Gratuitas, pesquisas clínicas são alternativas para tratamentos contra o câncer

Medicamentos e tratamentos contra o câncer não são baratos, principalmente se o plano de saúde não cobrir e se o Sistema Único de Saúde (SUS) não for uma opção. Existe, no entanto, uma alternativa que nem sempre é lembrada por médicos e pacientes. As pesquisas clínicas, ao contrário do que o senso comum possa imaginar, não transformam ninguém em cobaia, bem pelo contrário. Ou as pessoas recebem o tratamento de ponta, o último a ser estudado no país e no mundo, ou recebem o tratamento tradicional. Com o benefício de ser tudo de graça.

Ter acesso aos estudos, porém, nem sempre é fácil. O primeiro passo, de acordo com informações da Luciana Holtz de Camargo Barros, psicóloga e fundadora do Instituto Oncoguia, de São Paulo, é sempre conversar com o médico oncologista. “Dificilmente o assunto da pesquisa clínica vai surgir enquanto o paciente ainda tiver um tratamento tradicional para fazer. Quando essas opções se encerram, o assunto deveria vir do próprio oncologista, mas nada impede que o próprio paciente busque essas informações e corra atrás a qualquer momento do tratamento”, explica a psicóloga especialista em psico-oncologia e bioética, durante um evento sobre oncologista para jornalistas da América Latina, promovido pela farmacêutica Bayer.

Para fazer esse caminho sozinho, existem sites que podem ajudar. O primeiro deles, para pacientes que leem em inglês, é o ClinicalTrials.gov, que lista todas as pesquisas clínicas em andamento no mundo. Para achar os estudos, há a opção de uma busca mais simples e uma aprofundada. Basta incluir os termos que deseja pesquisar, como por exemplo: “câncer de mama” e “Brasil” para encontrar os estudos abertos ou concluídos no país. “Se o paciente não conseguir entender o que cada estudo pede, quais são os requisitos, ele pode levar o que encontrar ao seu médico e pedir pela avaliação do oncologista”, completa Luciana.

Outro site, desta vez em português, é a própria página do Instituto Oncoguia. Dentro da aba de “Tratamentos”, há um espaço que lista todos os protocolos de pesquisas clínicas abertas no Brasil para diferentes tipos de cânceres. Da mesma forma, o Instituto Vencer o Câncer também disponibiliza uma plataforma de pesquisa para os estudos de câncer em aberto. A pesquisa pode ser feita pela aba de “Protocolos”.

“A pesquisa clínica é uma oportunidade para o paciente ter acesso ao tratamento padrão ou até mesmo melhor, sem custo. O Brasil deveria fomentar mais a pesquisa, principalmente no ambiente público, em que o acesso às drogas mais caras e inovadoras é mais difícil”, reforça Antonio Buzaid, médico oncologista, membro do Comitê Executivo do Centro Oncológico Israelita Albert Einstein e diretor do Centro Oncológico Antonio Ermírio de Moraes do hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo.

*A jornalista viajou à convite da Bayer.