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Medindo 32 centímetros e pesando apenas 670 gramas, a pequena Julia Dal Santos Cosechen nasceu durante a 26ª semana de gestação devido a complicações na gravidez. Assim como ela, um número significativo de bebês nasce antes do tempo no Brasil. De acordo com a pesquisa Nascer no Brasil: inquérito nacional sobre parto e nascimento, realizada pela Fiocruz em 2016, 11,5% dos nascimentos no país são prematuros. Destes, pouco mais de 30% são prematuros extremos, como Julia.

Todos esses bebês precisam de cuidados especiais logo após o nascimento, por isso são encaminhados a UTIs Neonatais. Quando vão para casa, mesmo que não tenham nenhuma complicação da prematuridade, os pequenos ainda precisam de uma atenção diferenciada. “Durante muito tempo, a Julia não recebeu visitas e, sempre que chegávamos em casa, lavávamos as mãos e passávamos álcool. Tínhamos medo que ela ficasse doente”, conta a mãe de Julia, Angela Dal Santos.

A pequena Julia já está com três anos | Foto: Arquivo pessoal
A pequena Julia já está com três anos | Foto: Arquivo pessoal

No caso de Julia, que teve quase todo seu intestino delgado removido devido a uma enterocolite necrosante, que ocorre em prematuros, a preocupação era maior. Ainda assim, conforme especialistas, bebês que nascem antes do tempo não devem receber visitas pelo menos até que suas vacinas estejam em dia.

“O grande problema do prematuro é que ele recebeu parcialmente as imunoglobulinas da mãe, porque o maior aporte de defesas do organismo acontece nas últimas quatro semanas de gestação. Então eles nascem com a imunidade muito baixa”, explica a pediatra e chefe da UTI Neonatal do Hospital Pequeno Príncipe, Silmara Possas.

Isso significa também que os passeios com os pequenos devem ser evitados. “Já na primeira consulta com o pediatra os pais recebem a orientação de que não devem ir a locais com aglomerações, como mercado, igreja, etc”, diz a pediatra da UTI Neonatal do Hospital Nossa Senhora das Graças Cristina Cardozo.

Vacinas e vitaminas

Para garantir que os bebês fiquem com a imunidade em dia, eles começam a ser vacinados ainda na UTI. Contudo, a ordem da vacinação é um pouco diferente da de bebês nascidos a termo. “A primeira vacina que toda criança recebe é a da tuberculose (BCG). Porém, enquanto o bebê está internado, ele não pode receber essa vacina, porque ela é ativa e pode ser um risco para os outros pacientes da UTI”, explica Silmara.

Outra diferença é que, para prematuros, a vacina contra hepatite B é ministrada em duas doses, para garantir a eficácia. Além disso, os que nascem com menos de 31 semanas ou têm doenças cardíacas recebem injeções contra o vírus sincicial respiratório, que provoca diversas infecções no trato respiratório. “A Julia teve que tomar durante seis meses no primeiro inverno dela e seis meses no segundo também”, lembra Angela.

Eles precisam ainda complementar o ferro e a vitamina D, para evitar anemia e problemas ósseos.

Peso e especialistas

A primeira consulta com o pediatra acontece 7 dias após a alta e estabelece o ritmo das próximas consultas, já que o ganho de peso do bebê deve ser acompanhado de perto. Enquanto para um prematuro, as consultas podem ser semanais, uma criança nascida a termo visita seu pediatra pela primeira vez 7 dias após a alta e depois retorna mês a mês.

De acordo com as especialistas, o leite materno também é a melhor alimentação para o prematuro. Contudo, o estresse da internação pode levar as mães a não produzirem leite ou produzirem um volume insuficiente para alimentar o bebê. “Nesses casos, eles saem com uma dieta de leite materno associado a uma fórmula para complementar”, diz Cristina.

A médica afirma ainda que é importante que as mães não se sintam culpadas por isso, pois é parte do processo. Outro ponto importante é que as mamadas devem acontecer em um intervalo máximo de três horas para que os bebês não “hibernem”, já que eles dormem muito.

Além de visitar o pediatra, o prematuro provavelmente passará por outros especialistas, para verificar se a prematuridade não afetou o funcionamento de alguns órgãos. Comumemente, eles são encaminhados a oftalmologistas, cardiologistas e neurologistas, além de realizarem exames diferentes dos bebês nascidos a termo.

“O teste do olhinho é repetido várias vezes pelo risco do tratamento com oxigênio levar a uma cegueira no futuro. Também fazemos avaliação auditiva e exames de imagem da cabeça ao longo do primeiro ano”, explica Silmara.

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