“Foi começar a praticar a corrida, que o joelho passou a doer“. A frase não é incomum e muitas pessoas podem se identificar com essa situação, mas a relação não está correta, conforme um novo estudo, divulgado no fim do ano passado em um jornal científico europeu de Fisiologia Aplicada. Correr pode ser benéfico para a saúde das articulações dos joelhos, porque modifica o ambiente bioquímico e permite um movimento mais suave no caminhar.
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O estudo verificou a saúde dos joelhos de 15 corredores, de até 30 anos, sem história de lesão no joelho ou artrite. Os voluntários passavam por exames de sangue e retiravam uma pequena quantidade de fluído sinovial, lubrificante que reduz a fricção nas articulações, que poderia indicar doenças, como a artrite. Embora a pesquisa tenha tido poucos participantes, os resultados foram consistentes, pois em quase todos os casos os joelhos dos corredores tiveram um nível muito menor de células que contribuem para inflamações no fluído sinovial.
“A corrida pode ter um aumento na incidência de problemas de joelho porque algumas pessoas podem ter algum problema que está silenciado. Quando o joelho passa a ser usado de forma mais frequente, esses problemas se manifestam”, explica Marcelo Leitão, médico cardiologista e especialista em Medicina do Esporte do Instituto de Joelho e Ombro de Curitiba.
Se a corrida não interfere nas inflamações e no desenvolvimento de doenças, como a artrite, nas articulações dos joelhos como se imaginava, o que influencia? O sedentarismo. “O estudo descobriu que a inatividade é o fator realmente antifisiológico e correr não é necessariamente algo ruim. O nosso organismo não foi feito para ficar parado. As nossas estruturas foram feitas para se movimentar. Inatividade física predispõe às doenças nas articulações”, explica o médico.
Exames antes da corrida
A pessoa que tenha alguma doença articular, mas que não saiba, se fizer um exercício inapropriado pode sentir dor. Para evitar, é preciso verificar com exames, antes da prática física.
De acordo com o médico, uma avaliação das articulações é capaz de identificar alguma predisposição no joelho, tornozelo, quadril e até na coluna. “Enfatiza-se muito a questão cardiovascular, quando se fala em exercício, mas a avaliação para a prática de esporte também deve conter e compor uma avaliação osteoarticular”, diz Leitão, citando o teste da pisada e o grau de mobilidade articular como dois dos exames.
