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Cabeça inclinada ao usar smartphone pode gerar pressão de 30 kg

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27/08/2019 08:00
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À medida em que vamos dobrando o pescoço e fazendo uma curva, o ângulo aumenta e a pressão exercida ao chegar em 30 graus será de 18 quilos. Aos 60 graus, chega em 30 quilos. Foto: Bigstock.

A dor gerada pela má postura ao manusear smartphones já atinge, porcentualmente, mais brasileiros do que a média da população mundial.
Os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) estimam que 37% da população nacional está sujeita a essas dores, 2% acima da média mundial. As informações são da Agência Brasil.
O uso em má posição do celular faz com que a pessoa flexione o pescoço, elevando o peso “carregado” pela região.

“Quando ficamos em uma posição neutra de zero graus, é exercida uma força de cinco quilos. À medida em que vamos dobrando o pescoço e fazendo uma curva, o ângulo aumenta e a pressão exercida ao chegar em 30 graus será de 18 quilos. Aos 60 graus, chega em 30 quilos”, destaca a ortopedista do Grupo Notredrame Intermédica, Liége Mentz-Rosano.

“Essas lesões causadas pelo uso excessivo do celular podem levar à degeneração do disco, que vai formando uma barriga, que nada mais é do que a hérnia de disco. Essas hérnias podem resultar na compressão dos nervos, ocasionando perda de força, formigamento braços, artrose precoce nas pessoas mais jovens, degeneração não só no disco, mas na parte óssea”, disse Liége.

Muitas vezes as lesões da cervical podem levar o indivíduo a sentir dores fortes de cabeça, sem associar os fatos.
“Ele não sabe que é do pescoço. Temos inclusive, visto um aumento grande na incidência de pessoas mais jovens, adolescentes, jovens adultos e até crianças que relatam dor no pescoço e dores de cabeça por causa da lesão”, fala Liège.

Prevenção

Além de manter a postura correta ao manusear o celular, levando-o a uma posição neutra em que se consiga olhar discretamente para baixo, utilizar apoios, ou transferir os aplicativos possíveis para o computador, é preciso fazer exercícios de fortalecimento e alongamento de uma a mais vezes por dia.

“Quando fortalecemos a musculatura anterior e posterior, fortalecemos as estruturas do pescoço. Isso protege e ajuda na correção postural”, fala Liège.

Há diferentes métodos de imagem para avaliar a saúde da coluna cervical. O primeiro é uma radiografia simples da região, exame simples pelo qual é possível avaliar as estruturas ósseas e ver sinais que podem sugerir problemas no disco intervertebral.
O segundo é uma tomografia computadorizada, que tem a maior capacidade de avaliação das estruturas ósseas.
O terceiro é a ressonância magnética, que é a que tem melhor capacidade de avaliação de danos nos discos interverterias (hérnias principalmente), podendo avaliar eventuais compressões nervosas e da medula com maior precisão que outros métodos.

“Nos três exames, o médico radiologista avalia as alterações presentes ou não, correlacionando com os dados clínicos informados pelo médico solicitante ou pelo próprio paciente, e fornece uma descrição detalhada dos achados de imagem que poderão nortear o tratamento e manejo clínico ou cirúrgico do paciente”, explica o responsável técnico de hospital Anderson Benine Belezia.

Smartphones demais

Segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), os celulares ativos já somam 230 milhões no Brasil, um crescimento de 10 milhões em comparação com 2018 . Há mais dispositivos digitais do que habitantes no país, uma média de dois smartphones, notebooks, computadores ou tablets por habitante.
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