Saúde e Bem-Estar

Carolina Furquim, Especial para a Gazeta do Povo

Seu filho não cresce? Veja o exame que determina idade óssea da criança

Carolina Furquim, Especial para a Gazeta do Povo
26/08/2019 17:00
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A maturidade esquelética acontece quando as cartilagens de crescimento se transformam em ossos. De modo geral, nos meninos isso acontece perto dos 16 anos de idade e, nas meninas, dos 14 anos. Foto: Bigstock.

Preocupação comum nos consultórios pediátricos, a altura final de uma criança é determinada com base em diferentes fatores, sendo a genética o mais preponderante deles.

A maturidade esquelética acontece quando as cartilagens de crescimento se transformam em ossos. De modo geral, nos meninos isso acontece perto dos 16 anos de idade e, nas meninas, dos 14 anos.

A radiografia de mãos e punhos, que determina a idade óssea da criança, consiste na comparação da radiografia da criança com outras contidas em um atlas mundialmente reconhecido pela medicina, o Greulich & Pyle.
Nesta referência constam dados coletados durante anos de estudos, com diferentes padrões para cada sexo.

O radiologista deve comparar todos os ossos da mão com as imagens de diferentes idades disponibilizadas no atlas, de acordo com o sexo. Quando o médico encontrar no atlas o padrão ao qual se assemelha a radiografia examinada, será determinada a idade óssea.

No total, são 28 centros de ossificação que passam pela inspeção visual do médico, em dezenas de pranchas radiográficas com padrões dispostos em diferentes intervalos até 18 anos para o sexo masculino e 19 para o sexo feminino.

Quando buscar ajuda
Os pais costumam observar que algo não vai bem com o crescimento da criança quando ela está nos primeiros anos da vida escolar e existe a comparação com os colegas da mesma idade, ou quando as roupas permanecem na mesma numeração no período de um ano.
Uma vez no consultório médico, é realizada uma avaliação clínica que se complementa com a radiografia de mãos e punhos. Ambos os exames ajudam na determinação do prognóstico de crescimento da criança.
Entre as causas mais comuns de falha de crescimento estão a desnutrição por alimentação inadequada, verminoses e enfermidades crônicas como asma e doença celíaca.
Se houver preocupação com o crescimento do filho ou da filha, a estatura da criança deve ser comparada com o padrão genético da família, utilizando para isso a altura dos pais. Com a confirmação de que a criança está fora da curva, ela deve ser investigada.

Causas hormonais são mais raras e correspondem a apenas 5 em cada 100 casos de atraso de crescimento. Identificado o problema e tendo início um tratamento preciso, muitos casos têm boa resposta e é possível recuperar os centímetros perdidos.

Mãos e punhos
A radiografia de mãos e punhos é o exame mais avançado e assertivo para determinar se a idade óssea da criança é compatível com sua idade cronológica. Se identificado algum atraso ou adiantamento (menos frequente), o endocrinologista deve investigar o motivo.
Entre as causas estão a hereditariedade, questões nutritivas, doenças pediátricas crônicas e hormonais.
Quero ser grande
Uma das mais conhecidas terapias para acelerar o crescimento de crianças é feita com a versão sintética do GH, o hormônio do crescimento produzido naturalmente pelo organismo. Entretanto, nem todos os casos de baixa estatura são candidatos ao tratamento.
Exame de ossos ajuda a determinar se idade óssea da criança é compatível com a idade e se ela pode crescer mais. Foto: Bigstock.
Exame de ossos ajuda a determinar se idade óssea da criança é compatível com a idade e se ela pode crescer mais. Foto: Bigstock.
Se a criança tem baixa estatura, mas tem boa saúde e está com a idade óssea normal, o tratamento hormonal não é recomendado. Nesse caso, o ganho é ínfimo ou inexistente.

Por ser um tratamento custoso e longo, realizado pelo período mínimo de um ano, pode acabar frustrando expectativas. Pacientes saudáveis em busca de determinado padrão estético não respondem à terapia.

A indicação formal do GH, prevista em protocolo do Ministério da Saúde, costuma acontecer em casos de deficiência detectada na produção natural do hormônio, doenças como insuficiência renal crônica e Síndrome de Turner – uma rara condição genética que afeta somente indivíduos do sexo feminino –, e crianças que nasceram pequenas ou com baixo peso, sem a devida recuperação ao longo dos anos.

Quando há uma baixa estatura muito acentuada, mas sem indicação formal para a terapia com GH, é preciso investigar também o funcionamento da tireoide, levando à reposição hormonal, se necessário.

Crianças com desenvolvimento sexual precoce, que faz reduzir o crescimento normal em razão da maturação óssea, podem ser submetidas a terapias de atraso de puberdade para continuar crescendo, ainda que com efeitos indesejados, como ganho de peso e ondas de calor.
Fontes: Paulo Brunato, médico radiologista especialista pela Unicamp; Geraldo Miranda Graça Filho e Gabriela de Carvalho Kraemer, endocrinologistas pediátricos. 
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