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Pesquisas não conseguiram associar com certeza a influência do açúcar no TDAH. Foto: Michael Nunes/Unsplash.
Pesquisas não conseguiram associar com certeza a influência do açúcar no TDAH. Foto: Michael Nunes/Unsplash.| Foto:

Pesquisadores bem que tentaram associar o consumo de açúcares, processados e industrializados com o agravamento dos sintomas, ou mesmo a origem, do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) — cuja prevalência mundial é de 5% a 7%, de acordo com o Instituto de ADHD (Attention Deficit Disorder Association). A relação com o doce, porém, não existe, de acordo com os especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo, embasados na literatura médica.

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“Estudos que comparavam a dieta mediterrânea com uma dieta com consumo diário do que não é considerado saudável, como junk food; outros tentaram estabelecer a relação da alimentação inclusive como a gênese do transtorno, ou se existiria uma melhora, especialmente nos sintomas da hiperatividade. Mas nenhum comprovou os efeitos positivos em grupos grandes”, explica Caroline Magnabosco, médica neuropediatra do hospital INC.

Foto: Patrick Fore/Unsplash.
Foto: Patrick Fore/Unsplash.

A influência de certos alimentos no foco da atenção existe, de acordo com Antônio Carlos de Farias, médico neurologista pediatra do hospital Pequeno Príncipe, mas não em um nível que possa interferir, positivamente ou não, no tratamento do transtorno – e nem atuar como a causa do problema.

Sem comprovações

“O açúcar como um agente que piora a atenção: não temos evidência científica disso. Na minha tese de doutorado identifiquei que as crianças que consumiam alimentos com excesso de manganês, como soja, pioravam o déficit de atenção. Mas não era o agente causador da doença”, reforça Farias.

A falta de uma associação direta entre alimentação saudável e o controle dos sintomas de atenção e hiperatividade não é nenhum impeditivo para os médicos recomendarem refeições mais naturais às crianças. “Evitar doces, balas, produtos ultraprocessados e adotar hábitos de vida mais saudáveis, ter uma boa rotina de sono e exercícios físicos são itens incluídos no tratamento comportamental do transtorno”, explica Magnabosco.

A terapia cognitiva comportamental é, inclusive, a primeira escolha de tratamento ao TDAH – antes, principalmente, de qualquer opção medicamentosa. “Adaptação na escola e acompanhamento psicopedagógico são as primeiras medidas a serem instituídas. Inclusive, a criança só recebe o diagnóstico de TDAH se ficar comprovada a dificuldade no aprendizado. Se mesmo com o tratamento, que envolve a escola também, a criança estiver aquém do que deveria, só então é considerado o tratamento medicamentoso”, reforça a neuropediatra.

Segundo ela, é importante ficar atento para o diagnóstico: existem outros problemas que podem parecer sintomas. “Crianças com seis, sete anos, são muito sensíveis ao ambiente e isso reflete no comportamento. Muitas vezes os pais chegam com o diagnóstico pronto, sugerido pelo professor, pela escola, e nem sempre é isso. Na maioria das vezes, inclusive, não é TDAH”, salienta a médica.

Ritalina

Devido ao aumento nos diagnósticos de TDAH, e consequente consumo da substância metilfenidato, cujo nome comercial mais conhecido é a Ritalina, o Ministério da Saúde recomendou, em 2015, restrição no uso do medicamento. Em 10 anos, o Brasil detectou um aumento de 775% no consumo desse remédio, usado principalmente por crianças e adolescentes.

Atualmente, a Ritalina é indicada apenas no tratamento de dois casos: TDAH e narcolepsia. Do contrário, o Ministério não reconhece o uso como seguro ou eficaz.

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