Saúde e Bem-Estar

Roger Pereira, especial para a Gazeta do Povo

Pais estão tirando a gordura do prato dos filhos. Isto é um grande erro!

Roger Pereira, especial para a Gazeta do Povo
29/05/2019 08:00
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Asian Chinese little girl eating fried chicken at indoor restaurant

Se você por algum motivo excluiu ou diminuiu drasticamente a gordura da sua alimentação – ainda que estudos recentes demonstrem a importância da gordura boa para o funcionamento do organismo – cuidado ao reproduzir esse comportamento com seus filhos.
Médicos e nutricionistas alertam que, além de não ser eficiente, uma dieta com restrição de algum grupo alimentar pode ser extremamente prejudicial ao desenvolvimento das crianças. No caso das gorduras, há risco de prejuízos de crescimento, imunológicos e, até neurológicos para os pequenos.

“Vemos que tem diminuído essa neurose grave que foi instalada nos últimos 50 anos de medo da ingestão da gordura. Isso foi algo da própria medicina, que a apontou como grande vilã para epidemias como hipertensão e obesidade”, aponta o médico pediatra Aristides Schier da Cruz, responsável pelo ambulatório de gastroenterologia pediátrica do Hospital Evangélico de Curitiba.

O especialista reforça que a gordura não tem efeito maléfico e afirma que não é possível o desenvolvimento sem que, no mínimo, 35% da energia ingerida seja proveniente da gordura. É obrigatório na dieta humana”, destaca.
Quando a gordura é retirada ou diminuída da rotina alimentar de uma criança, as consequências da falta dos ácidos graxos essenciais podem ser graves, com prejuízos para o sistema imunológico, para a integridade da pele e o comprometimento da visão.

Além de essencial para o funcionamento do organismo, a gordura também funciona como engrenagem para a queima calórica, para a produção de energia e para o desenvolvimento do sistema nervoso central. “O leite materno é rico em gordura e isso tem um motivo”, observa.

Bainha de mielina

É nos primeiros anos de vida que o sistema neurológico humano passa pela fase de mielinização – formação da bainha de mielina nos axônios dos neurônios, uma camada de gordura que isola a membrana celular do neurônio, que terá a função de conduzir o impulso nervoso.
“A criança tem que comer alimentos com gordura, tem que comer carne e molhos. Ela está na fase da mielinização e isso não acontece sem a gordura”, disse Cruz.
Até os três anos de idade, o bebê desenvolve a capacidade de andar, a fala e a visão. E isso pode ser comprometido se faltar esse grupo alimentar em seu cardápio.
“Quando uma mãe oferece ao seu filho uma dieta pobre em gordura, ela está comprometendo o desenvolvimento neurológico da criança. Ela não terá energia para o funcionamento do corpo, além de comprometer funções estruturais. Por isso, leite desnatado para uma criança pequena, nem pensar”, reforça o médico.
A nutricionista Christiane Vitola lembra, ainda, que algumas vitaminas só são absorvidas se houver gordura no organismo.

“Nós precisamos de gordura. Já caíram por terra muitos tabus. As gorduras são necessárias. A gente precisa absorver, por exemplo, as vitaminas lipossolúveis e, se não tiver gordura, eu não absorvo, por exemplo, vitamina A e vitamina D. Esse terrorismo nutricional, quando restringe qualquer grupo alimentar, é muito ruim. E gordura é essencial para o funcionamento cerebral, para a fabricação de hormônios. E ainda mais na criança, que está se desenvolvendo, a privação é muito prejudicial”, diz.

Entre os “lipídios do bem”, os profissionais citam alimentos como abacate, salmão, ovo e oleaginosas (nozes, avelãs, amêndoas, castanhas, macadâmias, pistaches, entre outras).

O que incluir:

Azeite de oliva
Castanhas e outras oleaginosas
Manteiga
Abacate
Peixes
Óleo de coco
Queijos
Iogurte integral

O que evitar:

Alimentos light
Leite desnatado
Produtos muito industrializados
Iogurtes zero gordura
Margarina
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