimento excessivo pode formar bolhas na estrutura dos fios, deixando-os mais frágeis e quebradiços.
A água quente aumenta a oleosidade do couro cabeludo, fazendo com que surjam alergias na região da cabeça, ou caspas, que é a descamação do couro cabeludo. “Todas as situações que ressecam a pele do couro cabeludo, como uso de secador muito quente, exposição ao sol por períodos longos e banhos muito quentes geram um ‘efeito rebote’, ou seja, o organismo interpreta que a pele está muito seca e produz ainda mais óleo”, explica Maria Angélica Muricy, médica dermatologista e especialista em tratamento da calvície.
Mas não é o banho quente o único vilão do cabelo nessa época do ano. O inverno induz a uma alimentação mais gordurosa, com menor quantidade de frutas e verduras. O desequilíbrio nutricional afeta as quantidades ideais de vitaminas no organismo, o que também é sentido pelos cabelos, que ficam mais opacos e quebradiços. “O uso de gorros e bonés e a menor exposição ao sol saudável ajudam na proliferação de fungos”, diz Barsanti.
Para quem pensa em comprar produtos especiais para diminuir a queda, a médica Maria Angélica diz que o xampu antiqueda não é o ideal para o tratamento capilar. Fica somente alguns minutos em contato com o couro cabeludo, não dando tempo de os ativos penetrarem nos poros e terem ação na raiz. Os xampus têm uma melhor ação nas alterações da pele do couro cabeludo como caspa, oleosidade, infecções causadas por fungos ou bactérias. Para a queda, os médicos costumam indicar loções capilares que ficam no couro cabeludo por cerca de quatro horas.
Fatores ocultos
Problemas emocionais também podem desencadear queda de fios. A química industrial Sandra Carla Mariotto, 42 anos, passou dois anos tomando vitaminas e usando produtos para diminuir uma acentuada queda de cabelo. Os remédios ajudavam um pouco, porém o cabelo voltava a cair mais do que o normal. “Meu médico chegou à conclusão que era estresse. Quando mudei de função no trabalho para uma que me agrada mais, passei a curtir melhor meus finais de semana na natureza, com amigos e família. Os fios pararam de cair”, conta Sandra, que está há dois meses livre do problema.
A médica Cristiane Kist, especialista em transplante capilar, diz que a queda ainda pode ser causada por disfunção hormonal. “Uma pessoa que passou por uma cirurgia, gravidez ou outra mudança que gere uma diferença hormonal pode sentir uma queda maior de cabelo. Mas é bom investigar se realmente a causa é emocional, hormonal, ou se há outros fatores envolvidos”, diz. Ela observa que as mulheres que têm problemas de calvície demoram para procurar ajuda. Disfarçam com lenços, prendem o cabelo e somente procuram um médico quando a queda vira um problema mais sério. “Nesses casos, assim como em homens, podemos fazer implantes e conseguir um bom resultado”, diz Cristiane.
Serviço
Maria Angélica Muricy (dermatologista), Clínica Muricy, fone (41) 3242-8371 / Cristiane Kist (especialista em transplante capilar), fone (41) 3363-4555/ Luciano Barsanti (diretor-clínico do Instituto do Cabelo de São Paulo), fone (11) 5051-2525.