Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo

Fator de risco mais importante para câncer de próstata é o mais fácil de identificar

Amanda Milléo
01/11/2017 17:40
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(Foto: Bigstock)

Homens a partir dos 45 anos cujo pai, avô, tio ou qualquer parente mais próximo recebeu o diagnóstico de câncer de próstata precisam buscar o médico urologista com urgência. Isso porque a causa hereditária da doença é o fator de risco mais importante para o desenvolvimento do tumor na próstata.
Embora o sedentarismo, a obesidade e o tabagismo sejam fatores de risco conhecidos para vários tipos de câncer, inclusive o de próstata, o histórico familiar é tão importante (ao lado da descendência negra) que até mesmo a idade para os exames de investigação da doença começam mais cedo.
Nos homens em geral, os exames do antígeno-prostático específico (PSA) e o exame do toque têm início aos 50 anos. Entre aqueles com a doença na família, a avaliação deve começar aos 45 anos de idade.
O ideal, de acordo com Jônatas Luiz Pereira, uro-oncologista do hospital Erasto Gaertner, é que, no caso de história da doença na família, o homem busque o médico pelo menos 10 anos da idade em que o familiar recebeu o diagnóstico. “Por exemplo, se o pai recebeu o diagnóstico com 52 anos, o filho deveria buscar o urologista aos 42. Essa precaução seria prudente”, explica o especialista.
Os exames que compõem o diagnóstico do câncer de próstata consistem no PSA, feito a partir da coleta de sangue, como um exame de sangue tradicional; e o do toque – ainda muito temido pelos homens. Em uma pesquisa divulgada em julho deste ano pela DataFolha e o laboratório Bayer, 33% dos curitibanos disseram que não achavam que o exame do toque era “coisa de homem”.
Todos os exames devem ser refeitos anualmente, a partir dos 45 anos, ou até mais frequentemente. Isso porque o câncer de próstata não gera nenhum sintoma nas fases iniciais da doença.
“Curitiba é uma população muito restrita e que não representa a maior parte do Brasil, mas aqui a gente percebe um aumento na procura dos homens pelos médicos especialistas, e eles têm ido cada vez mais cedo ao urologista. Já recebi paciente com 35 anos que queriam saber se precisavam se preocupar com algo”, relata Pereira.
Novidades no tratamento
O histórico familiar também tem influenciado as inovações tecnológicas no tratamento do câncer de próstata:
“Há estudos que mostram como o uso de ferramentas genéticas, chamadas de ferramentas moleculares, ajudam a definir melhor o risco do paciente. Há ainda novos marcadores, chamados de biomarcadores, que tratam diretamente a doença, afetando a alteração molecular que ela causa e não a pessoa como um todo. Todo paciente deveria fazer o exame genético para verificar os medicamentos mais adequados a sua alteração”, explica Evanius Garcia Wiermann, médico oncologista clínico e chefe do serviço de oncologia do hospital VITA.
A evolução no tratamento faz com que os resultados sejam mais rápidos e direcionados. “Antigamente se usava o mesmo remédio para todo mundo, agora não. Dependendo do tipo de perfil genético ou da alteração biomolecular, posso usar esse ou aquele medicamento específico”, reforça Wiermann.
Novidades para poucos
A cada 4 homens diagnosticados com o câncer de próstata, apenas 1 terá acesso às novidades nos tratamentos, conforme ressalta Evanius Wiermann, médico oncologista clínico. “Nada disso está disponível no Sistema Único de Saúde, nem mesmo o rastreamento pelo PSA. Isso é o mais grave hoje. Todas as inovações e tecnologias estão disponíveis a uma parte muito pequena da população, que pode pagar pelos medicamentos. Às vezes nem o plano de saúde cobre”, reforça o especialista.
Wiermann cita o lançamento, em 2017, de uma radioterapia direcionada, que o paciente recebe a medicação na veia e custa cerca de R$ 20 mil por aplicação. “Convênios não aceitam e o SUS também não. Ou seja, tivemos várias novidades, mas todas restritas a uma parcela pequena da população”, desabafa.
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