Saúde e Bem-Estar

Cecília Aimée Brandão, especial para a Gazeta do Povo

Alta inteligência e dificuldade na interação social: os sintomas do autismo leve

Cecília Aimée Brandão, especial para a Gazeta do Povo
11/06/2019 08:00
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No autismo leve o indivíduo pode ter um rendimento intelectual e alta funcionalidade. Foto: Bigstock.

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) afeta cerca de 1% da população, com prevalência maior no sexo masculino. Suas características são consequência de um transtorno do neurodesenvolvimento, marcadas por padrões de comportamento repetitivo e dificuldade de interação social.

No entanto, cada caso de autismo tem um nível de intensidade, hoje classificados como leve, moderado e grave. Aquele que causa mais dúvidas na população, justamente por permitir que a pessoa tenha uma vida mais próxima da normalidade, é o diagnóstico de autismo leve.

“Nos casos de autismo leve, a linguagem verbal está presente, mas com algumas peculiaridades, como a dificuldade para iniciar ou manter uma conversa

de forma natural, a entonação inadequada e a tendência de entenderem tudo ao pé da letra. Os gestos e expressões faciais também são limitados e pode ser extremamente difícil compreender emoções e sentimentos de terceiros. O comportamento é repetitivo, com algumas manias ou tiques, e rituais muito rígidos que, quando não realizados, trazem grande sofrimento ao paciente”, explica a neuropediatra da Paraná Clínicas, Mayara de Rezende Machado.

O nível de autismo leve engloba pessoas que podem ter um rendimento intelectual e alta funcionalidade, “esse grupo possui capacidades e habilidades que permitem trabalhar, estudar e formar uma família”, conta o médico Roberto Hirochi Herai, doutor em Genética e Biologia Molecular e pesquisador do Instituto Lico Kaesemodel – Projeto Eu Digo X.
É normal a oscilação nas dificuldades de comunicação e nos padrões de comportamento, que tendem a melhorar com o tratamento adequado ao longo dos anos. “Os pacientes aprendem a criar seus próprios mecanismos para lidar com as dificuldades que podem surgir”, conta a neuropediatra.

Diagnóstico

O diagnóstico de autismo é baseado em dois grupos de sintomas: o primeiro envolve a comunicação social e, o segundo, as alterações comportamentais.

“Quando falamos em comunicação social não incluímos somente a linguagem verbal, mas também a capacidade de se comunicar por gestos, olhares, expressões faciais, além de conseguir manter relações interpessoais, ou seja, demonstrar interesse por outras crianças e ser capaz de manter essas interações”, explica a neuropediatra.

Já em relação ao comportamento, é comum que tenham alguns que não são usuais para a idade, como crianças pequenas que gostam de organizar os brinquedos de uma determinada forma, ou interesses muito específicos, como em dinossauros e aviões, ou até mesmo comer sempre a mesma coisa todos os dias. “Também é frequente que queiram seguir uma rotina já estabelecida”, explica a neuropediatra.
A popularização do  MMS aconteceu a partir de 2013, quando uma mãe, também norte-americana, lançou um livro contando como havia praticamente anulado todos os sinais severos de autismo de seu filho, seguindo um protocolo de sete passos. Foto: Bigstock
A popularização do MMS aconteceu a partir de 2013, quando uma mãe, também norte-americana, lançou um livro contando como havia praticamente anulado todos os sinais severos de autismo de seu filho, seguindo um protocolo de sete passos. Foto: Bigstock
O diagnóstico pode ser demorado, pois depende do comportamento da criança, que se torna mais aparente por volta dos 18 meses de idade. “Nos primeiros anos de vida já é possível perceber algumas dessas características. Mas, à medida que aumenta a demanda social (frequentar escolinha, brincadeiras em grupo ou participar de festinhas), os sintomas ficam mais claros e fáceis de serem percebidos”, completa a médica Mayara.

“Complementarmente, é importante fazer um diagnóstico genético para confirmar as suspeitas clínicas, pois ele pode ser confundido com outras condições de deficiência intelectual com déficits de interação social”, recomenda Herai.

Para o tratamento do autismo leve, a neuropediatra explica que os medicamentos servem como suporte em casos específicos, como alterações de comportamento que tragam prejuízo nas atividades escolares, atrapalhem na realização de terapias ou causem algum sofrimento para o paciente. “Cada caso é um caso e deve ser discutido com a família.
Mas o foco é no tratamento precoce com terapias de psicologia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e outras”, conclui.
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