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Estudo comprova que prática de atividade física ajuda a reverter condição genética. Foto: Jenny Hill/Unsplash.
Estudo comprova que prática de atividade física ajuda a reverter condição genética. Foto: Jenny Hill/Unsplash. | Foto:

Doença cardíaca é comum em sua família? É muito provável que você consiga reduzir o risco de vir a ter uma doença ou morrer do coração se estiver em boa forma física.

Essas são as descobertas do maior estudo realizado até agora acerca das associações entre exercício, capacidade física e genética cardíaca.

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Os resultados também indicam que, apesar da herança genética, todos nós podemos nos beneficiar nos movimentando mais.

O papel da genética

Existe muito interesse hoje em dia na compreensão do que nossas variações genéticas podem dizer a respeito de saúde, carga genética e possíveis riscos futuros para uma ampla gama de enfermidades.

Pesquisadores começaram a utilizar a técnica dos estudos de associação genômica ampla para trazer à tona tais riscos. Basicamente, mapeiam o genoma completo da pessoa e conferem essa informação com dados de saúde para ver se pessoas com um fragmento de gene A também pode ter doença cardíaca, mal de Alzheimer, câncer de mama ou outra doença.

Coração

A doença cardíaca tem recebido atenção particular de pesquisadores genéticos, já que ela mata mais pessoas pelo mundo do que qualquer outra enfermidade. Nos últimos anos, geneticistas isolaram uma série de variações genéticas fortemente associadas com problemas cardíacos sérios e que podem ser identificadas através de exames.

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Contudo, dar às pessoas informação genética que sugere que seu coração está ameaçado sem também lhes oferecer formas possíveis de evitar tais ameaças parece insensível.

Felizmente, estudos passados deram a entender que o estilo de vida, incluindo alimentação e exercícios, pode reduzir até mesmo riscos fortes herdados para problemas cardíacos.

Todavia, muitos desses estudos examinaram uma gama ampla demais de questões de estilo de vida.

Força e fôlego

Para o novo estudo, publicado neste mês em “Circulation”, pesquisadores da Universidade Stanford e de outras instituições decidiram se concentrar especificamente no papel da boa forma física.

Prática regular de exercícios físicos é uma das medidas de tratamento. (Foto: Bigstock)
Prática regular de exercícios físicos é uma das medidas de tratamento. (Foto: Bigstock)

Como queriam incluir um grupo amplo e variado de pessoas no estudo, recorreram aos dados coletados no Reino Unido pelo U.K. Biobank, que armazenava informações de saúde sobre mais de 500 mil homens e mulheres com idades entre 40 e 69 anos quando a pesquisa teve início em 2006.

Todos os participantes deram amostras de sangue e saliva para exame genético, preencheram questionários complexos sobre exercícios e outros hábitos de saúde e, em alguns casos, suaram numa bicicleta ergométrica ou esteira, para depois utilizar um aparelho que quantificou a capacidade aeróbica e a força muscular. Alguns também utilizaram monitores de atividade durante uma semana para rastrear objetivamente o quanto se movimentavam.

Os pesquisadores se concentraram nos 482.702 homens e mulheres do estudo que não tinham doença cardíaca no começo, examinando geneticamente suas amostras de tecido, em busca de vários fragmentos de genes conhecidos por aumentar o risco cardíaco. Eles também os classificaram em três grupos, baseados em sua força e capacidade física.

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A seguir, verificaram se alguns deles desenvolveram doença cardíaca nos seis anos seguintes. Muitos passaram a ter o problema, segundo as fichas médicas, principalmente se tivessem alguma das variantes genéticas associadas a doenças cardíacas.

Bons resultados

Entretanto, os dados mostraram que o condicionamento físico mudou bastante o cálculo.

Os cientistas concluíram que homens e mulheres com a melhor capacidade aeróbica reduziram pela metade a probabilidade estatística de ter doença cardíaca, por mais problemático que fosse o perfil genético.

Em resumo, se as pessoas estivessem boa forma, apresentariam menor propensão a problemas cardíacos que alguém em pior condicionamento físico, ainda que os genes previssem uma enfermidade.

Ser forte também reduz o risco de doença cardíaca, ainda que não na mesma intensidade.

“O que isso nos diz é que é possível reduzir parte do risco cardíaco com condicionamento físico, por mais alto que o risco seja”, diz o dr. Erik Ingelsson, professor de Medicina de Stanford que supervisionou o estudo.

Exercícios moderados

O dado amigável é que a quantidade de condicionamento exigido não é grande. As pessoas no grupo de melhor capacidade física “não eram atletas”, diz Ingelsson. Elas realizavam atividades moderadas, como caminhar, segundo os questionários de atividade.

Relação entre atividade física para combater Alzheimer ganha nova comprovação científica.  Foto: Bigstock
Relação entre atividade física para combater Alzheimer ganha nova comprovação científica. Foto: Bigstock

Contudo, o estudo não pode nos dizer com exatidão o quanto precisamos nos exercitar para ter a melhor proteção contra doença cardíaca genética, porque o número de indivíduos que usou aparelhos para medir o condicionamento era pequeno demais para isso.

Além disso, é um estudo associativo, ou seja, mostra vínculos entre condicionamento melhor e menor risco de enfermidade. Porém, não pode demonstrar que uma coisa leva a outra.

Tríade complexa

De forma talvez mais intrigante, o estudo traz novos questionamentos sobre a complicada interação de genes, ambiente e estilo de vida. A exemplo do risco para doença cardíaca, a capacidade aeróbica e a força muscular também podem ser afetadas pela herança genética, diz Ingelsson, e determinadas variantes genéticas envolvidas na aptidão física podem alterar o funcionamento de outras variáveis que afetam o risco de doença cardíaca, e vice-versa, ainda antes de alguém dar uma caminhada vigorosa.

Dieta, tabagismo, peso e outros aspectos da saúde e estilo de vida também podem mudar como os genes afetam outros genes. Ingelsson e colegas vão se aprofundar em muitas dessas questões em futuros experimentos.

Agora, porém, para ter a melhor saúde cardíaca, “o estudo reforça o que já sabíamos, isto é, que devemos ser fisicamente ativos”.

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