Saúde e Bem-Estar

Flávia Schiochet

Um dos adoçantes mais comuns no Brasil, sucralose pode causar problemas na tireoide

Flávia Schiochet
19/09/2018 10:00
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A sucralose é um dos adoçantes mais comuns na mesa do brasileiro. Foto: Rogério Machado/Arquivo Gazeta do Povo | GAZETA

Ao lado da garrafa térmica do café, lá está o frasco de líquido incolor: o adoçante. O mais comum deles é a sucralose, descoberta na década de 1970 durante testes feitos para entender a relação entre a estrutura da molécula e o gosto doce. Comparado com a sacarose (nome da molécula do açúcar de mesa), a sucralose tem o poder de adoçar de 400 a 600 vezes mais.
Para fazer o adoçante sucralose, as moléculas da sacarose (açúcar de mesa) passam por um processo de modificação: são inseridos átomos de cloro no lugar de alguns átomos de oxigênio. Assim, a molécula não é reconhecida pelo corpo como açúcar apesar de o gosto ser mais intenso. “A sucralose acaba sendo o mais indicado porque seu gosto residual é o mais próximo ao do açúcar”, explica Heloísa Riboli, nutricionista clínica funcional.
Apesar de popular, o uso frequente e por anos seguidos da sucralose não é recomendado pelos nutricionistas. “A troca por cloro faz com que o corpo não reconheça como fonte de energia e por isso não conta como caloria. Mas a molécula é degradada pelo organismo e o cloro fica circulando no organismo. Com o tempo e uso frequente, acaba se acumulando e pode causar problemas na tireoide”, diz Heloísa.

O que ocorre é que, com o acúmulo de cloro circulante no organismo, a absorção de iodo fica prejudicada, causando problemas no funcionamento da tireoide.

Trabalhar o paladar

Para quem tem diabetes, o uso de um adoçante zero caloria pode ser necessário. Mas para quem não tem nenhuma restrição para ingestão de carboidrato, a dica da nutricionista é trabalhar na reeducação alimentar. “Não tem tratamento mais eficaz do que retirar o doce excessivo da alimentação”, ensina.
Ela sugere começar diminuindo a intensidade do açúcar até atingir o mínimo possível ou mesmo eliminá-lo, como ao tomar café. “Defendo não usar adoçantes principalmente por ser viciante ao paladar e por causar problemas ao longo prazo. Se não é diabético e o paciente precisa de adoçante é porque seu paladar está altamente viciado em açúcar”, define.

Melhor não aquecer

Segundo um estudo publicado na revista Nature em 2016 pelo professor Rodrigo Ramos Catharino, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da Unicamp, junto dos pesquisadores Diogo Noin de Oliveira e Maico de Menezes, a sucralose se apresenta como um composto quimicamente instável quando aquecida.
Na amostra testada pelos pesquisadores, ao ser aquecida a partir de 98 graus C, a sucralose libera hidrocarbonetos policíclicos aromáticos clorados (HPACs), que são tóxicos e se acumulam no organismo, além de serem potencialmente cancerígenos. “Essa é uma temperatura muito próxima do café ou chá, então não é recomendável usar a sucralose para adoçar essas bebidas. Nem para cozinhar, porque aí as temperaturas são mais altas ainda”, alerta Heloísa.
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