Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo

Bioimpedância funciona? Saiba mais sobre o teste que individualiza treinos

Amanda Milléo
12/08/2019 08:00
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A corrente elétrica passa pelos líquidos intra e extracelulares e, a partir da facilidade na condução, o aparelho determina o quanto há de massa muscular, gorda e total, além de verificar a quantidade de gordura e de água. Foto: Bigstock.

Ver o quanto antes os resultados da academia é a esperança de muita gente. Mesmo sabendo que as mudanças vêm com algum tempo de treino, saber exatamente o quanto se tem de gordura, músculos e água no organismo – através do exame de bioimpedância – ajuda a individualizar as séries de exercícios e a trazer as mudanças esperadas mais rapidamente.
Utilizando uma corrente elétrica leve, a avaliação da composição corporal conhecida também por impedância bioelétrica é uma das mais confiáveis e fáceis de serem realizadas em academias de ginástica.
O aluno não sente nada, visto que a corrente é imperceptível, mas os oito pontos do corpo ligados ao aparelho “traduzem” o que as ondas encontram pelo caminho.
A corrente elétrica passa pelos líquidos intra e extracelulares e, a partir da facilidade na condução, o aparelho determina o quanto há de massa muscular, gorda e total, além de verificar a quantidade de gordura e de água.

“O exame não analisa apenas a gordura sob a pele. Analisa também a gordura visceral, mais interna no organismo. Isso o diferencia do aparelho das dobras, por exemplo, que é muito utilizado nas academias, mas que analisa apenas a gordura que está embaixo da pele”, comenta o professor de educação física e mestre em Exercício e Saúde pela Universidade de Lisboa, Carlos Klostermann.

Facilidade
O aparelho apresenta os dados em até 40 segundos e oferece o valor do metabolismo em repouso (quantas calorias a pessoa gasta em repouso), além da razão cintura X quadril.
Alguns aparelhos chegam a estimar a quantidade de calorias recomendadas por dia, quantas calorias aquele indivíduo gasta em 30 minutos de diferentes exercícios e até a quantidade de gordura existente em cada parte do corpo – parte superior e inferior, direita e esquerda.

Na prática Com os dados de porcentual de gordura do aluno em mãos, o professor da academia consegue montar uma série individualizada. Se houver excesso de peso indicado pela bioimpedância, isso significa que o aluno tem baixa atividade aeróbica e o padrão de força também está comprometido. “Com isso, priorizo o trabalho aeróbico ou intercalo com trabalho de força”, exemplifica o  especialista em Ciências do Esporte, Sidney Cavalcante da Silva.

Exercitar-se de forma errada pode impedir os benefícios para saúde e até causar lesões. Foto: Bigstock
Exercitar-se de forma errada pode impedir os benefícios para saúde e até causar lesões. Foto: Bigstock

Análise

O principal objetivo da avaliação de bioimpedância é determinar a quantidade de gordura corporal. Porém, se a avaliação for feita a partir de oito pontos, os resultados vão além:
• Composição: verifica o peso total, a massa muscular esquelética e a massa gorda. Além disso, apresenta números de referência, com base na altura, idade e gênero.
• Obesidade: analisa-se a massa muscular e a esquelética, sem gordura; o porcentual de gordura corporal; a taxa metabólica basal – quantas calorias a pessoa gasta mesmo em repouso e, por fim, a relação da cintura X quadril. Os resultados do teste em relação ao metabolismo ficam próximos daqueles apresentados por outras formas de avaliação como a densitometria ou a calorimetria direta.
• Gordura segmentada: a partir de uma divisão do corpo em quatro partes, o aparelho de bioimpedância tetrapolar identifica onde há mais gordura e mais músculos. Até 500 gramas de diferença, a variação não é significativa. Acima disso, pode ser indicado um trabalho mais efetivo em alguma parte do corpo ou, até mesmo, sessões de fisioterapia.

Exercícios ideais para perder mais A bioimpedância avalia a quantidade de calorias gastas em 30 minutos de diversos exercícios, facilitando a montagem da série pelo professor. As dicas vão desde flexões a corridas, jogos de basquete, futebol e até mesmo golfe. Outro dado é a sugestão de calorias diárias que podem ser consumidas pelo aluno, ajudando o nutricionista na hora de montar o cardápio.

Critérios

Por ter a água corporal como o condutor da corrente elétrica na avaliação, o exame deve levar em consideração a hidratação e a temperatura do organismo
Interferências
A perda de água através do suor resultante de um exercício prévio ou a restrição voluntária de líquidos reduzem a estimativa do porcentual de gordura, como explica Gleisson Brito, professor do Instituto de Ciências da Vida e Natureza da Unila.

“Seguindo os protocolos antes do exame, o resultado é parecido com os dos métodos de dobras cutâneas e densitometria óssea”, comenta Carlos Klostermann, professor de educação física. O erro padrão comum de avaliações é de 4%, segundo ele.

Orientações
Para evitar alterações nos fluidos do organismo antes da avaliação, os professores orientam a estar em jejum de 4 horas; não ter consumido bebida alcoólica e produtos a base de cafeína 24 horas antes; e não ter ingerido muita água 12 horas antes. Mulheres não podem estar na fase pré-menstrual, pois retém muitos líquidos neste período.
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