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Vacina contra febre amarela pode ser o futuro da prevenção contra o Zika vírus

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27/03/2019 19:38
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Pesquisadores brasileiros descobrem que vacina contra a febre amarela também pode ter ação contra o Zika vírus (Foto: Valdecir Galor/SMCS) | Valdecir Galor

A busca por uma vacina que combata o vírus da Zika tem mobilizado pesquisadores do mundo todo. Em 2016, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou que as desordens neurológicas e as microcefalias associadas à infecção eram consideradas emergências de Saúde Pública de interesse internacional, e que as comunidades científicas deveriam priorizar pesquisas que levassem à prevenção contra o vírus.
Diante do desafio, pesquisadores brasileiros da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) encontraram uma solução ainda mais prática. Como a estrutura biológica do vírus da Zika se assemelha a da vírus da febre amarela (por ser causado por micro-organismos da mesma família, os Flavivírus), os cientistas acreditaram que, talvez, a vacina contra um também favorecesse o combate ao outro — e eles estão, até o momento, certos.

“Apesar da limitação da vacina contra a febre amarela em induzir a produção de anticorpos e neutralizar as atividades contra o Zika vírus, nós percebemos que a imunização contra a febre amarela preveniu o comprometimento neurológico induzido pela inoculação intracerebral do vírus em adultos. Embora tenhamos usado duas doses da vacina no nosso protocolo, uma única dose se mostrou protetiva, reduzindo a carga viral no cérebro”, pontuam os pesquisadores no estudo, publicado no fim de março na plataforma digital BioRxiv.  

O estudo foi desenvolvido em camundongos e ainda deverá ser revisado por pares, para então ser publicado em periódicos científicos conhecidos, cujo trâmite pode ser demorado.
Para se chegar aos resultados, os camundongos foram divididos em dois grupos: animais saudáveis e animais com a imunidade comprometida, que estariam mais susceptíveis à infecção pelo Zika. Dentro de ambos os grupos, uma parte dos camundongos recebeu a vacina contra a febre amarela, e outra parte recebeu uma solução salina. Em seguida, todos receberam injeções do vírus Zika nos cérebros, para simular a infecção com alta letalidade.
Identificado pela primeira vez no Brasil em 2015, o Zika é um vírus transmitido pelos mosquitos Aedes aegypti, o mesmo transmissor da dengue. Embora não traga sintomas para a maioria dos infectados, as pessoas em contato com a doença podem apresentar os seguintes sinais, de acordo com informações do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos Bio-manguinhos, da Fiocruz:
    • Dor de cabeça;
    • Febre baixa;
    • Dores leves nas articulações;
    • Manchas vermelhas na pele;
    • Coceira;
    • Vermelhidão nos olhos;
    • Inchaço no corpo;
    • Dor de garganta;
    • Tosse;
    • Vômitos.
Em geral, os sintomas tendem a desaparecer entre três a sete dias, mas as dores nas articulações podem permanecer por um mês.
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