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Cigarro eletrônico pode ter causado doença misteriosa no pulmão de jovens

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20/08/2019 13:00
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Casos de sintomas graves no pulmão chamam atenção de órgão de controle de doenças dos Estados Unidos para o risco do cigarro eletrônico. Foto: Bigstock.

Nos últimos dois meses (junho a agosto de 2019), os norte-americanos registraram 94 casos de doenças pulmonares severas associadas ao uso de cigarro eletrônico em 14 estados. Dos sintomas mais comuns, as vítimas apresentam tosse, falta de ar e fadiga, e todas têm idades entre os 17 e 35 anos.
Os especialistas do Centro para Controle de Doenças (CDC, em inglês) dos Estados Unidos não acreditam que a causa desses sintomas seja alguma doença infecciosa, mas talvez pelo uso do equipamento. No último fim de semana, o CDC anunciou o início de uma investigação sobre as doenças identificadas entre os jovens e se é possível associá-las aos e-cigars.
“Embora alguns casos em cada estado sejam similares e aparentemente pareçam estar ligados ao uso do cigarro eletrônico, são necessárias mais informações para determinar o que está causando essas doenças”, alerta o órgão no site.

A moda dos cigarros eletrônicos

O ato de “vaporar” ou to vape, em inglês, se tornou bastante popular entre os adolescentes e jovens adultos norte-americanos, que contam com livre acesso a esses produtos. A totalidade dos prejuízos à saúde, porém, ainda é desconhecida, mesmo entre os especialistas.
Criados como uma solução a quem deseja parar de fumar os cigarros tradicionais, os cigarros eletrônicos são oferecidos em uma variedade de “sabores” de nicotina líquida, que vão da menta ao donut com chocolate — o que explica a atração do público adolescente. Há ainda quem misture maconha e outras drogas aos aparelhos.

No Brasil, a Anvisa proíbe, desde 2009, a comercialização, importação e propaganda dos dispositivos, acessórios e refis destinados aos cigarros eletrônicos. Entre 2017 e 2019, a Agência retirou do ar 727 anúncios relativos à venda desse tipo de dispositivo eletrônico, voltados ao fumo. 

A ideia de que a água presente nesses aparelhos serviria de filtro é completamente errada, conforme explicou o  pneumologista Jonatas Reichert ao Viver Bem em uma matéria especial sobre os cigarros eletrônicos e narguilés.
Reichert, que faz parte da Comissão de Tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia, diz: “A maioria usa com nicotina, pois se fosse só inalar água, não teria graça. Mas muitos acreditam que a água presente nesses aparelhos de alguma forma filtra as substâncias nocivas, o que é um absurdo. Se você imaginar que nosso corpo só é totalmente formado aos 25 anos de idade, calcule quanta agressividade um adolescente está causando a si mesmo usando esses produtos. Isso terá consequências lá na frente, sem dúvidas.”
Com relação ao narguilé, embora não haja proibição da venda e uso no Brasil, não se trata de um produto isento de risco. De acordo com dados do Ministério da Saúde, com base em um parecer da Organização Mundial da Saúde (OMS), uma sessão de narguilé entre 20 a 80 minutos corresponde à exposição de componentes tóxicos presentes na fumaça de 100 cigarros.
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