Saúde e Bem-Estar

RBS, por Leandro Rodrigues

Os lugares que mais causam acidentes com morte dentro de casa

RBS, por Leandro Rodrigues
28/11/2018 12:00
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Crianças são, naturalmente, curiosas e imaginativas, e os cômodos da casa tornam-se cenários para uma série de brincadeiras. Foto: Bigstock

Duas tragédias envolvendo crianças nas últimas semanas voltaram a alertar para os cuidados que pais e responsáveis precisam ter com os pequenos. A primeira, no dia 10 de novembro, foi com o menino Lucca Guilherme, seis anos, filho do  ex-goleiro de Coritiba e Cruzeiro Elisson Aparecido Rosa, e comoveu o Brasil: morreu porque um armário de madeira caiu sobre ele quando tentava pegar um refrigerante sobre o móvel. O acidente mais recente foi em Passo Fundo, no dia 17, quando Enzo Gabriel Vieira, três anos, morreu afogado na piscina de casa, no bairro Santa Maria.
Infelizmente, os elementos envolvidos nesses casos não surpreendem o pediatra Silvio Baptista, diretor da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul. Ambos estão ligados a características relacionadas às idades das vítimas e à exploração dos ambientes. Quanto mais velhas elas ficam, maiores serão os desafios que procuram.
O goleiro publicou sobre o caso nas redes sociais:
Esse tipo de acidente do menino de seis anos, por exemplo, é muito característico dessa idade. Elas são ágeis e começam a fazer escalada em móveis dentro de casa. Provavelmente, esse menino, para alcançar o refrigerante, fez isso. A regra é que, se o móvel tem algum risco de virar, mesmo pequeno, precisa ser fixado na parede.
No caso das piscinas, a ONG Criança Segura destaca como obrigatória uma proteção em volta delas com cerca de, no mínimo, um metro e meio de altura, justamente para impedir as escaladas.
De acordo com a instituição, os acidentes são a principal causa de morte de crianças e adolescentes de zero a 14 anos no Brasil. Todos os anos, aproximadamente 3,7 mil meninas e meninos nessa faixa etária morrem, e outros 113 mil são hospitalizados. Conforme os dados mais recentes do Ministério da Saúde (referentes ao ano de 2016), quedas como a de Lucca são o quinto tipo de acidente fatal mais frequente para os pequenos: provocaram 183 mortes no país – sem contar as quase 52 mil hospitalizações. O campeão de óbitos segue o trânsito brasileiro: 1.292 vítimas.

Cuidado especial na casa dos avós

Foto: BigStock
Foto: BigStock
O ambiente doméstico, onde as crianças passam boa parte do tempo, é um dos mais perigosos, escondendo armadilhas como a que vitimou o filho do ex-goleiro do Cruzeiro. Crianças são, naturalmente, curiosas e imaginativas, e os cômodos da casa tornam-se cenários para uma série de brincadeiras. Nessa fase da vida, pais e responsáveis devem estar atentos e avaliar possíveis riscos expostos na residência.

Se dentro da própria casa a atenção tem de ser grande, ao sair para visitar familiares – o acidente de Lucca ocorreu no sítio de parentes – o cuidado não pode arrefecer. Um desses ambientes, muitas vezes já despreparados para o público infantil, é a casa dos avós.

“Às vezes, a criança não vê a casa dos avós faz anos. Ela é curiosa, vai explorar ambientes desconhecidos. Nessas ocasiões, é a observação atenta dos cuidadores que evita acidentes em locais que não têm o mesmo preparo de onde a criança vive”, aponta Baptista.

Além disso, geralmente, onde vivem pessoas mais velhas, há grande quantidade de remédios, um enorme perigo. O especialista salienta, ainda, inimigos ocultos: botões, colar de contas, moedas e pequenas baterias, daquelas usadas em relógios de pulso, que podem provocar sufocamento.

Para produtos de limpeza, um cuidado especial: jamais tirá-los das embalagens originais e passá-los para outras, como garrafas pet. “As crianças associam garrafas pet com refrigerante, algo que se bebe, não com produto de limpeza, muitas vezes, com cheiro de suco. E, outra: as embalagens originais têm as instruções corretas dos primeiros socorros em caso de ingestão”, pontua o pediatra.

Os cuidados no ambiente doméstico

(Foto: Bigstock)
(Foto: Bigstock)
Crianças, ainda mais as menores, passam muito tempo em casa. Os pais, muitas vezes, podem acreditar que se trata do lugar mais seguro para elas. O problema é que nesse ambiente existem objetos que representam potenciais riscos de acidentes. Ainda mais quando a residência não é onde a criança mora. Para garantir a segurança de meninos e meninas em todos os cômodos da casa, confira um mapa dos principais perigos domésticos.

Cozinha

The boy drinks water from a glass. Children quench their thirst on a hot summer day. The brothers play together at home. Naked kids run around the house. The child is cleaning in the kitchen.
The boy drinks water from a glass. Children quench their thirst on a hot summer day. The brothers play together at home. Naked kids run around the house. The child is cleaning in the kitchen.
Não é lugar de criança. Se ela estiver lá, precisa de observação individual permanente.
Fogão: use as bocas de trás e certifique-se de que os cabos das panelas estejam virados para dentro, fora do alcance das crianças.
Sacos plásticos, fósforos, isqueiros, álcool, objetos de vidro, cerâmica e facas: o mais alto possível, fora do alcance delas, em gavetas e armários com porta e trava de segurança.
Toalhas de mesa: não use compridas, porque as crianças podem puxá-las para se apoiar. Se houver algo em cima, como líquidos e alimentos quentes, podem acontecer acidentes.

Banheiro

Vaso sanitário: sempre com a tampa fechada, se possível lacrada com algum dispositivo de segurança, ou deixe a porta do banheiro trancada.
Medicamentos, vitaminas, antissépticos bucais: sempre em gavetas com trava de segurança.
Aparelhos como lâminas de barbear, tesouras e secadores de cabelo: devem ficar o mais alto possível e em armários também com trava, por precaução.
Banheira: as crianças nunca podem ficar sozinhas no banho quando ainda pequenas. Quando não estão sendo usadas, as banheiras devem ficar sempre vazias.

Quartos

Berço: sufocações podem ser causadas por travesseiros e lençóis dentro do berço. As grades devem ter no máximo cinco centímetros de distância entre elas.
Beliche e camas: crianças com menos de seis anos devem ficar na parte de baixo. Se não houver escolha, instale grades nas laterais. E evite colocar o móvel perto de janelas.
Brinquedos: considere a idade e a habilidade da criança e busque sempre o selo do Inmetro. Evite aqueles com pontas afiadas, como flechas, e os que produzem sons altos.

Garagem

De novo, não é lugar de criança, pelos objetos perigosos que guarda. Ferramentas e utensílios: em locais altos, fora do alcance, e em gavetas e armários fechados. Use a ferramenta e guarde-a imediatamente.
Veículo: ao manobrar o carro, certifique-se de que a criança não está por perto. Tranque o veículo, especialmente o porta-malas, e mantenha as chaves e os controles automáticos longe do alcance.

Lavanderia ou área de serviço

Tire as crianças da lavanderia. Foto: Bigstock
Tire as crianças da lavanderia. Foto: Bigstock
Mesma regra da cozinha: não é lugar de criança pequena. Baldes e bacias: após utilizá-los, guarde-os virados para baixo e longe do alcance. Produtos de limpeza: guardados em lugares altos ou trancados. E, atenção: sempre nos recipientes originais para não confundir as crianças.

Playgrounds

Quedas representam as mais severas lesões. O risco é quatro vezes maior se a criança cai de um brinquedo mais alto do que 1m30cm.
Verifique se os equipamentos são apropriados para a idade de seu filho.
Fique atento aos perigos como ferrugem, pregos expostos e superfícies instáveis ou quebradas.

Na rua

Ensine seu filho a parar na calçada ou no canto da rua e a olhar para os dois lados antes de atravessar. Crianças com menos de 10 anos não devem cruzar a rua sozinhas e, quando acompanhadas de adultos, devem ser seguradas pelo pulso.
Ensine seu filho a respeitar faixas de pedestres e sinais de trânsito.

Piscina e jardim

Protegidas com cercas de, no mínimo, um metro e meio de altura, que não possam ser escaladas.
Portões com cadeados ou trava de segurança dificultam o acesso dos pequenos.
Ao usar a piscina, é necessária a supervisão de um adulto o tempo todo.
Esvazie piscinas infantis após o uso e guarde-as longe das crianças.
Plantas: antes de comprar, verifique se ela não é venenosa e apresenta perigo para os pequenos.
Lajes: nunca deixe que seus filhos brinquem na laje da casa. As quedas são quase sempre fatais.
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