Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo

Para diagnóstico mais preciso, homens podem fazer novo exame antes da biópsia da próstata

Amanda Milléo
14/11/2018 07:00
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Muitos pacientes chegam no consultório já "autodiagnosticados". Esse é o seu caso? Foto: Bigstock.

A rotina de exames para o diagnóstico do câncer de próstata está para mudar. Hoje, homens a partir dos 50 anos passam pelo exame de sangue que identifica o PSA (Antígeno Prostático Específico) e, em seguida, pelo exame do toque. Uma vez identificados sinais de alerta em ambos os exames, o paciente passa pela biópsia da próstata, que carrega riscos e nem sempre traz resultados úteis ao médico.
Feita às cegas, a biópsia é realizada com um aparelho inserido pelo canal do ânus e uma agulha, que perfura a próstata em diferentes lugares. Em cada perfuração, são retirados 12 pedaços do tamanho de uma cabeça de alfinete, com o objetivo de constatar se há ou não células cancerígenas por ali.

“Na medicina, só a urologia faz isso. Para o diagnóstico do câncer de mama, por exemplo, é feito um ultrassom, que mapeia o nódulo, e então é feita a biópsia no nódulo. Ninguém fecha o olho e faz uma biópsia na mama da mulher”, explica Wilson Busato, coordenador do departamento de uro-oncologia da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). 

Como a biópsia carrega riscos de infecções, e gera estresse entre os pacientes, urologistas e oncologistas do mundo têm discutido formas menos invasivas para o diagnóstico. A ideia é que, além do exame de sangue do PSA e do toque, um de imagem (a ressonância magnética multiparamétrica) passe a compor o rol de procedimentos de diagnóstico.

Assim, posterga-se a biópsia para casos em que ela é, de fato, necessária.  

“Não é um protocolo que cabe a todos os pacientes, mas muitos urologistas já fazem uso na prática clínica. Quando há suspeita do câncer, você pode fazer a ressonância da próstata, que mostrará se há ou não lesões. Não significa que é 100% de acerto, mas deixa médico e paciente mais tranquilos, e o médico avalia se a biópsia é mesmo necessária”, explica André Matos de Oliveira, médico urologista e coordenador do departamento de Urologia Oncológica do hospital São Vicente, em Curitiba.

Menos invasivo

O paciente cujo o exame de PSA conste elevado, mas com um exame de imagem que não apresente nenhuma área suspeita na próstata, pode ser beneficiado com essa mudança nas diretrizes. Estudos usando a ressonância magnética multiparamétrica entre os homens com a suspeita mostram que a biópsia pode ser evitada em 30% dos casos, conforme explica Wilson Busato, especialista da SBU.
Na Europa, a comunidade de urologia será a primeira no mundo a recomendar o uso da ressonância, e a expectativa é que outros países, como os Estados Unidos, e especialistas da América Latina sigam a mesma tendência.
“Por enquanto, os estudos estão mostrando que esse paciente, que deixou de fazer a biópsia porque a ressonância não mostrou nenhuma área suspeita, deve fazer um acompanhamento mais próximo nos próximos meses e anos. Isso garante uma segurança maior por parte do médico”, explica Busato.
Conforme explica André Matos de Oliveira, médico urologista, o exame de imagem também pode ser usado de forma intercalada — em um ano, exame de imagem, no seguinte, biópsia. Mas, isso depende ainda da situação financeira do paciente.

“Precisamos ter uma cautela ao dizer que o uso do exame cabe a todo mundo, porque embora alguns hospitais tenham acesso fácil à ressonância, essa não é uma realidade pelo país. É um arsenal a mais para ajudar no diagnóstico”, ressalta o especialista. 

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