Saúde e Bem-Estar

Rodrigo Batista, especial para a Gazeta do Povo

Produção do “hormônio do amor” pode ser aumentada com alimentos e atitudes

Rodrigo Batista, especial para a Gazeta do Povo
23/03/2019 07:00
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Atividades físicas, meditação ou até mesmo um trabalho voluntário que aumente a confiança e a sensação de bem-estar podem influenciar na produção e liberação da ocitocina. Foto: Bigstock

O hormônio do amor. É assim que a ocitocina, uma substância produzida pelo organismo humano, tem sido chamada pela comunidade médica.
A relação amorosa e afetiva aumenta os níveis do hormônio, em relação a quantidade normal que circula no organismo, o que aumenta a sensação de bem-estar. O mesmo vale para situações de sociabilidade e outros contatos afetuosos, como a relação entre mãe e filho.
A ocitocina é produzida pelo hipotálamo, perto do cérebro. Após sua produção, a substância é armazenada na hipófise superior, de onde é liberada para o organismo. Além de melhorar relações sociais e afetuosas, a ocitocina tem efeitos ligados ao prazer durante as relações sexuais.

Contato entre mãe e filho

Duas das principais funções da ocitocina, na mulher, ocorrem no momento do parto e na hora da amamentação, conforme explica a médica endocrinologista e professora da Universidade Positivo, Angela Regina Nazário.

“A primeira detecção da ocitocina é no momento do parto, porque ela faz a contração uterina. Esse hormônio também é responsável pela ejeção de leite materno e sucção por parte da criança. Observa-se que a ocitocina é importante para o aumento do vínculo afetivo entre mãe e criança”, explica.

Nomes de bebês mais escolhidos em 2018: confira! A ocitocina é importante para o aumento do vínculo afetivo entre mãe e criança.  (Foto: Bigstock)

Relações sociais e amorosas

Quando o indivíduo se relaciona com outras pessoas, a ocitocina também desempenha um papel importante, diz a professora curso de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Ana Cristina Almeida.

“Estudos recentes têm descrito a ocitocina como um ‘neuropeptídeo social’, sendo importante na formação de memórias sociais e comportamentos afetivos. Esse hormônio pode aumentar a confiança nos pacientes, fato que melhora substancialmente as relações interpessoais”, diz.

Ao iniciarmos um relacionamento amoroso, o hormônio age no organismo, estimulado pelo contato físico, um carinho ou um abraço. Segundo a professora da Universidade Positivo, “foi constatado em alguns estudos que a relação amorosa aumenta os níveis da ocitocina em até duas vezes o normal no início do relacionamento. Depois disso, os níveis ficam mais estáveis. Já o término da relação faz a quantidade cair”, afirma.
Da mesma forma, a professora da PUCPR ainda aponta os benefícios da ocitocina nas relações sexuais. “A ocitocina é encontrada em níveis plasmáticos elevados durante as relações sexuais, o que o relaciona ao prazer”, acrescenta Ana Cristina.

O que inibe a ocitocina

Estresse, pensamentos negativos, medo, ansiedade e sintomas relacionados a depressão diminuem o nível desse hormônio no organismo e, consequentemente, seus efeitos relacionados ao afeto e sociabilidade.
No organismo humano, o cortizol, hormônio produzido pelas glândulas supra-renais, causa os efeitos opostos ao da ocitocina, como o aumento da ansiedade. “É um hormônio relacionado com nossos ancestrais e ligado a reações de fuga em situações de perigo. Mas, quando em excesso, pode causar estresse e se tornar um problema”, diz a médica endocrinologista da Universidade Positivo.

Dá para “estimular” a produção do hormônio?

Alguns alimentos e atividades diárias podem ajudar na liberação da ocitocina. Conforme explica a médica nutróloga da Associação Brasileira de Nutrologia, Valeria Goulart, há uma miscelânea de ações possíveis para que a ocitocina e outros neurotransmissores, como endorfina e dopamina, possam ser liberados e causar sensações de bem-estar.

Entre os alimentos indicados pela médica estão leite, ovos, carne, peixes e frutos do mar. “Vegetais de folhas escuras também são importantes, pois possuem potássio, e são aliados no combate ao cansaço, como rúcula, agrião, brócolis e couve”, afirma. A médica também cita alimentos oleaginosos, como castanha, avelã e pistache.

Atividades físicas, meditação ou até mesmo um trabalho voluntário que aumente a confiança e a sensação de bem-estar podem influenciar na produção e liberação da ocitocina. Entretanto, a nutróloga alerta: para que isso aconteça, a pessoa precisa se interessar pela atividade. “Para produzir o hormônio, a pessoa precisa estar relaxada. Se não tiver condutas prazerosas, não conseguirá esse objetivo”, explica.
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