Saúde e Bem-Estar

Mariana Ceccon, especial para a Gazeta do Povo

Brasileiros desenvolvem aparelho que promete aliviar as dores da fibromialgia

Mariana Ceccon, especial para a Gazeta do Povo
10/05/2019 07:00
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Foto: Divulgação/USP

Os pacientes que sofrem com as dores causadas pelas fibromialgia terão à disposição, a partir de agosto, um novo tratamento para aliviar os sintomas da doença.
Em vez de apelar para analgésicos, anti-inflamatórios e antidepressivos, os pacientes poderão ser submetidos a sessões em um aparelho de terapia fotodinâmica. Ele emite simultaneamente laser de baixa intensidade e ultrassom terapêutico.

As aplicações de luz são feitas diretamente nas palmas das mãos e duram menos de três minutos. Em dez sessões, o aparelho também promete tratar outras doenças como artrite e artrose, usado em outros membros do corpo.

O aparelho foi desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da Universidade de São Paulo (USP). O foco do grupo foi “atacar” a fibromialgia a partir da palma da mão, em vez dos pontos de dor espalhados pelo corpo.
A ideia surgiu após a revisão de artigos da área, que sugeriam que pacientes diagnosticados com a doença possuíam quantidade maior de neuroreceptores próximos aos vasos sanguíneos das mãos.
Após três anos de desenvolvimento, os pesquisadores conseguiram atender, em parceria com clínicas de São Carlos e a Santa Casa de Misericórdia da cidade, mais de 800 pessoas para comprovar a eficácia do produto. Outras mil pessoas aguardam na fila para serem atendidas e participarem do estudo como voluntárias.
“Essas pessoas já sofrem muito com os efeitos colaterais dos medicamentos usados para tratar dessas doenças. Então nossa intenção sempre foi fazer uma intervenção não medicamentosa, para não comprometer a qualidade de vida do paciente. Ainda mais pelo fato de que cada vez mais, pessoas em idades ativas, estão sendo diagnosticadas com esses males reumatológicos”, comentou o orientador do estudo, professor Vanderlei Salvador Bagnato.

Além da redução significativa da dor, os voluntários que se submeteram as sessões também relataram outras melhoras na qualidade de vida, como redução da sensação de cansaço, motivação para realização de atividades rotineiras e sono equilibrado.

“Para o tratamento de artrite e artrose o aparelho é três vezes mais eficaz do que os tratamentos disponíveis atualmente no mercado, inclusive medicamentosos. Já a fibromialgia é uma doença com diagnóstico mais complicado e outras variáveis entram nessa conta, como a questão psicológica”, pontuou o professor orientador.
Nos próximos meses, o professor diz que empresas patrocinadoras do projeto estarão trabalhando para que o aparelho seja distribuído em todo território nacional. “Inclusive, com profissionais treinando médicos e fisioterapeutas para o uso”, declarou Bagnato.
“Claro que no mercado o aparelho terá os custos de produção, distribuição, impostos. Mas não será um equipamento tão custoso que sua aquisição seja proibitiva para os profissionais da área. A intenção é que o aparelho chegue nas clínicas, barato o suficiente, para poder atender a população”, declarou.
Hoje, nas clínicas parceiras da universidade, os pacientes pagam o valor simbólico de R$ 40 por sessão. “Essa é uma combinação inédita do ultrassom, cujas ondas mecânicas chacoalham o tecido da região onde é aplicado, e do laser, que acelera o metabolismo. É a primeira vez que essas duas técnicas são usadas juntas.  Todo novo produto passa por uma série de testes para ser lançado no mercado, mas o mais importante é a segurança do estudo, que comprova sua eficácia. Isso nós já temos”, finaliza o professor.

Aparelho ainda em estudos

(Este conteúdo foi atualizado no dia 09 de setembro de 2019)
O aparelho que promete reduzir os sintomas da fibromialgia ainda não foi disponibilizado ao público geral porque está passando por ensaios finais, no aguardo da aprovação da Anvisa, conforme explicou o professor Vanderlei Salvador Bagnato, do Instituto de Física da USP, ao Viver Bem, por telefone.
Clínicas interessadas podem entrar em contato com o professor (por meio do e-mail vander@ifsc.usp.br) e participar do estudo. Desta forma, além de permitir o acesso da população ao equipamento, os resultados vão compor os dados do estudo como técnica experimental.
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