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| Foto: Carol Sábio/Divulgação

Não saber desligar o modo ‘profissional’ ao fim do dia é um dos principais problemas da maioria dos executivos que ocupam posições importantes em empresas. Como precisam resolver problemas e tomar decisões de grandes proporções, o estresse laboral gera consequências à saúde, vida pessoal e profissional. O alerta vem do especialista em relações com o trabalho, André Caldeira, diretor da Proposito, empresa de estratégia e desenvolvimento humano, autor do livro Muito Trabalho, Pouco Stress (Editora Évora, 2013, R$ 39,90) e que dedicou 20 anos à carreira executiva.

Há diferença no nível de estresse entre executivos e níveis hierárquicos mais baixos?

Não necessariamente, mas quanto mais alta a posição, maior a chance de estar exposto a situações estressantes: eles tomam decisões mais complexas, com maiores consequências para a empresa. E a literatura fala de dois tipos de pessoas: o tipo A é o que internaliza, que se torna uma panela de pressão de problemas. O tipo B é como um canal, os problemas passam por ele e seguem como em um fio terra, deixando-o tranquilo. Uma pesquisa recente indicou que mais de 75% dos CEO’s (Chief Executive Officer) de 500 empresas no Brasil são do tipo A.

Como o executivo consegue extravasar essa pressão?

Primeiro pelo autoconhecimento: entender o que te influencia, como você processa as situações. Se eu chego em casa e não desligo o celular, o aparelho é uma coleira que te prende ao trabalho. Também ajuda disciplinar minimamente as atividades da vida pessoal, criando um método que ajude a extravasar o estresse de forma recorrente.

A ligação excessiva com o emprego pode se equiparar a um vício?

A pessoa que se acostuma com aquela adrenalina pode ter uma espécie de crise de abstinência ao se deparar com um sábado à tarde livre, sem trabalho. O que deveria ser uma coisa boa vira motivo de ansiedade. Qual seria o limite do saudável? Aí entra a importância de se autoconhecer, medir e avaliar antes que o desequilíbrio leve a um problema fisiológico.

Quais as consequências desse vício para a pessoa e para a empresa?

Manter o ritmo impacta a produtividade, criatividade, sua relação com os outros. Se você tem pavio curto ou se isola, isso influencia os outros a sua volta: o funcionário acaba deixando a empresa porque não aguenta o gestor e isso cria danos trabalhistas. O custo do presenteísmo (quando a pessoa tem o potencial cerceado pelo esgotamento, só está de corpo presente na empresa) é 11 vezes maior que o custo do absenteísmo (pessoas afastadas por problemas de saúde). A conta do estresse profissional somente nos Estados Unidos, hoje, é de mais de US$ 350 bilhões anuais.

Como será o futuro dos executivos, das empresas?

Só vai piorar. Os mercados vão ficar cada vez mais competitivos, a tecnologia vai permear cada vez mais e a globalização veio para ficar. As gerações mais novas estão chegando ao mercado e o cenário vai ficar cada vez mais parecido com uma panela de pressão. É importante que cada um dos gestores acorde para o que pode ser feito para extravasar, como preservar e nutrir a sustentabilidade humana dentro das empresas.

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