Saúde e Bem-Estar

Hannah Natanson, The Washington Post

Cinco atitudes que prometem reduzir 60% o risco de desenvolver Alzheimer

Hannah Natanson, The Washington Post
22/07/2019 15:00
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A exposição à poluição gera efeitos no cérebro semelhantes ao da doença de Alzheimer, com redução da memória devido a um encolhimento da região do cérebro responsável por essa função. (Foto: Bigstock)

Novo estudo sugere uma lista de tarefas para quem deseja prevenir a demência ou Alzheimer:
  • Abandone a carne vermelha;

  • Faça caminhadas intensas pelo bairro;

  • Preencha palavras-cruzada;

  • Abandone o cigarro;

  • Reduza o álcool a apenas uma taça de vinho no jantar. 

Um estudo divulgado durante a conferência da Associação Internacional de Alzheimer, realizado em Los Angeles nos Estados Unidos, descobriu que combinar esses cinco hábitos de vida — incluindo uma alimentação saudável, exercícios regulares e redução do cigarro — pode reduzir o risco de desenvolvimento do Alzheimer em 60%. Outro estudo mostrou que as escolhas dos hábitos de vida pode diminuir o risco mesmo entre aqueles que estão geneticamente predispostos a desenvolver a doença.
Realizado pela Rush University Medical Center de Chicago, a pesquisa rastreou 2.765 indivíduos durante uma década. Todos os participantes eram adultos idosos que faziam parte de dois projetos sobre envelhecimento nos Estados Unidos: Chicago Health and Aging Project (CHAP) e Rush Memory and Aging Project (MAP).
Financiados pelo governo federal, ambos são estudos observacionais de longo prazo, que examinam o declínio mental entre os idosos moradores da cidade de Chicago.

Impacto das escolhas de vida

Ao longo da última década, houve um crescimento nos estudos que viam o estilo de vida (fatores, portanto, controláveis pela população) como um componente crítico na redução do risco de um declínio cognitivo.

Pesquisadores reforçam que, assim como com as doenças cardíacas, para combater a demência será necessário, muito provavelmente, uma abordagem que combine o uso de medicamentos com mudanças de hábitos. 

E, diante do cenário em que os esforços recentes em desenvolver uma cura do Alzheimer, ou mesmo tratamentos mais efetivos, se mostraram decepcionantes, o fato de que as pessoas possam ter algum tipo de controle na prevenção da doença é uma notícia animadora.
Embora os autores do estudo esperavam ver uma redução no risco da demência, eles foram inundados pela “magnitude do efeito”, de acordo com Klodian Dhana, co-autor do estudo e professor da Rush University.
Segundo Heather Snyder, diretora-médica sênior e operadora científica da Associação do Alzheimer, o estudo demonstra o potencial do comportamento na redução do risco conforme envelhecemos. “O fato de que quatro ou cinco hábitos de estilo de vida colocados juntos possa ter esse tipo de benefício para o nosso cérebro é incrivelmente poderoso”, diz.
Os exercícios auxiliam a dormir melhor, o que é crucial para a regulagem do sistema nervoso, e pode ter efeitos positivos sobre a autoestima e confiança. Foto: Bigstock.
Os exercícios auxiliam a dormir melhor, o que é crucial para a regulagem do sistema nervoso, e pode ter efeitos positivos sobre a autoestima e confiança. Foto: Bigstock.

O que foi analisado

A equipe da Universidade de Rush avaliou os estilos de vida dos participantes a partir de cinco parâmetros:
  • Dieta;
  • Exercícios;
  • Cigarro;
  • Álcool;
  • Atividades que estimulam o cognitivo.
Cada participante recebeu uma nota a partir dessas métricas, sendo ‘1’ para comportamentos saudáveis e ‘0’ para não saudáveis. Por exemplo, os participantes que tinham uma dieta de alta qualidade comiam uma quantidade maior e mais frequente de vegetais, nozes, frutas, grãos integrais, frutos do mar e evitavam carne vermelha, manteiga, queijos, doces e alimentos fritos — esses ganhavam a nota ‘1’.
A mesma nota era dada a quem se exercitava pelo menos 150 minutos por semana, seja por bicicleta, caminhada, natação, jardinagem ou fazendo alguma atividade física mais intensa.
Pessoas que não fumassem, que tomavam apenas uma taça de vinho por dia, e regularmente (duas a três vezes na semana) fizessem atividades que estimulassem a mente (ler um jornal, visitar a biblioteca ou jogando jogos como xadrez e damas), essas também ganhavam a nota ‘1’.
Depois de avaliar os números, Dhana e seus colegas descobriram que as pessoas com uma pontuação de 4 ou 5 (o que significa que elas tinham quatro ou cinco comportamentos considerados saudáveis durante o período de estudo) eram 60% menos predispostas a desenvolver Alzheimer. O dado era comparado com os participantes que pontuaram 0 ou 1, e os resultados não variavam conforme a raça ou gênero.
A média de idade dos participantes era de 73 anos no projeto CHAP e 81 no MAP. A população estudada incluía homens e mulheres, negros e brancos não hispânicos.

Alzheimer: o que fazer?

Cerca de 50 milhões de pessoas têm demência ao redor do mundo, e o número deve ser o triplo até 2050, de acordo com dados do World Alzheimer Report de 2018. O custo global da demência (uma das características do Alzheimer, mas não apenas) foi estimado em US$ 1 trilhão em 2018. A expectativa é que o valor dobre até 2030.
Se você não conseguir adotar todos os cinco hábitos de vida estudados, favoreça pelo menos um ou dois deles. Qualquer mudança é benéfica, diz o co-autor do estudo, Klodian Dhana. Os pesquisadores descobriram que se a pessoa tiver pelo menos um hábito saudável, o risco de desenvolvimento do Alzheimer cai 27%.
Se for preciso escolher, siga a sugestão de Dhana: “Meu maior conselho é encorajar as pessoas mais velhas a consumir mais vegetais verdes folhosos, substituir a carne vermelha por aves e evitar o máximo que puder as frituras”, diz ele, que completa: “E também caminhar mais e ler livros!”.
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