Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo

Do combate a dor à depressão, benefícios da acupuntura são cada vez mais reconhecidos

Amanda Milléo
02/12/2018 12:00
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Não apenas contra dores, mas contra doenças importantes, como depressão, a acupuntura pode trazer benefícios (Foto: Bigstock)

Técnica da medicina tradicional chinesa, a acupuntura criou entre os ocidentais a fama de amenizar as dores. Fossem elas as dores de cabeça, na coluna ou dores decorrentes de alguma doença específica, as agulhadas em diferentes pontos pelo corpo contribuiriam com o retorno do bem-estar geral do paciente em menos de uma hora. A acupuntura, porém, não se resume a um analgésico.
Em 2003, a Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um relatório no qual elenca quais condições podem ser efetivamente tratadas com o uso da acupuntura, com base em diferentes estudos clínicos. Entraram na lista condições mentais, como a depressão, a rinite alérgica, as reações adversas de quimio e radioterapia, entre outras 25 doenças.

“A acupuntura ficou conhecida por isso [pelo tratamento das dores], mas tem vários estudos científicos hoje que ampliam as indicações para uma gama de situações, como depressão, ansiedade, gastrite, síndrome do intestino irritável, artrite reumatoide, problemas de pele, alergias, insônia. A lista tem se ampliado com as condições clínicas”, enumera Luiz Fernando Nicolodi, médico de família e especialista em acupuntura, membro do Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura. 

Gastrite, refluxo, constipação e até mesmo problemas neurológicos podem ter os sintomas amenizados a partir da acupuntura, conforme lembra Vanessa Erthal, fisioterapeuta especialista em acupuntura, mestre em Tecnologia de Saúde e doutora em Engenharia Biomédica, e professora do curso de fisioterapia da Universidade Positivo.

“Faço pesquisa na área de pacientes com paralisia cerebral e a acupuntura pode auxiliar em problemas neurológicos também, como pessoas com derrames. Essa atuação da acupuntura, em geral, as pessoas desconhecem, mas toda a parte respiratória, neurológica, gastrointestinal ganha muito com a técnica”, explica Vanessa Erthal, fisioterapeuta especialista em acupuntura. 

Como a acupuntura funciona?

Conforme o especialista em acupuntura coloca as agulhas em pontos estratégicos pelo corpo, elas começam a estimular vias neurais que, por sua vez, estimulam os sistemas nervoso simpático e parassimpático, levando a uma regularização e harmonização das funções vitais. É, assim, portanto, que a acupuntura age, tanto na redução das dores quanto no tratamento das doenças.
Vasos sanguíneos, glândulas e secreções endócrinas, e diferentes órgãos podem ser, então, “tocados” pela acupuntura, que gera uma sensação de relaxamento e bem-estar. “As pessoas perguntam se tem algum remédio nas agulhas, e não tem. Costumamos dizer que o remédio está no corpo da pessoa. A ação da acupuntura favorece a reorganização dos sistemas imune, nervoso, respiratório, etc”, explica Luiz Fernando Nicoloti, médico de família, especialista em acupuntura.
Em geral, é necessário um encontro por semana, especialmente quando o tratamento visa condições crônicas. Mas, casos de dores agudas, como torcicolo ou lombalgia aguda, é possível fazer duas a três sessões na semana, ou mesmo todos os dias.

“A acupuntura é um procedimento invasivo. Às vezes a pessoa acha que a agulha está apenas na pele, mas ela pode ir a níveis mais profundos, perfurando o tecido subcutâneo, estimulando nervos, perfurando vasos. Às vezes chega até em partes ósseas, dependendo do quadro clínico e a indicação”, reforça Nicoloti. 

Medo de agulhas não é mais problema

Em média, as sessões de acupuntura usam entre 10 a 12 agulhas espalhadas em diferentes pontos. A quantidade varia conforme o diagnóstico do paciente, mas dificilmente chegam a um número muito alto, como 50 agulhas, segundo Vanessa Erthal, fisioterapeuta especialista em acupuntura.
O uso das agulhas, no entanto, é facultativo, visto que hoje há outras técnicas de estímulo, que fazem uso de laser ou sementes. “A acupuntura pode ser feita com vários estímulos, não só agulhas. O laser é muito usado e não traz essa questão de dor ou desconforto que o paciente pode sentir com a agulha. Na técnica com agulha, a sessão dura entre 40 minutos a uma hora. Com o laser, o tempo é menor, cerca de 30 minutos”, explica a fisioterapeuta.

Gestantes liberadas, com restrição

Embora o uso da acupuntura entre as gestantes possa ser liberado (dependendo da orientação médica), as mulheres precisam ficar atentas aos profissionais que buscam para a técnica. Isso porque existem alguns pontos que não devem ser estimulados durante a gravidez, sob risco de desencadear uma contração indesejada. Do contrário, a acupuntura pode colaborar na redução dos edemas, das dores na lombar e inclusive na ansiedade da mãe.
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