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Acidentes com águas-vivas não são graves no Paraná e em Santa Catarina, segundo pesquisador (Foto: Daniel Castellano / Gazeta do Povo)
Acidentes com águas-vivas não são graves no Paraná e em Santa Catarina, segundo pesquisador (Foto: Daniel Castellano / Gazeta do Povo)| Foto: Daniel Castellano / AGP

A sensação de ardência e dor intensa duram cerca de meia hora depois do contato com a água-viva no mar. O tempo pode até ser menor se a pessoa fizer rapidamente a limpeza do local com água salgada gelada (ou quente) e compressas de vinagre em seguida.

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Alerta: água doce, mineral não deve ser usada e nem qualquer outra substância, como urina (o famoso xixi), pasta de dente, refrigerante ou areia! Fazer uso desses artifícios pode piorar a lesão na pele.

A água doce faz com que as células fiquem mais ‘abertas‘, resultado do processo de osmose – quando há fluxo da substância de uma solução pouco concentrada (no caso, a água) a uma solução mais concentrada (a pele). “As águas-vivas vivem na água salgada, que é o ambiente comum a elas. O uso da água salgada para fazer a primeira lavada minimiza o envenenamento no local, aliviando a dor“, explica a bióloga Tânia Portella Costa, chefe da Divisão de Vigilância de Zoonoses e Intoxicações da Secretaria de Saúde do Paraná.

Da mesma forma, o vinagre ajuda na neutralização do veneno da água-viva e é importante que a pessoa faça, em seguida, um repouso. Também é aconselhável que não se use panos secos, conforme explica Ramon Cavalcantti Ceschim, médico do Centro de Controle de Envenenamentos da Secretaria de Saúde do Paraná. “O esfregar pode provocar a liberação de mais veneno dos tentáculos que porventura ainda estiverem na pele. Por isso é importante retirar todos os tentáculos”, diz.

É grave?

Na maior parte dos casos, acima de 95% das vezes, os acidentes com águas-vivas no Paraná e em Santa Catarina não são graves, de acordo com informações do médico dermatologista Vidal Haddad Junior, professor da Faculdade de Medicina de Botucatu (UNESP), pesquisador há mais de 30 anos de acidentes com animais aquáticos.

“A espécie de água-viva que vive nestas regiões não causa acidentes graves. Provocam marcas vermelhas, dói e às vezes até surgem bolhas, mas não é nada complicado e a questão se resolve na hora“, diz.

Destes acidentes, é comum que em 24 horas a lesão e os sintomas desapareçam. Se houver enjoo, febre e tontura, podem indicar lesões mais graves, bem como cefaleia ou dor de cabeça, mal estar, vômito e até mesmo arritmia cardíaca. Nestes casos, é importante buscar um médico para monitorar os sintomas.

“No posto de saúde, a pessoa pode receber corticoides tópicos ou sistêmicos e anti-histamínicos. O uso desses medicamentos depende do estado da pessoa, que também pode sentir vertigem, tontura“, afirma o médico dermatologista Luiz Carlos Pereira, professor do curso de medicina da PUCPR.

Caso não se apresentem nas primeiras 24 horas, esses sintomas raramente aparecerão depois. “Não para de doer para depois doer de novo”, explica o pesquisador Haddad Junior.

A gravidade dos sintomas se deve a sensibilidade da pessoa à toxicidade da água-viva ou mesmo se área de exposição ao veneno tiver sido maior. Neste caso, crianças e idosos estão são mais susceptíveis e merecem uma atenção maior.

Já limpei, e agora?

Depois de lavada a pele com a água salgada e vinagre, é hora de descansar. Confira quais são os cuidados principais para a melhora do ferimento, de acordo com informações da bióloga Tânia Portella Costa; Luiz Carlos Pereira, médico dermatologista; Ramon Cavalcanti Ceschim, médico do Centro de Controle de Envenenamentos; e Vidal Haddad Junior, médico dermatologista e pesquisador em animais aquáticos:

– Evite a exposição ao sol. Prefira ficar sob o guarda-sol ou em locais de sombra até que os sintomas aliviem;

– Evite entrar na água novamente para não ter um novo contato com a água-viva. Nos dias seguintes, sempre busque junto ao corpo de bombeiros ou salva-vidas qual área é mais segura para o banho de mar;

– Procure ficar em casa por três a quatro dias até a recuperação completa da lesão. Expor a pele ao sol pode causar manchas;

– Quando entrar na água, evite ir muito ao fundo no mar. As águas-vivas podem até estar nas áreas mais rasas, mas são mais comuns nas áreas mais fundas;

– Não encoste na água-viva mesmo se ela estiver na areia da praia e parecer morta. Mesmo parada na areia, ela pode liberar a toxina e causar um acidente.

Outras dúvidas:

Posso passar protetor solar na pele?

Por ser uma ferida aberta, não é interessante passar nenhum produto químico, como os protetores solares. Faça uma proteção do sol de forma física, através de uma roupa com fotoproteção, por exemplo. Se puder, evite qualquer exposição ao sol.

Qual remédio posso tomar?

Não há contra-indicação em tomar medicamentos de controle da dor, como analgésicos, mas a recomendação médica é que essa medicação não seja tomada sob o sol, com risco de causar reações na pele. Prefira a sombra da praia ou volte à casa de veraneio para o descanso apropriado.

Preciso passar pomada no local?

Apenas com a indicação médica. Algumas pomadas com corticoides podem ajudar a melhora dos sintomas, mas antes de passar qualquer tipo de medicamento, prefira as orientações mais básicas: água salgada e vinagre.

Vai deixar marcas?

Depende muito da profundidade da lesão, mas ferimentos superficiais não deixam marca na pele e desaparecem em poucos dias. “Se houver uma formação de bolha, que infecciona, pode deixar algumas marcas, mas depende muito da intensidade do quadro”, explica o médico dermatologista Luiz Carlos Pereira.

6 mil casos de acidentes com águas-vivas foram registrados neste verão no litoral do Paraná, até o dia 6 de janeiro, de acordo com informações da Divisão de Vigilância de Zoonoses e Intoxicações da Secretaria de Saúde do Paraná.

“Esse é um número esperado, pois é o período de maior quantidade de pessoas circulando na água, no litoral. A água-viva que circula por ali é um animal da nossa fauna. Acompanhamos desde outubro a sua circulação e em dezembro tínhamos animais a 30 km da região litorânea, bem distante. Com a mudança da maré e dos ventos, eles adentram”, explica Tânia Costa, bióloga da Divisão.

Tem dúvidas?

Em caso de dúvidas, entre em contato com o Centro de Intoxicações da Secretaria Estadual de Saúde pelo 0800 410 148.

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