Saúde e Bem-Estar

Cecília Aimée Brandão, especial para a Gazeta do Povo

Abrupto ou gradual? Escolha o método para parar de fumar sem remédio

Cecília Aimée Brandão, especial para a Gazeta do Povo
15/03/2019 17:00
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Há três métodos para parar de fumar sem medicamentos. Escolha o seu! Foto: Bigstock.

Parar de fumar de vez é uma missão que nem todos conseguem concluir de maneira definitiva. Além de medicamentos, como os disponibilizados pelo Ministério da Saúde para o tratamento do tabagismo na Rede do SUS, como a Terapia de Reposição de Nicotina (adesivo transdérmico e goma de mascar) e o cloridrato de bupropiona, a parada pode ser programada baseada em três métodos não medicamentosos:
Parada abrupta: é quando o tabagista define que vai parar de uma hora pra outra de forma radical. Ou seja, se o fumante consome em torno de 20 cigarros por dia, ele fuma normalmente hoje e amanhã não fumará nada.
Parada gradual por redução: é quando o número de cigarros fumados ao longo do dia é reduzido gradualmente, até que nenhum mais seja consumido. Por exemplo: se a pessoa fuma 20 cigarros por dia, fumará 20 em um dia, 15 no outro, então 10, depois 5 e, finalmente, nenhum.
Parada gradual por adiamento: neste método, a cada dia é atrasado em um período o consumo do primeiro cigarro do dia, até que não se acenda mais nenhum. Se a pessoa está acostumada a acender seu cigarro às 8h, adia em duas horas, e começa a fumar às 10h. No segundo dia, o primeiro será às 12h, e assim por diante, até que não se acenda mais nenhum.
Há três métodos para parar de fumar. Escolha o seu! Foto: Bigstock.
Há três métodos para parar de fumar. Escolha o seu! Foto: Bigstock.

“Nos métodos de parada gradual, o tempo entre o início das ações de redução ou adiamento e a cessação total do tabagismo não deve ser longo, para não desestimular”, alerta a coordenadora médica dos programas de saúde da Paraná Clínicas, Caroline Caldeira.

Porém, ela ressalta a importância de ter um acompanhamento médico com uma equipe multidisciplinar de saúde: “quando o paciente é bem orientado, profissionalmente, a chance de sucesso na parada do consumo do cigarro é muito maior”, diz Caroline.
Quanto à efetividade dos métodos, segundo ela não existe um que seja mais adequado do que o outro.
A decisão sobre qual deles será o escolhido depende da avaliação individual de cada caso, e da forma na qual o paciente se encontre mais seguro e confiante.

“Motivar-se, procurar ajuda médica e seguir corretamente as orientações de tratamento formam a melhor receita para conseguir vencer a luta contra o tabaco”, explica Caroline.

Medicamentos resolvem

Por outro lado, o uso de medicações e terapias de reposição de nicotina (como adesivos, gomas de mascar e pastilhas), está relacionado a maiores taxas de sucesso no tratamento antitabagismo.
“Recomendamos que a melhor forma seja definida junto à equipe médica responsável por auxiliar o paciente na parada do tabagismo. Outros tipos de terapias auxiliares também podem ajudar, como terapia cognitivo-comportamental e acupuntura. Mas o mais importante é a motivação do paciente, isso que fará diferença”, esclarece a médica.

“O mais importante é que o tabagista esteja consciente da sua decisão e motivado para seguir adequadamente as orientações no tratamento antitabagismo. Seja qual for o método escolhido, é fundamental que seja definida a data em que o cigarro será abandonado”, diz Caroline.

Tabagismo

O tabagismo é uma doença crônica causada pelo consumo da nicotina, substância presente nos cigarros, e afeta um bilhão de pessoas no mundo inteiro. No Brasil, um em cada quatro homens é fumante; entre as mulheres, uma em cada 20 é dependente do cigarro.
Considerando que o tabagismo é um dos principais fatores de risco evitáveis para morte precoce e invalidez, os números são altos e cada vez mais programas para acabar com a dependência têm surgido no país.

“Quem fuma sofre de dependência química, ou seja, é alguém que ao tentar deixar de fumar, se defronta com grandes desconfortos físicos e psicológicos que trazem sofrimento e que podem impor a necessidade de várias tentativas até que finalmente consiga abandonar o tabaco”, esclarece Andréa Reis, chefe substituta da Divisão de Controle do Tabagismo e Outros Fatores de Risco – do INCA (Instituto Nacional de Câncer).

O ponto fundamental para que a luta contra o cigarro seja vencida é ter plena consciência e vontade de superar o vício por parte do usuário.
Benefícios
O Inca aponta, em ordem cronológica, o que acontece caso o cigarro seja abandonado agora:
• Após 20 minutos, a pressão sanguínea e a pulsação voltam ao normal.
• Após 2 horas, não há mais nicotina circulando no sangue.
• Após 8 horas, o nível de oxigênio no sangue se normaliza.
• Após 12 a 24 horas, os pulmões já funcionam melhor.
• Após 2 dias, o olfato já percebe melhor os cheiros e o paladar já degusta melhor a comida.
• Após 3 semanas, a respiração se torna mais fácil e a circulação melhora.
• Após 1 ano, o risco de morte por infarto do miocárdio é reduzido à metade.
• Após 10 anos, o risco de sofrer infarto será igual ao das pessoas que nunca fumaram.

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