Saúde e Bem-Estar

Rafael Adamowski especial para a Gazeta do Povo

Como saber se terei a mesma doença que os meus pais?

Rafael Adamowski especial para a Gazeta do Povo
01/03/2018 12:00
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No caso da calvície, o fator genético é o principal para o surgimento do problema. Foto: Bigstock.

A maioria das doenças crônicas apresenta alguma alteração relacionada à genética do paciente, mas fatores ambientais também contribuem para seus desenvolvimentos. Debater o assunto é complexo,  até mesmo para os profissionais. 
Calvície, suor excessivo e miopia, por exemplo, integram um grupo de condições multifatoriais, ou seja, causadas por diversos fatores. Nestas três existe um fundo genético, mas que não são totalmente determinantes, também envolvendo questões ambientais. Cada caso possui peculiaridades e o acompanhamento médico define a melhor forma de ter uma vida normal, mesmo com alguma doença crônica.

Saiba mais sobre cada uma das doenças:

Calvície
Existem pessoas com um grau maior ou menor de calvície. A herança genética é a principal responsável neste caso, mas outros fatores também contribuem para o seu desenvolvimento. De acordo com estudos existem de 280 a 300 regiões genômicas relacionadas com a calvície. Além dessa complexidade genética, fatores hormonais podem deixar homens calvos, com mais ou menos intensidade. Doenças e medicações também podem desencadear a condição.
Obesidade
Grupo de Estudos e Pesquisa em Psicologia e Obesidade fará debate neste sábado. Foto: Pixabay.
Grupo de Estudos e Pesquisa em Psicologia e Obesidade fará debate neste sábado. Foto: Pixabay.
A genética é um fator determinante para a ocorrência da obesidade, mas também envolve interferência do estilo de vida. Estudos com genomas apontam que 75% dos casos têm transmissibilidade de pai para filhos. Portanto, a chance de os filhos herdarem dos pais é grande. Porém, no caso da obesidade, o componente ambiental pode ser ainda mais importante.  E, mesmo com a predisposição genética, comer adequadamente e fazer exercícios físicos ajuda a prevenir seu surgimento.
Hiperidrose
Denomina a doença que tem como característica o suor excessivo em determinadas áreas do corpo, como mãos, axilas, face, couro cabeludo, virilhas e pés. Quando os níveis de suor são elevados, geralmente, tem origem genética; O estresse costuma ser um desencadeador das crises; além dos impactos físicos, a doença também causa impacto psicológico e social (a pessoa pode evitar relacionamentos e outras atitudes simples, como cumprimentar alguém, por conta do problema). 
Miopia
Foto: Pixabay
Foto: Pixabay
A questão genética é bastante importante, mas fatores ambientais também colaboram com seu aparecimento. Algumas pessoas têm a chamada alto miopia que exige um grau maior de lentes (geralmente, acima de seis graus). Nesse caso, o componente genético é mais importante do que o estilo de vida. Já a miopia tem muito a ver com o ambiente: estima-se que até 2020, 2,5 bilhões de pessoas tenham o problema.  Exposição a monitores digitais e leitura por muitas horas são alguns dos motivos. 
Diabetes tipo 1
Variações genéticas predispõem ao desenvolvimento da diabete tipo 1: a doença é autoimune, ou seja, surge pelo ataque do próprio sistema imunológico (de 5 a 10% dos portadores). Mas mesmo nesse caso também existem fatores ambientais, como a exposição a toxinas e o consumo de certos alimentos antes da idade indicada pelos pediatras.
Diabete tipo 2
Fator determinante é o ambiental: envolve a questão de alimentação e exercícios. No entanto, também tem o fator genético. Estudos indicam que 40% das pessoas que desenvolvem o diabete tipo 2 têm os pais acometidos pela doença.

De geração para geração?

Você já deve ter ouvido falar sobre a possibilidade de um filho não herdar a doença do pai, mas ela surgir nos seus netos. Os médicos explicam que os fenótipos são complexos e dependem de vários genes, aliados a fatores externos. O filho de um diabético pode ter herdado uma parcela dos genes, mas não o suficiente para gerar diabete. Já o neto do diabético pode ter uma somatória de genes que pode desencadear a doença.
Fontes: Salmo Raskin, médico geneticista na Genetika – Centro de Aconselhamento e Laboratório de Genética. Gustavo Dissenha, endocrinologista no hospital Marcelino Champagnat e Nina Amália Brancia Pagnan, professora de genética humana nos cursos de odontologia, fisioterapia e disciplinas optativas da biomedicina na Universidade Federal do Paraná (UFPR).
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